Curiosidades

7 mitos e verdades sobre ressuscitar pessoas que morreram recentemente

0

Ressuscitar os mortos, ou melhor, salvar alguém da morte deve ser uma satisfação muito grande. As pessoas que se dedicam a esse tipo de serviço geralmente vivenciaram uma situação de quase morte ou ouviram algo e quiseram fazer e ter aquela mesma sensação de poder devolver a alegria para uma família. Esse foi o caso de David Casarett que ouviu a história de Michelle Funk.

A menina de dois anos e meio caiu em um riacho e se afogou. Quando os paramédicos a encontraram ela não respirava há mais de uma hora e seu coração estava parado, ou seja, ela estava morta. Mas os paramédicos continuaram seus procedimentos. Três horas depois, Michelle respirou e seu coração voltou a bater. Casarett foi para a faculdade de Medicina com planos de se tornar um médico de emergências porque queria trazer as pessoas de volta à vida. Ele agora é professor na Universidade da Pensilvânia e lançou um livro ‘Shocked: Adventures in bringing back the recently dead’ (Chocado: Aventuras de trazer de volta os recentes mortos, traduzido) onde ele explora a ciência e os riscos de reviver os mortos.

O professor é um entusiasta das tecnologias que podem ajudar os médicos a salvarem a vida de pacientes que não teriam salvação no passado. Mas essas tecnologias tem seu custo, segundo ele. Elas podem restaurar a vida, mas se é uma vida que vale a pena viver é outra questão. Por mais que ele tenha sido inspirado pelo caso milagroso de Funk, Casarett viu casos tristes de pessoas que foram trazidas de volta a vida mas agonizaram algumas semanas na UTI para depois morrerem. Esses casos fizeram com que ele desistisse de se tornar um médico de emergência. Agora, ele se concentra em aliviar o sofrimento dos pacientes perto do final de suas vidas. E ele contou algumas coisas que achou importante as pessoas saberem.

1 – Morrer no século XVIII

Nos anos 1700 as pessoas das cidades europeias começaram a ter um grande interesse em reviver as pessoas que pareciam ter se afogado. Os métodos usados hoje parecem duvidosos, era jogar a pessoas que não respira mais em cima de um cavalo trotando, mergulhá-la em água gelada, fazer cócegas no fundo da garganta com uma pena, soprar fumaça de tabaco no reto ou dar uma boa chicotada.

Os métodos não são totalmente sem base científica. O movimento para cima e para baixo de um cavalo trotando pode mover o diafragma e as paredes do tórax para dentro e para fora o suficiente para forçar o ar para dentro dos pulmões e estimular alguma circulação, não muito diferente de uma massagem cardícaca. “Algumas das técnicas que eles tentaram naquela época eram bizarras, mas algumas delas acabaram sendo ancestrais diretos das coisas que usamos hoje”, disse Casarett. “A ressuscitação boca-a-boca foi pioneira em Amsterdã no final do século XVIII, até onde eu sei, e ainda é um dos pilares da ressuscitação hoje”.

2 – Segredo dos esquilos

A hibernação é a forma que os animais, tipo ursos e esquilos, reduzem seu metabolismo para sobreviver no inverno. Se os humanos pudessem ser colocados nesse estado de animação suspensa, uma alternativa poderia ser colocá-los no gelo ou substituir o sangue por soro fisiológico para preservar o cérebro e outros órgãos.

Apesar de algumas vantagens, a pessoa congelada também tem suas desvantagens. O ritmo cardíaco se torna mais difícil de se restaurar que o normal e se requer muitos equipamentos, o que dificulta o uso fora do hospital. Uma substância química poderia fazer a mesma coisa e poderia ser mais eficaz e útil, diz Casarett. Para ele ainda é cedo, mas não é totalmente impossível que no futuro ambulâncias carreguem uma droga derivada de algum composto encontrado em animais que hibernam.

3 – Não desperdice seu dinheiro em crionica

No capítulo mais animado do livro de Casarett é sua visita a uma convenção de criogenia onde ele encontrou pessoas dispostas a pagar 200 mil dólares para colocar seus corpos no gelo depois que eles morressem com esperança de que cientistas encontrassem a cura para o que os matou.

Ele ficou impressionado com as palestras científicas sobre como esfriar um corpo recém falecido o mais rápido possível e como congelá-lo sem a formação de cristais de gelo. No entanto, ele saiu não muito convencido de que as pessoas congeladas com criogênio serão reanimadas com sucesso muito em breve.

4 – Beije um boneco e dê choque em estranhos

Soprar a boca de alguém e bombear o peito durante a massagem cardíaca ajuda a colocar um pouco de oxigênio no sangue que circula pelo menos até a chegada de uma ambulância. Isso salva vidas, e para Casarett todos deveriam fazer um curso e praticar no boneco onipresente em todos os treinamentos.

Mesmo aqueles que não sabem fazer a massagem cardíaca podem salvar alguém em parada cardíaca com um desfibrilador. Esses dispositivos podem detectar um ritmo cardíaco anormal e emitir comandos de voz para orientar até mesmo um usuário iniciante a aplicar o choque elétrico. Mais pessoas treinadas para esses primeiro socorros consistiria no que Casarett chama de sobrevivência pela comunidade.

5 – Não é igual na TV

A maior diferença entre ressuscitação como é mostrado na TV e na realidade é a probabilidade de sucesso, segundo Casarett. Ele observou um estudo realizado na década de 1990 que tentou quantificar essa diferença. 75% das pessoas que recebem massagem cardíaca na televisão sobrevive, enquanto que somente 30% dos casos na vida real são bem sucedidos.

Outra diferença é que as pessoas recentemente revividas muitas das vezes vomitam. Isso porque quando você está inconsciente os músculos relaxam, incluindo o esfíncter na parte inferior do esôfago. O que normalmente impede que o que está no seu estômago volte. Agora quando inconsciente, com alguém batendo no seu peito é fácil entender o porquê do recém vivido acordar para cuspir.

6 – Morrer não é tão simples quanto costumava ser

A linha entre vivo e morto está ficando cada vez mais turva graças aos avanços da tecnologia. “Vários médicos do pronto-socorro com quem conversei me disseram que até cinco anos atrás, quando estavam de frente a um paciente com parada cardíaca, você fazia o que podia, dentro dos procedimentos de rotina, e então chegava o momento que todos os truques da mala já haviam sido feitos e não tinha mais nada o que se fazer”, disse Casarett. Mas agora há mais e mais coisas para se tentar.

Um exemplo são as máquinas de oxigenação por membrana extracorpórea que podem retirar o sangue de um paciente com insuficiência cardíaca, oxigená-lo e bombeá-lo de volta ao corpo, mantendo o paciente vivo, ou pelo menos não morto.

7 – Voltar dos mortos tem um custo

Voltar a vida pode estar ficando mais fácil, mas a qualidade dessa vida pode ser questionável. Especialmente quando o paciente reavivado nunca recupera a consciência. “Não é uma chance de dizer adeus ou até de se lamentar, só prolonga o processo de morrer”, diz Casarett. E os custos financeiros, que ninguém nunca toca no assunto, podem chegar a 20 mil dólares por dia.

A medida que a ciência avança podemos esperar histórias de reavivamento mais incríveis, escreve Casarett. Mas também precisamos de decisões mais bem tomadas sobre os custos emocionais e financeiros que essas tecnologias de vida e morte estão proporcionando.

7 coisas que só quem cresceu sem TV a cabo vai entender

Artigo anterior

7 vezes em que o Aquaman foi incrivelmente apelão

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido