A escola onde babás aprendem artes marciais

É muito difícil a gente imaginar alguma criança dizendo que sonha em ser babá quando crescer, ou até mesmo um adulto optar por essa profissão. Mas existe uma escola onde as babás aprendem habilidades tradicionais, como cozinhar e costurar e usam uniformes vitorianos, mas também são treinadas em artes marciais, direção avançada e segurança cibernética.

A escola em questão é a Norland. Ela educa babás que cuidam dos filhos das famílias britânicas mais ricas, incluindo a família real, há 130 anos. O curso completo de Educação e Cuidados na Primeira Infância dura três anos.

“Muitas vezes há piadas sobre sermos uma mistura de James Bond e Mary Poppins. Mantivemos os elementos práticos que foram estabelecidos pela primeira vez em 1892, mas garantimos ao longo do tempo que o currículo continue relevante, então agora temos um currículo de vanguarda, adequado para o século 21”, disse Janet Rose, diretora da escola.

Babás

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Claro que babás aprendendo artes marciais é uma coisa bem interessante. Mas qual o motivo disso?

“A segurança pessoal é algo que afeta a todos nós agora, por exemplo, tivemos algumas alunas formadas que estiveram no ataque de Westminster. Nossa ex-aluna ficou presa dentro de um dos museus, pelo que entendi, por cerca de quatro a seis horas, e ela teve que cuidar de uma criança pequena, mas conseguiu manter a calma e também acalmá-la”, explicou a diretora.

A escola está localizada em Bath, cidade do interior da Inglaterra, mas sua origem está em Londres. No dia 25 de setembro de 1892, Emily Ward lançou as bases para o que se tornaria o Instituto Norland. “Ao fazer isso, ela criou o primeiro estabelecimento educacional a oferecer qualquer tipo de treinamento em cuidados infantis e a profissão de enfermeira de creche”, informa o site da instituição.

Escola

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As primeiras estudantes do instituto vinham de instituições de formação de professores, como o Stockwell College e o College of Preceptors. Elas tinham experiência em cuidar de crianças, fosse mais formal, como governantas, ou menos.

Um dos requisitos para que as estudantes entrassem na Norland era um teste de conhecimentos gerais. E de acordo com os registros antigos, a maioria das alunas vinha de famílias com bons recursos e tinham entre 20 e 30 anos.

Em 1911, de acordo com Emily Ward o instituto representava um ideal. “A melhoria dos cuidados infantis como verdadeira base da vida familiar, porque este trabalho não é serviço ou trabalho doméstico, mas sim educativo. Porque os hábitos, pensamentos e ideais formados no berçário são para toda a vida”, escreveu ela.

Essa importância do trabalho da babás é um ponto defendido por todas as sucessoras, mesmo um século depois.

“Curiosamente, considerar o cuidado de crianças como profissão é uma batalha que continuamos a travar hoje, porque isso ainda é visto pela sociedade como de baixo status e, geralmente, é mal remunerado. Não é o caso de nossas alunas, felizmente, mas ainda estamos lutando contra isso”, pontuou a diretora atual.

Remuneração

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E se engana quem pensa que os salários das babás que saem da Norland são baixos. De acordo com a diretora, as estudantes têm 100% de empregabilidade e acesso a salários bem acima da média.

“A renda média de nossas alunas no ano em que se formam é de cerca de 40 mil libras por ano (cerca de R$ 256 mil, ou R$ 21,3 mil por mês), mas, depois de cinco anos elas provavelmente passam de 50 mil libras (cerca de R$ 320 mil, ou R$ 26,6 mil mensais), 65 mil libras (cerca de R$ 416 mil, ou R$ 34,6 mil por mês) ou mais. No momento, temos ofertas de empregos na faixa de 100 mil libras (mais de R$ 640 mil, ou R$ 53,3 mil mensais)”, disse Rose.

Claro que esses salários atraem várias candidatas. Para as 100 vagas disponíveis anualmente são cerca de 240 concorrentes.

Fonte: BBC

Imagens: BBC