O mundo circense faz do bizarro espetáculo e, mais do que um ato de auto-bullying lucrativo, como parece ser, é também uma mensagem por parte das pessoas com problemas físicos, psicológicos e culturais: essas pessoas não têm vergonha da suas individualidades, e, rejeitadas no mercado de trabalho convencional, a maneira que encontram para sobreviver é ao mesmo tempo trágica e mágica. Afinal, com certeza deve ser uma aventura viver uma vida de atração de circo, mas ser relegado unicamente a essa opção com certeza também não deve ser muito libertador.
Por isso, a maior parte dessas personalidades ocupou seu tempo livre fazendo o que muita gente “normal” não faz: adquirindo cultura e aprendendo a falar vários idiomas, tocar instrumentos e até mesmo pintar retratos da realeza, ainda que sem mãos para isso. Se não entendeu, confira as histórias abaixo e surpreenda-se com esse peculiares e únicos espécimes humanos:
Hopp, o garoto sapo
Samuel Parks nasceu em 1874 com uma doença chamada “osteogensis imperfecta”, que afeta os ossos, deixando-os incrivelmente frágeis – tipo a do Mr. Glass, do filme “Corpo Fechado”. Mas, no caso de Parks, o problema não era a fragilidade, e sim ossos retorcidos, que o faziam parecer um sapo quando agachado. Foi casado duas vezes, mas sua vida amorosa foi marcada por tragédias, como a morte de seu filho, e posteriormente se casou com uma mulher conhecida como “A anã de Connecticut”.
Krao, o elo perdido de Darwin
Essa garota tinha bochechas grandes (para armazenar comida), um rabo vestigial, cabelo pelo corpo inteiro e outras feições que a faziam o “elo perdido” na teoria de Darwin, ou seja, o ponto de transição entre humanos e macacos. Krao começou a se apresentar com 7 anos e excursionou com vários circos. Não se sabe muito sobre a história de sua família, mas é sabido que eram todos como ela, ou seja, ela não era uma anomalia ou caso único.
Krao morreu ainda na juventude, em decorrência de uma gripe, mas aprendeu a ler quando adolescente, falava cinco línguas e tocava piano. Por isso, era mais do que uma simples atração visual, surpreendendo até mesmo cientistas e pessoas sérias, que viam nela a explicação para a evolução.
O garoto tartaruga
George Williams tinha apenas 17 kgs e 45 cm de altura, com ossos retorcidos, que faziam suas mãos parecerem barbatanas. Sofria da condição de displasia parastremática, que afeta os ossos e gera tal aparência. Nos cartazes, era retratado até mesmo com um casco de tartaruga, o que não era realista.
Apesar dos problemas físicos, Williams tocava diversos instrumentos e tinha uma ótima voz, além de ser um bom jogador de bilhar (desde que seu rival deixasse ele andar sobre a mesa).
Baby Ruth
Nascida em 1904, não queria de modo algum seguir a carreira de sua mãe, uma mulher-gorda do circo. Entretanto, esse pareceu ser seu destino, já que pesava 180 kg quando saiu do ensino médio, e tentou seguir uma carreira secretarial, que não deu muito certo. A decisão dela foi se unir ao mesmo circo que sua mãe participava, e chegou a superar a sua mãe, chegando aos 317 kg quando se casou, e continuava ganhando 18 kgs por ano.
Uma história curiosa acerca dela foi uma vez que precisou de um caminhão de piano para ser transportada até sua casa em Indiana, e, quando entrou no apartamento, quebrou o chão da sala. Morreu em 1942, depois de ser anestesiada e morrer asfixiada no próprio vômito, quando ninguém conseguiu movê-la.
Os irmãos Tocci
Giacomo e Giovanni Tocci, nascidos em 1877 e os gêmeos siameses mais velhos de acordo com o Guinness, chegando aos 63 anos de idade, uma idade excepcional para siameses. Tinham apenas um par de pernas, mas estômago, pulmões, coração, um sistema respiratório e circulatório separados, o que talvez explique sua longevidade. Quando um ficava doente, o outro poderia permanecer saudável. O mesmo se aplicava para drogas, já que um deles gostava de cerveja e o outro preferia água.
Enquanto os pais da(s) criança(s) ficaram chocados com a aparência dos filhos, os donos de circos e produtores de shows viam uma oportunidade econômica ímpar no “produto”, que era apresentado como “o garoto de duas cabeças”. Tinham dificuldades para ficar em pé, mas falavam várias linguagens e gostavam de música, e, apesar de se darem bem, já houve episódios em que discussões terminaram com trocas de socos.
As crianças astecas
Maximo e Bartola apresentavam-se em Nova York, em torno de 1850, como irmãos perdidos da sociedade Asteca. Chegaram a ser até mesmo convidados pessoais do presidente Millard Fillmore. Os dois tinham uma aparência símia e a inteligência de uma criança, sendo comparados até mesmo a cachorros, intelectualmente.
Apesar disso, os irmão sofriam de microcefalia, o que pode ser observado pela pequena dimensão de seus crânios. Mais tarde, um médico os “roubou” afirmando que iria curá-los, mas na verdade continuou fazendo tours com eles, apresentando-os inclusive como casados (apesar de serem irmãos?!).
Sra. General Tom Thumb
Casada com Tom Thumb (“Tom Dedão”), um dos anões mais famosos do ramo dos shows de esquisitices, essa mulher tinha apenas 81 cm de altura e pesava apenas 13 kg. Nasceu em 1841, e casou-se com Thumb em 1863 – não se sabe até que ponto por uma jogada de marketing ou por amor real, mesmo que se apresentassem às vezes com “seu bebê”.
A mulher Circassiana
Derivada de um mito, que fala sobre mulheres perfeitas, com as características raciais mais delicadas e belas já vistas, ou seja, um supra-sumo da bela feminilidade mítica das mulheres.
Esse mito, das mulheres “Circassianas”, foi em parte atribuído ao patrão de Zalumma Agra, que a vendia como “A estrela do Oriente” e única representante da tal “espécie” de mulheres citada – que logo foi copiada por diversos outros circos e tornou-se famosa mundialmente.
Sarah Biffin, a retratista
Nasceu em 1784, com pernas vestigiais e sem braços. Apesar disso, com oito anos já costurava e escrevia sozinha, sendo altamente independente e segurando a caneta na boca. Com 13, abandonou a família para participar de um circo viajante, no qual inicialmente mostrava apenas como realizava suas tarefas diárias. Então o dono do circo decidiu que ela deveria aprender a pintar, e, quando tentou, começou a produzir obras que eram praticamente peças clássicas.
Depois de ser contratada para fazer um retrato de Earl de Morton, sua popularidade cresceu rapidamente, em especial por sua deformidade. O Earl pagou para que Biffin se tornasse aprendiz de William Craig, o pintor oficial da Rainha Charlotte, de Gales. Com 29 anos, tornou-se pintora em tempo integral e pintou diversos retratos de personalidades políticas, como William IV e a Rainha Vitória, ganhando medalhas da Sociedade de Artes e até hoje tendo suas pinturas expostas em galerias britânicas.
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