Séries e Sagas

7 principais diferenças entre a série e o livro de The Handmaid’s Tale

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Em 1985, a escritora Margaret Atwood lançou The Handmaid’s Tale, sua obra máxima. Na história, a taxa de natalidade diminui drasticamente. Por algum motivo – em parte ambiental – as pessoas se tornavam cada vez mais estéreis. Mais homens que mulheres. No entanto, a maior culpa, por assim dizer, recaiu sobre as mulheres. Com o tempo, elas ficaram mais independentes, passavam muito tempo fora de casa, estudando e trabalhando. Dessa forma, elas se esqueceram de seu “dever biológico”. Assim, um grupo extremista aplica um golpe de Estado nos Estados Unidos e transformam o país na República de Gilead.

O lugar sofre drásticas alterações, as quais estão a retirada de todos os direitos da mulher. A população é dividida em classes e algumas mulheres são selecionadas para servir como escravas reprodutoras da elite. Ou seja, cabe a elas gerar o filho dos casais mais importantes do país. As chamadas Aias, são identificadas por uma túnica vermelha e um gorro branco, o qual tampa a visão periférica. A vestimenta era um reforço da submissão dessas mulheres. A história acompanha os depoimentos de uma mulher identificada apenas como Offred. Por meio dela, o leitor embarca na barbaridade dessa distopia futurista.

Ao longo dos anos, Margaret Atwood recebeu diversos prêmios por sua obra. Ela foi adaptada para o cinema e para os palcos. Entretanto, o ápice do sucesso aconteceu mesmo em abril de 2017, quando The Handmaid’s Tale estreou no canal de streaming Hulu. Estrelado por Elizabeth Moss, tendo Atwood como uma das produtoras, a série conquistou o público. A produção do programa é impecável e o tema, a opressão da mulher, está mais atual do que nunca. Com diversos prêmios recebidos, cada vez mais pessoas começaram a assistir a série e a ler ao livro.

Com isso em mente, caso você tenha feito apenas um desses passos, separamos a seguir as principais diferenças entre a série e o livro The Handmaid’s Tale.

1 – Exploração dos personagens

O livro é narrado por Offred, portanto, o leitor tem apenas o seu ponto de vista sobre as situações e todos os outros personagens da história. A série, por outro lado, permite ir um pouco mais além. Embora Offred continue como a figura central da trama, o espectador tem a chance de ver mais dos outros personagens. Mesmo que pouco, ainda podemos saber detalhes sobre sua vida pessoal antes do golpe de Gilead. Por exemplo, o fato de que Rita já foi mãe e Nick aceitou o emprego por necessidade extrema.

2 – A complexidade de Serena Joy

Serena Joy é a esposa de Fred Waterford. No tempo onde mulheres tinham vozes, ela era bastante ativa na luta pela ideia de que a reprodução era um “dever biológico” do sexo feminino. Sua participação nesse movimento foi essencial para que o grupo extremista seguisse com o golpe. No entanto, no romance de Atwood, ela quase não aparece. Offred faz menções sobre ela e em determinado momento, comenta rapidamente sobre seu passado, já que era famosa. De forma geral, ela é posta como uma antagonista antipática.

Em contrapartida, a série aprofunda na história de Serena Joy, em especial na segunda temporada. Interpretada por Ivonne Strahovski, a personagem não é posta com uma simples vilã na história. Suas escolhas e atitudes não são tão transparente assim. Serena é uma figura complicada e mesmo com as mãos sujas, ela ainda permite ao espectador ter dúvidas sobre seu verdadeiro caráter. Sua complexidade e relação com June é um dos pontos positivos da série.

3 – O nome de Offred

Na história criada por Margaret Atwood, as Aias têm seu nome de nascença arrancados de si. Essas mulheres possuem um único objetivo na vida: o de reprodução. Quando elas são designadas ao casal, elas recebem outro nome. A denominação acontece com o sufixo “of”, o qual representa posse, e o primeiro nome do homem da casa. Assim temos o nome da protagonista: Offred, “of Fred”, que significa “De Fred”.

No livro, Offred diz ter um nome próprio, o qual esconde a todo custo, mas sempre o revisita. Ela chega a revelá-lo a Nick, porém, o leitor nunca toma conhecimento dele. O nome é uma arma forte na história, uma prova de resistência contra o regime. Justamente por isso é que as Aias são obrigadas a esquecê-los. Na série, contudo, Offred diz seu nome logo no piloto, pois, de acordo com a mesma, ela pretende resistir. Como junho (june em inglês) é uma palavra recorrente na obra, várias pessoas acreditam que esse seja o nome da personagem. Atwood disse que a interpretação é válida. Sendo assim, o nome da protagonista na série ficou June. E esse detalhe faz muito diferença dentro da história.

4 – Apresentação de mais cenários

Como o romance acompanha a visão de June, o leitor só tem acesso aos lugares e acontecimentos que ela também tem. A vida de uma Aia em The Handmaid’s Tale é lamentável. Elas ficam o dia todo na casa e só podem sair para ir ao mercado, em companhia de outra Aia. Por isso, ouvimos falar sobre determinados lugares, mas nunca sabemos detalhes sobre eles. Já na série, temos a chance de ver como funciona outros lugares. Por exemplo, as terríveis colônias, para onde mulheres má disciplinadas são enviadas. Elas trabalham com lixo tóxico, sem qualquer tipo de proteção. São condenadas à uma morte lenta e dolorosa.

5 – A personalidade de June

Durante todo o livro, temos acesso aos pensamentos e sentimentos de June. Ela conta um pouco sobre como era sua vida antes do golpe de Gilead e, principalmente, como é o inferno em que vive. Certos pensamentos a fazem se questionar a respeito da própria moralidade. Em suma, June é passiva. Ela tem consciência da barbaridade que acontece ao seu redor e a si mesma, porém, aceita seu cruel destino.

De oposto a tal comportamento, temos a June da série. A personagem joga com o sistema. Embora ela obedeça às ordens vindas de cima, ela não se entrega aos lobos. Sempre procura uma saída daquele inferno e, quando pode, ainda ajuda outras Aias. Na série, June é mais audaciosa, tem mais atitude e corre mais riscos.

6 – Diversidade em Gilead

O romance não aborda questões raciais e de sexualidade. Esses temas, porém, foram transportados para a telinha, em particular o segundo. Enquanto o programa não fala sobre racismo, vemos negros ao longo da história. No livro, sabemos que Moira é gay, mas nada além disso. A série trabalha melhor esse lado com as personagens de Moira (Samira Wiley) e Ofglen (Alexis Bledel). A história costuma reforçar o crime de ser homossexual em Gilead. Ou, como eles preferem falar, “traidor do gênero”.

7 – A imagem de Gilead para o resto do mundo

Enquanto no livro não temos informações a respeito das relações externas do país, na série, vemos como a política de Gilead funciona no resto do mundo. Os ditadores querem espalhar a ideia totalitária para o resto do mundo, para tanto, não poupam maquiagem para disfarçar a grotesca realidade do país. Enquanto eles chamam atenção do México, um evento inesperado cria atrito com o vizinho Canadá, o qual desde cedo se mostra enjoado pelo totalitarismo de Gilead.

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