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O gênero de filmes que tenta explorar os efeitos do fim do mundo está cheio de obras distintas que caminham por todos os gêneros, da comédia ao terror. Os melhores deles, no entanto, geralmente são os que utilizam as pessoas como ferramentas para narrar a história, e não necessariamente o cenário apocalíptico, assim como os recentes Procura-Se Um Amigo Para o Fim do Mundo ou As Horas Finais, por exemplo.
Apesar disso, nenhum deles parece ser páreo para Miracle Mile, produzido em 1988.
Escrito e dirigido por Steve De Jarnatt, Miracle Mile apresenta um cenário de romance entre os personagens Harry Washello (Anthony Edwards) e Julie Peters (Mare Winningham) para transformar completamente o estilo e o ritmo do filme. Depois que somos apresentados às primeiras horas do relacionamento do casal, também nos deparamos uma obra que passa a funcionar em contagem regressiva para o fim de tudo.
O filme foi escrito e idealizado durante a paranoia da Guerra Fria o que justifica o medo de uma guerra repentina e a destruição de várias nações como conhecemos. Agora, a discussão volta a ficar relevante com o aumento de tensões entre potências como Coreia do Norte e Estados Unidos.
O que você faria se de repente soubesse que uma guerra nuclear está para começar? Talvez a questão não passe pela cabeça, mas pode vir a ser um problema com tanta instabilidade política tomando conta do mundo. Enquanto para nós a pergunta é apenas uma imaginação, para os personagens de Miracle Mile, é uma realidade. Isso porque o diretor queria que sua obra servisse como um alerta para as gerações futuras que poderiam ter que lidar com isso.
Na história, Harry descobre que o mundo como ele conhece poderá acabar dentro de apenas uma hora. A partir daí, ele começa a se deparar com uma série de situações estranhas. Obviamente, a maioria das pessoas está exaltada e não lida bem com o fim do mundo em tão pouco tempo. Aí as coisas começam a ficar bem complicadas para Harry, que precisa atravessar a cidade para encontrar Julie.
Até pouco tempo, a ameaça de uma guerra nuclear não parecia tão presente, mas com a tensão internacional, a possibilidade passou a ser cogitada. Ainda que especialistas não considerem a guerra nuclear uma possibilidade próxima, a tensão toma conta do mundo.
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Quando Miracle Mile foi escrito, a ameaça era muito mais presente, já que o mundo vivia a tensão da Guerra Fria. “Minha geração tinha certeza que teríamos uma guerra. A gente treinava na escola para se esconder debaixo das mesas, ir para os abrigos antibombas de nossas famílias e sair para lutar os comunistas. Era algo que a gente sabia que iria fazer”, explica o diretor De Jarnatt.
No filme, nós não conhecemos uma motivação para a guerra nuclear, mas sabe-se que os Estados Unidos lançaram o primeiro míssil. Antes da finalização do filme, o estúdio queria que os russos se tornassem responsáveis pelo evento que daria um fim ao mundo, mas a produção já estava num momento muito avançado e a falta de renda impediu que a alteração fosse feita.
Hoje em dia, se Rússia ou EUA decidissem lançar algum míssil, as pessoas teriam apenas poucos minutos para planejar uma fuga, um sentimento que o filme captura perfeitamente, apesar do tempo prolongado.
Ao fim da trama, quando Harry percebe que não vão conseguir escapar, tem um destino que funciona como um alerta para o mundo do futuro. O futuro de Harry, no entanto, pode ser o nosso presente
“Quando Julie pergunta se as pessoas vão ficar bem e se vão reconstruir o mundo, Harry responde que aquilo é o fim de uma civilização. Eu acho que essa é minha opinião sobre tudo”, explicou o diretor.
Por enquanto, o único que podemos fazer é torcer para que as ameaças dos líderes internacionais não passem de palavras. Mas como o filme nos lembra, quando o assunto é armas nucleares, o destino do mundo não está nas nossas mãos e tudo pode virar pó em questão de instantes.
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