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O que acontecerá se os polos magnéticos da Terra realmente se inverterem?

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Você já teve a experiência de usar uma bússola? Se não, pelo menos já deve ter visto uma, certo? Quantas vezes você se perguntou por que a agulha da bússola sempre aponta para o norte? Talvez você se lembre das aulas de ciências, no primário, quando lhe foi mostrado que se colocarmos dois ímãs com lados iguais (positivo ou negativo) próximos eles irão se repelir, enquanto se colocado lados opostos eles se atraem.

Se amarrarmos um barbante a um ímã e o suspendermos ele irá se direcionar, aproximadamente, para norte-sul. Assim, suas extremidades passam a ser chamadas de polo norte e polo sul. Sendo que, o polo norte do ímã estará direcionado para o polo norte geográfico da Terra, enquanto o polo sul do ímã estará direcionado para o polo sul geográfico. Mas isso só acontece porque o campo magnético da Terra é contrário.

Um ímã é um material ferromagnético, ou seja, ele possui a capacidade de atrair outros materiais, também, ferromagnéticos e, pouco – mas conseguem -, alguns materiais paramagnéticos (platina, potássio, paládio, sódio, lítio, alumínio, cromo…). Substâncias ferromagnética são aquelas que se imantam sob influência de um campo magnético externo (cobalto, níquel, ferro… e outras substâncias que contém esses elementos).

Além disso, eles podem ser naturais (minerais com propriedades magnéticas), ou seja, possuem em sua composição magnetita (óxido de ferro, Fe3O4). Ou artificiais, que são adquiridos a partir de um processo chamado imantação. O processo de imantação ocorre quando colocamos um corpo ferromagnético no interior de uma bobina elétrica ou de um solenóide onde passa uma corrente de grande intensidade, assim adquirindo um campo magnético, se tornando um ímã.

E os polos magnéticos da Terra? Como funcionam? Primeiro, precisamos levar em consideração que dois polos iguais não se atraem, por isso, Se considerarmos a Terra simplesmente como um ímã e admitirmos que a agulha da bússola está corretamente indicada perceberemos que o polo norte geográfico para onde a bússola aponta é na verdade o polo sul do grande imã chamado Terra. Caso contrário teríamos o polo norte de um ímã atraindo o norte de outro ímã, o que não acontece.

Isso porque não podemos confundir Polos Geográficos, Polos Magnéticos (ímã da Terra) e as indicações da bússola. Bem, os Polos Geográficos são os pontos onde os meridianos – linhas usadas para localização no globo terrestre – se cruzam. São pontos fixos que representam, aproximadamente, os pontos onde o eixo de rotação da Terra passa pela superfície.

Já os Polos Magnéticos são os lugares onde existe maior intensidade de força magnética gerada pela Terra, em sua crosta. A origem dessa força está relacionada a eletricidade, Toda vez que uma carga elétrica realiza um movimento ela gera um campo magnético e toda vez que um campo magnético se desloca gera um campo elétrico. Esse princípio é muito usado em geradores e motores elétricos.

O núcleo interno de nosso planeta é composto, principalmente, por ferro derretido misturado com outros materiais. Quando movimentados, entram em atrito, produzindo correntes elétricas, que por sua vez, geram campos magnéticos, que produzem (novamente) correntes elétricas em um complexo efeito chamado dinamo auto-sustentável.

Assim, a posição dos pólos magnéticos da Terra variam com o tempo, e é por isso que a indicação de Norte e Sul de uma bússola não é o exato Norte/Sul Geográfico. Outro “detalhe” que influencia essa variação é a presença de minerais no solo. Isso é chamado inclinação magnética.

Existem tabelas que mostram a declinação magnética da cada localidade em cada período. É comum encontrarmos o termo Norte Magnético em textos de Geografia. Este “Norte Magnético” nada mais é do que a indicação da bússola que aponta para um Polo Magnético. Esse polo, como vimos, é na verdade o Polo Sul do grande imã chamado Terra.

Agora que entendemos melhor como funcionam os polos da Terra, o que aconteceria se os polos magnéticos se invertessem? Esse campo magnético também atua como uma camada invisível de proteção – da vida – contra a radiação solar. Como dissemos, os polos atraem as partículas carregadas que são emitidas pelo Sol. Mas, se eles estão em constante mudança, isso quer dizer que um dia eles podem se inverter. E o que acontecerá?

A inversão acontece da seguinte forma: um campo magnético assume uma forma mais fraca e complexa, podendo cair para até 10% de sua força atual, fazendo com que possa existir dois polos magnéticos no Equador, por exemplo, ou até mesmo que múltiplos polos magnéticos (norte e sul) coexistam. Esse tipo de inversão acontece algumas vezes, mais ou menos, a cada 1 milhão de anos. Mas, como essas variações são irregulares, o tempo entre uma inversão e outra pode demorar até dezenas de milhões de anos.

Não apenas, também existem os eventos, que são inversões temporárias e incompletas, nos quais os polos magnéticos se afastam dos polos geográficos, às vezes, cruzando o Equador, e voltando aos seus locais de origem. A última inversão aconteceu há 780 mil anos, levando o nome de Brunhes-Matuyama.

Basicamente, se ocorresse uma inversão de polos hoje, o aumento das partículas carregadas resultaria em grandes riscos para satélites, aviação e infraestrutura elétrica. Causando grandes desastres financeiros. No que se refere às pessoas, não é possível prever exatamente o que aconteceria, porque na época da última inversão os humanos modernos (homo-sapiens) ainda não existiam.

Alguns pesquisadores tentam conectar inversões passadas com extinções em massa. Sabemos que muitas espécies animais têm alguma forma de magnetorecepção que lhes permite sentir o campo magnético da Terra, usando isso para auxiliar na navegação de longa distância durante a migração. Mas não está claro que impacto uma inversão total poderia ter sobre essas espécies.

De fato, sabemos que os primeiros humanos conseguiram sobreviver ao evento Laschamp, e até a própria vida sobreviveu a várias inversões completas, de acordo com os registros geológicos. Agora, prever quando acontecerá uma próxima inversão magnética não é simples, mas de acordo com registros de que o campo da Terra está diminuindo 5% por século, sugerindo que a próximo inversão pode acontecer nos próximos 2 mil anos.

O campo magnético da Terra é gerado dentro do núcleo líquido do nosso planeta, pelo lento agitar do ferro fundido. Como a atmosfera e os oceanos, a maneira como ele se move é governada pelas leis da física.
Devemos, portanto, ser capazes de prever a inversão através do rastreamento deste movimento, assim como podemos prever o clima, olhando para a atmosfera e o oceano.

E aí pessoal, o que acharam? Aparentemente não estaremos aqui para presenciar esse acontecimento. Mas, nada é improvável. Só esperamos que nada ruim aconteça. Encontraram algum erro na matéria? Ficaram com dúvidas? Possuem sugestões? Não se esqueçam de comentar com a gente!

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