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O segredo nazista que foi descoberto em uma fazenda brasileira

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Todos estamos familiarizados com as histórias envolvendo a Alemanha nazista e suas barbáries. Isso não é segredo para nenhum de nós, exceto por um único detalhe: E se o nazismo tivesse estabelecido bases até mesmo na América do Sul? Especificando, no Brasil. Especificando mais ainda, em São Paulo? Seria loucura, não é mesmo? Não, não seria. Isso de fato aconteceu. E uma parte do Brasil também fez parte dessa ideologia tão marcante da nossa história.

No fim de 1930, além da Alemanha ser o principal parceiro econômico do Brasil, também haviam fortes laços entre os países, tendo como consequência o compartilhamento de alguns ideais políticos, ideológicos e culturais. Com isso, aqui estava o maior partido nazista fora da Alemanha, com mais de 40 mil adeptos.

Em uma cidade de 5 mil habitantes, no interior de São Paulo, chamada Campina do Monte Alegre, o rancheiro José Ricardo Rosa Maciel, descobriu um segredo que ficou escondido por 70 anos. “Eu cuidava dos porcos numa casa antiga. Um dia, eles quebraram uma parede e escaparam. Notei que os tijolos tinham caído. Foi um choque enorme.” Os tijolos tinham a marca da suástica. A mulher de Ricardo, Senhorinha Barreto da Silva, estudava na Universidade de São Paulo e levou uma das peças para seu professor de história, Dr. Sidney Aguilar Filho.

“Fui até a fazenda, onde encontrei uma quantidade enorme de insígnias com a suástica, não só nos tijolos, mas em fotografias da época, marcas nos animais e bandeiras. Também achei uma história paralela sobre a transferência de 50 meninos de dez anos que foram tirados de um orfanato no Rio de Janeiro e levados para Campina do Monte Alegre em 1933. Nessas duas histórias, estava a presença da ideologia nazista”, afirma o historiador Aguilar Filho.

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Após 8 anos de intensa pesquisa, foi apresentada a tese “Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945)”. A partir das ideologias nazistas, as crianças foram enganadas e tiradas do orfanato Romão de Mattos Duarte, da Irmandade de Misericórdia para servir nas propriedades de Osvaldo Rocha Miranda. O primeiro grupo, com dez, saiu em 1933, depois houve a retirada de mais 20, seguida de outros 20. Elas ficaram sob a custódia de Osvaldo, o homem era dono do famoso Hotel Glória e era membro de uma das famílias mais ricas e influentes de São Paulo. Com outros dois irmãos, Osvaldo era membro da Ação Integralista Brasileira, organização extremista de direita.

“Minha pesquisa se focou em que sociedade era essa, que Brasil era esse?”, afirma Aguilar Filho.  “Era uma cultura extremamente racista e preconceituosa. Na geração seguinte à abolição da escravatura, a estética era extremamente marcada pelo racismo. Com os olhos de hoje, é muito chocante”, explica Aguilar Filho.

Aloysio da Silva e Argemiro dos Santos estavam na primeira leva dos garotos levados do orfanato. “Eles relatam um tratamento muito rígido, sujeito a punição física, sem permissão para deixar a fazenda sozinhos ou sem autorização, trabalho intensivo e pouca ou nenhuma remuneração. Aloysio se refere a uma infância roubada e fala de escravidão. Já Argemiro não faz uso da palavra, mas confirma o uso sistemático da palmatória, violência física, chicotadas e punições”, conta Aguilar Filho.

SSS

Ainda vivendo perto do local onde teve a infância roubada, Aloysio, que hoje está com 90 anos, conta que foi enganado e só saiu do orfanato porque Osvaldo prometeu-lhe uma nova vida, regada de tudo que uma criança sonha. “Ele prometeu o mundo. Mas não era nada daquilo. Assim que chegamos, recebemos enxadas e fomos ordenados a tirar o capim e limpar a fazenda. Fiquei preso porque me enganaram. Fui trapaceado”, diz Aloysio. Os meninos eram denominados por números. Aloysio era o 23. Dois cães de guarda mantinham os garotos comportados e impediam uma eventual fuga.

O outro sobrevivente, Argemiro dos Santos, de 89 anos, mora em Foz do Iguaçu. “Na fazenda havia fotografias de Hitler, e o tempo todo você era forçado a saudar com o ‘anauê’, a saudação alemã”, conta ele. O “anauê” era, na verdade, a saudação dos integralistas, gesto idêntico ao “sigheil” da Alemanha nazista.

Para os órfãos, os únicos momentos de alegria eram os jogos de futebol contra times de trabalhadores das fazendas locais, como aquele em que foi tirada a foto onde se vê a bandeira com a suástica. (O futebol tinha papel fundamental na ideologia integralista.) “A gente se reunia para bater bola e a coisa foi crescendo”, diz Santos. “Tínhamos campeonatos, éramos bons de futebol.”

Depois de anos sendo tratado como escravo, Argemiro não aguentou mais. “Tinha um portão (na fazenda) e um dia eu o deixei aberto”, ele conta. “Naquela noite, eu fugi. Ninguém viu”. O garoto voltou ao Rio onde, aos 14 anos de idade, passou a dormir na rua e trabalhar como vendedor de jornais. Em 1942, quando Brasil declarou guerra contra a Alemanha, Santos se alistou na Marinha. Ironicamente, depois de trabalhar para nazistas, Santos passou a lutar contra eles.

Confira o vídeo que conta a história da “fazendo brasileira com práticas nazistas”:

Fonte: Galileu

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