Inovação

Essa versão do Banco Imobiliário foi feita com regras injustas para criticar a realidade

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Apesar do tamanho do Brasil e da diferença de cultura das regiões de norte a sul, várias experiências da infância e da juventude são compartilhadas o tempo todo entre gente de todos os lados. Brincadeiras comuns que passam pelo boca a boca ou costumes inspirados por elementos apresentados na mídia, por exemplo, fazem parte disso. Assim como também a experiência de se divertir com jogos de tabuleiro, como War e Banco Imobiliário. Com a ideia de simular o mercado de compra e venda de imóveis, esse último é um dos maiores clássicos dos tabuleiros. E a fama do jogo não depende somente do Brasil, mas de todo o mundo.

A partir da observação do funcionamento do jogo, no entanto, o Observatoire des Inegalités (Observatório das desigualdades) percebeu que ele não representava tão bem as variadas oportunidades disponíveis no mundo real para diferentes grupos sociais. A associação, que estuda e discute a desigualdade a fim de promover o fim do problema, realizou uma parceria com a agência Hereze e criou A Social Board Game (Um jogo de tabuleiro social).

Ao recriar as regras do Banco Imobiliário no novo jogo, o Observatório fez algumas mudanças observando sexo, etnia e condições de cada uma das quatro crianças convidadas para testar o jogo. A ideia era tentar reproduzir os ambientes de desigualdade observados no mundo real. Entre as novas regras estavam a diferença na quantidade inicial de dinheiro entre os jogadores, menos renda para as mulheres e proteção à prisão para um dos jogadores. Além disso, o jogador negro só podia fazer compras em dos lados do tabuleiro, enquanto o jogador deficiente físico não podia comprar nenhuma estação de trem.

Diante das regras, a reação das crianças é a mesma: revolta e questionamentos. “vê como eles estão trapaceando?” e “Não é justo” eram frases repetidas com frequência no grupo que se sentia vítima de algum tipo de injustiça ou trapaça a todo o momento.

As novas regras propostas pelo jogo criado pelo Observatório, apesar de injustas, não foram criadas do nada. Cada uma das mudanças radicais foi baseada em dados coletados na realidade francesa. A partir da observação de situações de desigualdade percebidas no país – e reproduzidas em várias outras partes do mundo – foi possível criar um jogo injusto que recria as situações encontradas na vida real.

Por exemplo, na França, apenas 14% das minorias étnicas recebem respostas positivas ao buscar por moradias, o que explica o jogador negro estar limitado na hora de comprar espaços. Da mesma forma, foi observado que, independente do trabalho, as mulheres ganham em média 23% menos que os homens, diminuindo a renda da jogadora feminina durante o jogo. Outro problema é que apenas 30% das estações de trem são acessíveis para deficientes, o que fez com que o garoto com essa condição não tivesse a escolha de comprar espaços assim, mesmo que estivessem disponíveis.

Ao fim da partida, as crianças se mostram completamente frustradas e chateadas com a realidade do jogo, mesmo sem compreender completamente que ela é reproduzida na realidade fora dele. No encerramento do vídeo, a campanha propõe uma solução: “É hora de mudar as regras.”

É possível assistiro vídeo da campanha no YouTube, com áudio em francês e legendas em inglês.

E aí, o que achou da proposta? Você também tem a sensação de injustiça das regras e roubo o tempo todo? Gostou da ideia de um jogo para retratar essa realidade?

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