Mal sabia Adolf Hitler que o bebê que estampava uma revista de propaganda nazista, tido como o modelo de raça ideal, era uma criança judia. A imagem enviada por um fotógrafo foi escolhida pelo próprio Joseph Goebbel, Ministro da Propaganda no governo de Hitler.

Quem revelou toda a história foi a própria menina Hessy Taft que hoje está com 80 anos. A mulher doou uma cópia da revista ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, e explicou que o material foi divulgado por toda a Alemanha e até mesmo na Lituânia.

Hessy não esconde sua satisfação com o fato que, de certa forma, é entendido por ela como uma vingança. “Eu posso rir disso agora. Mas se os nazistas soubessem quem eu realmente era, eu não estaria viva hoje”, disse ela ao jornal alemão “Bild”.

Entenda a história

A mãe de Hessy e sua tia a levaram para ser fotografada, em 1935, por Hans Ballin, um fotógrafo de grande renome em Berlim. Sete meses depois, a família foi surpreendida quando a empregada viu a foto da Hessy na capa da revista nazista “Sonnie ins Hous” .

A fotografia foi escolhida através de um concurso promovido pelo Departamento de Propaganda Nazista, chefiado por Joseph Goebbels. A melhor das cem fotos enviadas pelos mais populares fotógrafos alemães representaria o “bebê alemão ariano ideal” e seria capa da revista.

Sem o consentimento da família, o fotógrafo Ballin submeteu a foto de Hessy e de outros dez bebês. A ironia de a fotografia trazer uma judia foi motivo de piada durante muito tempo na família.

Após o episódio, a criança foi mantida escondida por sua família para que não fosse reconhecida pelas pessoas na rua. Os pais decidiram fugir para a Letônia, Paris e Cuba, antes de se estabelecer nos Estados Unidos. Hessy se formou em química na Universidade de Columbia e se casou, em 1959, com Earl Taft. O casal tem dois filhos e quatro netos. Ela ainda leciona química na Universidade de St. John’s.