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A história do bruxo que destruiu o governo argentino

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José López Rega foi uma figura bastante influente na política, no final do governo da família Perón, na Argentina. Comparado ao bruxo russo Rasputin, “El Brujo”, como era conhecido e descrito pela mídia argentina da época, acabou contribuindo para uma verdadeira catástrofe no país. O místico foi uma peça importante na queda do governo argentino.

O homem começou a entrar na política quando conheceu Isabelita Perón, terceira esposa do ex-presidente Juan Domingo Perón. Os dois se conheceram em 1965 durante uma congresso de esoterismo. Fascinada com as “habilidades” do bruxo, Isabelita, que era dançarina de cabaré, decidiu levá-lo para se encontrar com o seu marido. Nessa época, o presidente estava exilada em Madri. Foi a partir desse encontro, que começou a saga de Rega para mudar a política argentina. E no final das contas, ele acabou fazendo isso mesmo, embora não da forma que planejava. Confira a seguir, como ele fez isso.

Influência na política

Com a ajuda de Isabelita, o bruxo conseguiu se tornar secretário particular do presidente. E gradativamente ele foi conseguindo maior espaço político. De acordo com Marcelo Larraquy, autor da biografia “López Rega: El peronismo y la Triple A”, o bruxo tinha o sonho de ser próximo a pessoas influentes na política.

“Ele conseguiu se entrosar entre pessoas poderosas e se tornou o mordomo da casa Puerta de Fierro (Porta de Ferro). Local onde Perón morou até retomar o poder na Argentina, em 1973. Basicamente, López Rega tinha a missão de dispensar as visitas rejeitadas por Perón”, conta Larraquy.

Quando foi nomeado Ministro do Bem Estar Social da Argentina, Rega criou a chamada Aliança Anticomunista Argentina. Esse que era um grupo paramilitar de extrema direita que tinha o objetivo único de “caçar comunistas”. Tudo isso para combater a ameaça da ideologia de esquerda no continente latino-americano.

A morte do presidente Perón foi um evento notável na trajetória política de Rega. O presidente já estava debilitado e com vários problemas de saúde. Depois que as tentativas de ressuscitação feita pelos médicos não surtiram efeito, o bruxo ainda tentou trazê-lo de volta à vida. Para isso,  ele usou os seus “poderes” místicos.

No entanto, mesmo com as suas várias tentativas, o presidente morreu. Ele deixou o seu cargo de líder do país para a sua viúva, Isabelita. Agora era o momento do bruxo ter cada vez mais influência política. Isso porque a primeira dama estava encantada com os seus “poderes”.

Queda do governo

“López Rega enfiou na cabeça de Isabelita, que a transformaria em vice-presidente da Argentina. Isso para redimir o karma de Evita, que não pôde assumir o cargo em 1952. Para isso, durante a noite, ele levava Isabelita ao túmulo, onde estava o corpo embalsamado de Evita e realizava uma espécie de cerimônia mágica. A ideia era transferir o espírito de Eva para o corpo de Isabel, a fim de lhe conceder a personalidade assertiva de Evita”, conta Larraquy em seu livro.

Mas o fato é que o bruxo causou terríveis problemas para todos. Ele foi um dos responsáveis pelo desastre da política argentina da época. Tanto que chegou a ser culpado pelo golpe militar que derrubaria Isabelita, em 1976. Isso porque quando a viúva tomou posse em 1974, ela deu ao bruxo um importante missão. Ele foi designado para nomear a maioria dos ministros do seu governo.

Quando o Ministro da Economia escolhido pelo bruxo, Celestino Rodrigo adotou um plano de medidas neoliberais, a inflação foi nas aturas. E a medida econômica tomada no ano seguinte foi um dos principais motivos que levaram a queda do governo peronista na Argentina.

Daí em diante a situação só piorou. Depois de uma revolta popular, Rega não teve escolha a não ser fugir para Espanha. Nesse momento começou o Processo de Reorganização Nacional, o período da ditadura militar que se estabeleceu no país até dezembro de 1983.

Eventualmente, o esconderijo do bruxo foi descoberto e ele foi extraditado de volta ao seu país, onde passou por um longe processo de julgamento. López Rega foi condenado à prisão perpétua e morreu na cadeia, aos 73 anos, três anos depois de ter sido preso.

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