Natureza

Animal é imune à radiação de Chernobyl, aponta estudo

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Quase quatro décadas após o maior desastre nuclear da história, cientistas descobrem que alguns animais de Chernobyl se tornaram imunes às consequências do acidente.

Um novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, revelou que vermes microscópicos encontrados na Zona de Exclusão de Chernobyl desenvolveram resistência à radiação.

A pesquisa, que coletou amostras em 2019 com a colaboração de cientistas ucranianos e norte-americanos, teve resultados surpreendentes. Os nematoides, pequenos vermes com genomas simples e ciclos de vida curtos, não apresentaram danos em seus DNAs causados pela radiação.

Isso indica que esses organismos desenvolveram mecanismos para lidar com os efeitos nocivos da radiação ao longo do tempo.

Embora essa descoberta não signifique que Chernobyl seja um ambiente seguro, ela lança luz sobre a notável capacidade de adaptação dos nematoides.

Segundo os pesquisadores, esses organismos podem ter desenvolvido mecanismos de reparo de DNA excepcionalmente eficazes, permitindo que sobrevivam e prosperem em um ambiente inóspito para a maioria das espécies.

Via UOL

Mais pesquisas

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences e divulgado pelo ScienceAlert, abre caminho para futuras pesquisas sobre a resiliência da vida selvagem em ambientes extremos.

Compreender os mecanismos de reparo de DNA dos nematoides pode fornecer insights valiosos para o desenvolvimento de novas tecnologias de proteção contra a radiação, tanto para humanos quanto para outros organismos.

Mais pesquisas são necessárias para entender como outras espécies foram afetadas e se adaptações semelhantes estão ocorrendo em outras áreas contaminadas.

Enquanto isso, a Zona de Exclusão de Chernobyl se tornou um refúgio para animais selvagens, como lobos, ursos e cavalos selvagens. A ausência de humanos permitiu que a natureza se recuperasse, criando um ambiente único para a pesquisa científica.

Importância

A descoberta de nematoides, mesmo que sejam micro animais de Chernobyl, vivendo na radiação da Zona de Exclusão de Chernobyl representa um marco científico com implicações significativas para diversas áreas.

Primeiro, desafia as previsões anteriores sobre os efeitos da radiação crônica na evolução das espécies em ambientes extremos. A capacidade dos nematoides de reparar danos ao DNA e prosperar em um ambiente tão hostil demonstra uma resiliência inesperada.

Segundo, o estudo abre novas possibilidades para a pesquisa médica e ambiental. A compreensão dos mecanismos de reparo de DNA excepcionais dos nematoides pode levar ao desenvolvimento de novas tecnologias para proteger humanos e outros organismos contra os efeitos da radiação.

Além disso, a pesquisa destaca a importância da variação na reparação do DNA entre os indivíduos de uma mesma espécie. Essa variabilidade pode ser crucial para entender os fatores de risco de doenças como o câncer em humanos.

Via Flickr

Por que ainda é tóxico?

Após tantos anos, o estudo de animais de Chernobyl continua pertinente, pois a área se tornou inabitável, tamanho o acontecimento.

Em abril de 1986, o mundo presenciou o pior acidente nuclear da história com a explosão do reator 4 da Usina Nuclear na Ucrânia.

Uma série de falhas humanas e de projeto durante um teste de segurança resultou em um aumento descontrolado de potência e, consequentemente, na explosão do reator.

A explosão liberou na atmosfera uma quantidade colossal de material radioativo, equivalente a 400 bombas atômicas de Hiroshima. A nuvem radioativa contaminou uma área de 30 mil km², afetando principalmente a Ucrânia, Bielorrússia e Rússia.

A cidade de Pripyat, a apenas 4 km da usina, foi evacuada dias depois, com seus 50 mil habitantes. A zona de exclusão de 30 km em torno da usina permanece inabitável até hoje, com níveis de radiação ainda perigosos.

Nesse contexto, a principal razão pela qual Chernobyl ainda é tóxico é a presença de isótopos radioativos de longa vida, como o césio-137 e o plutônio-239.

Dessa forma, pode levar milhares de anos para os componentes decaírem a níveis seguros. Enquanto isso, contamina o solo, a água e a vegetação da região.

Por isso, encontrar seres vivos, como animais de Chernobyl, com DNA resistente é uma vitória. Isso ajudará os cientistas a entenderem mais sobre a área e o que fazer para recuperá-la.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Flickr, UOL

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