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E se não existisse a morte? Como ficaria o mundo? Será que um dia seremos imortais?

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Apenas imagine a situação; hoje é o dia do seu milésimo aniversário. Você nasceu em 1015, no longínquo século XI, em uma Europa conturbada, com novas batalhas a cada ano. Você estava vivo durante a invasão da Inglaterra por Guilherme, da Normandia. Na verdade, você lutou nela. E também lutou contra os vikings, em uma sangrenta batalha que durou décadas. Aos 300 anos, já havia passado por tanta coisa que poderia ser considerado uma lenda. E você não seria o único – todos são imortais. Parece bom, não é?

Vandal

Sabemos que o ser humano está destinado a viver “pouco”. Acredita-se que Jeanne Calment, uma senhorinha francesa que morreu aos 122 anos, em 1997, tenha sido a pessoa que mais tempo viveu. Imagine só; só a título de comparação, ela é mais velha que a proclamação da república do Brasil. Enquanto ela esteve viva, seu país passou por duas Grandes Guerras. Foi um século de muitas mudanças, e ela assistiu a tudo. Como na situação hipotética acima (ainda que em escalas mais reais), a história de Jeanne deixa claro que viver muito significa acumular experiências e acompanhar a evolução de um mundo que está em constante transformação.

Pensando nisso, já pensou como seria nossas vidas se a morte não existisse? Um mundo em que Jeanne ainda estaria viva e saudável, prestes a completar 140 anos?

Bom, para começar, óbvio: o planeta seria um lugar cheio. Muito cheio. Imagine só: o mundo deixaria de perder cerca de 30 milhões de pessoas por ano, mas continuaria recebendo as 150 milhões que nascem todo ano. Esta superpopulação daria origem a cidades gigantescas. Imagine uma São Paulo 5 vezes maior (e muito mais alta). Cidades pequenas do interior seriam uma raridade. Além disto, com mais tempo para desenvolver tecnologias, o mundo seria muito mais avançado.

Terra

Claro, isto nos levaria ao problema dos alimentos. Como alimentar toda esta gente? Bom, este seria um desafio para a sociedade. Talvez, com tanta gente, a consciência ecológica seria superior (ela precisaria ser). Como se não bastasse, como acontece em alguns países, as famílias seriam obrigadas a ter apenas um filho, eliminando muitas relações de parentescos que existem (como tios, irmãos e primos). Por outro lado, as famílias seriam mais longas. Imagine conviver diariamente com o avô do seu bisavô?

Voltando à situação hipotética com a qual iniciei o texto, seria impossível para uma pessoa se lembrar de toda a sua vida milenar. Como o cérebro humano possui um limite de armazenamento, séculos inteiros seriam apagados. Imagine só, se não somos capazes de lembrar de coisas que aconteceram há alguns anos, imagine isto em um escala muito maior? Teríamos apenas uma noção de tudo que aconteceu, de forma que a vida perderia o propósito. Depois de viver tanto, o que ainda nos motivaria a seguir em frente? O suicídio seria uma alternativa, se ele fosse possível.

Claro, estas são apenas suposições em um leque quase infinito de possibilidades. A não existência de morte depende de muitos fatores para ser avaliada com exatidão. Mas e você, como acha que seria o mundo nestas condições?

Seremos imortais?

Artificial

A pergunta pode parecer utópica demais, mas é verdade que alguns pesquisadores realmente acreditam nesta possibilidade. Uma autoridade no assunto, o professor José Luis Cordeiro, da Singularity University, no Vale do Silício, já afirmou que até 2045 a espécie humana será, sim, capaz de se tornar imortal. A declaração foi feita ainda no ano passado, durante o encontro “Inteligência artificial e o futuro da espécie humana”, da Universidad Internacional Menéndez Pelayo, em Santander, Espanha.

Segundo ele, a “velhice é uma doença curável”. Ele se baseia em uma corrente cada vez mais difundida pela comunidade científica. Trata-se da singularidade tecnológica. De acordo com ela, o progresso tecnológico e a inteligência artificial são as ferramentas que acabarão com a idade humana, dando origem a idade pós-humana. Cordeiro também previu que, em menos de 10 anos, o homem poderá ter acesso ao sequenciamento de seu genoma, de forma a conseguir prevenir doenças como o câncer e o Alzheimer, além de moldar seus descendentes para que evitem tais condições.

A veracidade destas alegações depende apenas do progresso da ciência e da tecnologia. Vale a pena lembrar que a Methuselah Foundation, nos últimos anos, já foi capaz de prolongar a vida saudável de ratos em até cinco anos. “O cérebro é a estrutura mais complexa do universo e também o único órgão que ainda não foi criado artificialmente. Entretanto, os cientistas estão começando a estudá-lo sistematicamente. Teremos uma explosão de inteligência artificial”, prevê Cordeiro.

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