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7 motivos pelos quais você precisa assistir Lovecraft Country

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Conhecido autor do gênero terror-sobrenatural, Howard Phillips Lovecraft morreu aos 46 anos. Embora suas histórias girem em torno de demônios e criaturas mitológicas, com o passar dos anos essas obras foram analisadas e ficou notável que o escritor era racista, xenofóbico, anti-semita e supremacista branco. Antes que você se pergunte como as pessoas chegaram a essa conclusão, adiantamos que Lovecraft não fazia muita questão de ocultar sua intolerância. Só para ilustrar, em 1912 ele escreveu um poema onde afirmava que o negro era uma “besta” e uma “figura semi-humana”. Além disso, Lovecraft era um apoiador de Adolf Hitler, e isso fala muito por si só.

Posteriormente, em 2016, Matt Ruff decidiu ressignificar a ficção de Lovecraft. Então, ele escreveu um romance usando os monstros do autor clássico e inserindo não apenas um protagonista, mas toda uma galeria de personagens negros na narrativa. Dessa forma fomos apresentados à Atticus, um homem negro que assumiu o papel principal em um gênero no qual Lovecraft explicitamente tentou silenciar e inferiorizar pessoas de cor. A recepção do romance de Ruff foi favorável e em 2017 foi anunciado que o mesmo seria adaptado para uma série homônima da HBO. Pois bem, no dia 16 de agosto de 2020, Lovecraft Country foi exibida pela primeira vez.

Lovecraft Country

Desenvolvida por Misha Green, a recente série apresenta Atticus Freeman (Jonathan Majors), um veterano da Guerra da Coréia que retorna para os Estados Unidos após descobrir que seu pai está desaparecido. Assim, juntamente com sua amiga Leti Lewis (Jurnee Smollett) e seu tio George (Courtney B. Vance), Atticus vai atrás de seu pai nas partes mais perigosas no sul do país. Apesar do título, é importante lembrar que a produção está longe de ser um tributo à Lovecraft. “Nós não estamos homenageando ele, visto que Lovecraft era incrivelmente racista”, disse Green. Além disso, Majors admite que não é fácil definir Lovecraft Country. “É um mundo que nunca vimos antes. Está além de qualquer descrição”, compartilhou o ator.

No fim das contas, uma imagem vale mais que mil palavras. Então, para entender toda a relevância em torno de Lovecraft Country e de sua mensagem, é importante conferir a série por si só. Contudo, se você ainda está se sentindo um pouco desmotivado, garantimos que vamos te dar um empurrãozinho com a lista abaixo.

7 – Efeitos especiais nostálgicos e bem elaborados

Pra começar, é impossível falar de uma série de terror e ficção-científica sem mencionar os efeitos especiais. Embora um visual incrível não sustente sozinho uma narrativa, garantimos que o roteiro de Lovecraft Country não deixa nada a desejar. Aliás, ele ganha ainda mais notabilidade com o apoio de recursos gráficos. Então, se você é um fã de monstros e sangue, não vai querer deixar de conferir essa produção. Além de apresentar um misto de efeitos práticos e digitais, a série faz questão de se apoiar na nostalgia. Logo nos primeiros minutos da mesma é possível entender do que estamos falando.

6 – A série é produzida pelas mentes por trás se Corra! e Cloverfield

Contando com Jordan Peele e J.J. Abrams na produção executiva, não havia como Lovecraft Country ser menos que genial. Enquanto o primeiro fez história no Oscar 2018 ao se tornar o primeiro afro-americano a ganhar uma estatueta de Melhor Roteiro Original por Corra!; o segundo é conhecido por trabalhar em produções como Lost, Westworld, Star Wars e Cloverfield. “J.J. Abrams é um ser humano muito consciente social e politicamente”, disse Majors. “E Jordan é um homem negro e um artista muito socialmente inteligente. Se você viu Corra! ou Nós [ambos escritos e dirigidos por Peele], você sabia que ele contaria a história de uma forma divertida e provocativa”, concluiu o ator.

Embora Peele e Abrams tenham ficado de fora das gravações, sua influência na série é notável. Contudo, isso é resultado do incrível trabalho de Misha Green, que reinventou Lovecraft Country para a HBO. Visto que o tema racial é amplamente abordado na série, é importante ter uma mulher negra comandando do projeto. Ademais, Green tem conseguido transmitir a mensagem de Ruff de uma forma muito eficaz. Após enxergar infinitas possibilidades em uma adaptação do livro de Ruff para a TV, Green resolveu criar uma incrível mistura de gêneros. Dessa forma, cada episódios de Lovecraft Country é repleto de experimentalismo e resulta em uma imersão única para o espectador. Em suma, ela está criando um novo caminho no gênero onde Lovecraft e sua imaginação limitada por preconceitos não são mais bem-vindos.

5 – O terror e a ficção científica são genialmente utilizados para explorar importantes temáticas socioculturais

Além de explorar o terror e a ficção científica através de monstros e criaturas, Green e sua equipe aproveitaram para abordar importante temáticas socioculturais em Lovecraft Country. Um importante elemento presente na narrativa é a apresentação das “sundown towns” comunidades brancas que segregavam os negros através de violência e leis discriminatórias. Inclusive, essa é uma deixa sabiamente utilizada por Green, que nos mostra que as pessoas podem ser absurdamente monstruosas. Aliás, na série os momentos mais agonizantes e assustadores são promovidos por homens brancos e não cães-vampiros na floresta. Como muito bem pontuado por Michael K. Williams, interprete do pai de Atticus, os monstros da narrativa representam “tudo que é sombrio e mau na sociedade”.

4 – A química do elenco é incrível

Cada um dos integrantes do elenco deve receber os merecidos créditos por adicionar todo peso dramático e cômico da série. Entretanto, esse incrível resultado só foi alcançado porque os atores escalados para Lovecraft Country se consideram uma família dentro e fora das telas. Grande parte desse afeto se deve ao fato deles terem se mostrado extremamente vulneráveis uns aos outros durante as gravações. Para aqueles que assistem a série, fica notável que não foi um trabalho fácil e exigiu um grande controle e preparação emocional de todo elenco. Obviamente, Lovecraft Country conta com momentos leves e bem-humorados. Contudo, não deixa de ser um necessário soco no estômago.

3 – Os protagonistas são multifacetados

Jonathan Majors, responsável por dar vida ao nosso ilustre protagonista, compartilhou que teve de ler o roteiro duas vezes. Por que? Bom, ele ficou mesmerizado com o papel de Atticus. Em suma, ele adorou o fato do personagem ser multifacetado a ponto de permiti-lo “explorar não apenas ideias de arquétipos que tendemos a interpretar”. O ator reforçou que “ele [Atticus] não é apenas esse soldado, certo? Isso é muito comum, certo? Mas ele também é apaixonado por livros. Ele gosta de viajar, ele é um aventureiro, ele tem muitas ideias. Ele tem um corpo forte, uma mente forte e um forte coração”.

Além disso, a personagem vivida por Jurnee Smollett, Leti, não fica muito atrás. No início ela é apresentada como uma mulher guiada por interesses egoístas, mas acaba se mostrando uma personagem forte, destemida e empática. Além disso, eventualmente ela acaba roubando totalmente a cena. Apesar de ser apresentada como interesse romântico de Atticus, Leti transcende esse rótulo e ressignifica a forma como mulheres negras tendem a ser retratadas na ficção. Podemos ter visto muitas camadas da personagem, mas ainda há muito mais a ser mostrado. Inclusive, registramos aqui nossa admiração pela performance de Smollett.

2 – A produção levanta um debate extremamente relevante

“A coisa triste sobre a historia da nossa nação é que ela poderia ser liberada em qualquer dia, mês ou ano dos últimos 400 anos e ainda assim seria relevante”, disse Majors sobre Lovecraft Country. “Mas dado o que está acontecendo no mundo nesse momento, parece uma ótima hora para assistir nosso herói partir nessa aventura e derrubar tanto monstros quanto a supremacia branca”, salientou o ator. De acordo com Majors, ele cresceu no Texas e as situações pelas quais passou não estão muito distantes daquelas que Atticus enfrenta nas telas. “Quando você abre o jornal e lê sobre irmãos sendo baleados diariamente, você percebe que algumas coisas não mudaram nada”, compartilhou Majors. Porém, como bem mencionado pelo astro, apesar da série ser divertida, quando você vê já está questionando o racismo sistêmico. É assim que o entretenimento cumpre sua função social.

1 – É uma bagunça que você não vai querer deixar de conferir

Sem dúvidas, Lovecraft Country é uma bagunça. Como pudemos ver nos itens acima, a série mistura terror, ficção-científica, teorias da conspiração e importantes debates sociais. No entanto, garantimos que se trata de uma bagunça bem feita, bem intencionada e imprescindível. Sendo assim, você não pode perder a oportunidade de conferir essa incrível produção que pode acabar se tornando o próximo fenômeno da HBO. Tem sentido falta de Game of Thrones nas suas noites de domingo? Bom, que tal dar uma chance para Lovecraft Country? Garantimos que você não irá se arrepender.

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