História

Afinal, como os casos da Peste Bubônica eram rastreados há 500 anos?

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Em países como China, Coreia do Sul, Austrália e Alemanha, o rastreamento de casos na atual pandemia de Covid-19 foi bem-sucedido. Assim, isso somente foi possível graças aos sistemas de telecomunicação e vigilância que temos acesso hoje. Desse modo, profissionais de saúde puderam testar pacientes e, em seguida, isolá-los com mais eficácia. Contudo, podemos nos perguntar: como isso era feito antes da tecnologia moderna? Como, por exemplo, os casos da Peste Bubônica eram rastreados há 500 anos?

Antes da tecnologia moderna, o rastreamento de casos remonta a um longo caminho. De acordo com o historiador William Coleman, o rastreamento de casos levou muito mais tempo para ser efetivo. Por exemplo, no caso da febre amarela, somente depois de meio século, foi descoberto que a doença era transmitida por mosquitos e não de pessoa para pessoa.

Abordagens que fugiam do que era normal para a época

Muito antes dos casos de febre amarela serem noticiados, as ideias por trás do rastreamento de contatos já existiam. Dessa forma, sua principal origem remonta ao início do século 16, durante a “grande varíola”, que posteriormente ficou conhecida como sífilis. Na época, o anatomista Gabriele Falloppio procurou entender as origens da doença usando uma abordagem diferente do normal.

Ao invés de confiar no que as autoridades médicas diziam, Falloppio e outros médicos procuraram rastrear a propagação da doença venérea. Com isso, eles recorreram às histórias contemporâneas, com destaque para o diários de Cristóvão Colombo. Por meio dessas anotações, os médicos acompanham a progressão da doença nos hospitais. Depois disso, como ela se espalhou, com a invasão da Itália e o certo de Nápoles, durante o inverno de 1495.

Podemos afirmar que a rápida disseminação da sífilis ampliou as noções dos médicos sobre a transmissão de doenças e o papel desempenhado pelos hospedeiros humanos. Portanto, ainda que este seja o principal exemplo, ele ainda não é o mais antigo. Assim, o exemplo mais antigo de médicos que rastreavam de contatos vem do período da peste bubônica.

Tudo começou durante o surto de peste bubônica de 1576

Durante o surto de peste bubônica de 1576, a médica Andrea Gratiolo usou o rastreamento de contatos de uma maneira que podemos reconhecer hoje. Na época, o recurso não foi utilizado para monitorar a propagação da peste, mas para provar que uma mulher havia espalhado a doença. Contudo, a ideia não levada a sério pelos especialistas.

Dessa forma, a mulher “havia pegado um barco pequeno e lotado com outras 18 pessoas, onde todas dormiam umas em cima das outras”. Assim, Gratiolo argumentou que os passageiros do barco e toda a família haviam sido infectados. Porém, essas e outras ideias foram questionadas pelos médicos da época. Assim, mesmo a frente de seu tempo, suas ideias foram apontadas como indo contra as ortodoxias predominantes à época. Por isso, só foram revisadas anos depois.

Depois disso, o rastreamento de contatos passou a ser mais difundido na Europa do século 16. Por exemplo, um livro de deveres hospitalares proveniente de Nuremberg, na Alemanha, lista perguntas a serem feitas a todos os pacientes que buscavam tratamento. Esse foi um copilado feito entre 1500 e 1700. Além disso, o livro trazia questões que deviam ser respondidas por todo paciente, independente da doença. No geral, as questões se referiam a como, quando e onde e. Além de também, se possível, de quem o paciente contraíra a enfermidade.

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