Em muitos filmes há mensagens secretas, e se você acha que sempre estão relacionadas a sexo – como essa clássica, do Rei Leão, acima, onde as estrelas formam a palavra “SEX” (ou “SFX”, de acordo com os produtores) – está muito enganado.

A simbologia é largamente utilizada pelo cinema, que, se pararmos pra pensar, é uma herança da fotografia, que por sua vez vem da pintura. Apesar disso parecer pouco coerente à primeira vista, para o espectador comum, é nesse tipo de trabalho que bons diretores se focam quando produzem um filme.

Um bom filme não fala apenas através de seu enredo e atores, mas também da construção do ambiente que o cerca e de pequenos detalhes que mostram a versão da realidade que os personagens do filme enfrentam. Ficou difícil de entender? Aqui alguns exemplos práticos:

Clube da Luta, 1999

Nessa genial adaptação da obra de Chuck Palahniuk, assistimos ao enlouquecimento de Tyler Durden. Mas antes de Tyler Durden (ou do espectador sequer saber quem é Tyler Durden) criar seu alter ego, interpretado por Brad Pitt, o personagem principal (Edward Norton) vê flashes dele. De acordo com o diretor do filme, David Fincher, “isso é para mostrar que nosso heroi está criando Tyler Durden em sua própria mente, e nesse ponto ele apenas existe numa região periférica da consciência do narrador”.

O próprio Durden (Pitt) também brinca com isso, quando diz que costumava colocar fotos de genitália no meio de filmes familiares sem que a audiência percebesse. Só que no caso do Clube da Luta, as imagens aparecerem como flashes mesmo, devagares demais para serem subliminares, pois o diretor queria que você pausasse o filme 32 vezes até conseguir entender o que era aquele borrão esquisito que ficava aparecendo.

Procurando Nemo, 2003

Esse é apenas um de muitos easter eggs em filmes da Pixar, que, no geral, buscam há mais de uma década mostrar que seu universo está interligado.

As teorias de continuidade podem ser pura elaboração de quem assistiu os filmes, mas é um fato que os personagens se entrecruzam frequentemente, o que revela que todo o universo da Pixar divide certas características, como cachorros, insetos, peixes, brinquedos, carros, monstros…enfim, tudo que existe é falante e adora discutir ensinamentos familiares no dia-a-dia.

Matrix Reloaded, 2003

Há diversas referências bíblicas no universo de Morpheus, Neo e Trinity, incluindo as próprias características do personagem de Keanu Reeves, que morre e volta à vida, como Jesus. Algumas outras delas:

– A nave de Morpheus se chama Nabucodonosor, um antigo rei da Babilônia que aparece na Bíblia.
– As placas dos carros correspondem à passagens bíblicas. A do vilão-vírus, Agente Smith, é “IS5416”, que significa “Isaías 54:16″. A passagem diz ” Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o assolador, para destruir“.

-Já a do Cadillac de Trinity é “DA203”, que é “Daniel 2:03”: “E o rei lhes disse: Tive um sonho; e para saber o sonho está perturbado o meu espírito“.

Eu sou a lenda, 2007

Nesse apocalíptico filme vemos referências diversas à “civilização antiga” da qual fazemos parte, e num dado momento o personagem de Will Smith chega à Times Square, onde há um cartaz de um filme com Superman e Batman. Nada demais, já que há décadas que se fala nesse encontro, mas talvez isso seja justamente pra mostrar quando é que o finalmente vai ser lançado: só quando o mundo acabar.

King Kong, 2005

Assim como acontece em muitos filmes com linguagens estrangeiras, muitas vezes os produtores fazem piadas (ou até não sabem mesmo o que está acontecendo) e criam traduções completamente equivocadas.

Um bom exemplo é o filme King Kong, numa cena em que o capitão do SS Venture, que está se dirigindo à ilha onde o macacão será encontrado, recebe uma mensagem em código morse. O capitão do navio supostamente ouve um mandado de prisão para Carl Denham (Jack Black), mas o que o código diz é “show me the monkey” (mostre-me o macaco).

De olhos bem fechados, 1999

Nesse assustador filme do mestre Kubrick, acompanhamos a jornada de um tolo médico chamado Bill (Tom Cruise), que se enfia numa reunião de uma seita maluca. As estranhas palavras faladas durante a cena são chocantes, mas na verdade não passam de romeno ao contrário.

As palavras ditas são da Liturgia Romana Ortodoxa, e dizem “E Deus disse para seus aprendizes, Eu lhes dou um comando para rezar para o Senhor por misericórdia, vida, paz, saúde, salvação, a busca, a saída, e o perdão dos pecados das crianças de Deus. Os que rezam, eles têm misericórdia e tomam conta bem desse lugar sagrado“. Medo.

Cloverfield, 2008

Esse não é nem um filme tão bom assim, mas usa um recurso clássico das mensagens escondidas, do qual os filmes de terror e super herois abusam muito, que é o fim secreto. Nesse caso, logo depois que o filme termina, o diretor coloca um áudio de 5 segundos invertido, que é uma voz militar dizendo “ainda está vivo”, o que seria uma deixa para uma sequência.

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