Aparentemente seu sistema imunológico ”tenta te matar”, entenda

Muitos de nós tenta manter a saúde e principalmente o sistema imunológico forte. Fazem exercícios, tentam ao máximo se manter dentro de uma dieta saudável, tomam suas vacinas regularmente, ou comem o necessário. Entretanto, um sistema imunológico robusto nem sempre é o melhor para nós.

Nosso sistema imunológico é composto por diversos componentes. Um deles é o macrófago – um tipo de glóbulo branco versátil, produzido na medula óssea, que elimina tecidos mortos e que combate as doenças ao atacar os micróbios. Os macrófagos seriam como um ‘faz tudo’ em nosso corpo, uma vez que eles nos limpam e protegem.

A autonomia

Segundo Barbara Ehrenreich, autora do livro Natural Causes: An Epidemic of Wellness, the Certainty of Dying, and Killing Ourselves to Live Longer (Causas Naturais: uma epidemia de bem estar, a certeza de morrer e matar-se para viver mais, em tradução livre.), os macrófagos merecem todo nosso respeito.

Eles podem fazer muito para nos proteger e possuem uma grande autonomia. Eles funcionam como amebas solitárias – se movendo por conta própria, comendo as células mortas que encontram pelo caminho. Dessa forma, eles possuem uma fonte de alimento independente da corrente sanguínea do indivíduo.

Entretanto, toda essa autonomia pode ser perigosa. Há algum tempo, é do conhecimento dos cientistas que os macrófagos se aglomeram ao redor de tumores cancerígenos. Eles perceberam que os macrófagos não estavam ajudando a combater o câncer ou ao menos sendo neutros. Eles estavam definitivamente tornando tudo ainda pior. De acordo com Ehrenreich, eles “estimulam” as células cancerosas.

Os macrófagos são peças centrais para como o câncer de mama, entre outros tipos, se tornam metástases. As células cancerígenas que não conseguiriam migrar sozinhas recebem uma espécie de passe livre pelo corpo ao encontrarem um macrófago útil. Mas o que a ciência quer verdadeiramente descobrir é porque nosso sistema imunológico estaria ajudando o câncer e não a nós mesmos.

Nem tudo é tão simples quanto aparenta

Porém, as coisas não tão simples assim. Os macrófagos fazem um importante trabalho em nosso organismos. Eles nos protegem de uma ampla gama de doenças que vão desde uma infecção de garganta até infecções graves causadas pelo vírus do HIV. E, em boas condições, eles nos protegem até mesmo do câncer.

Pelas descobertas de pesquisadores, muitas células cancerígenas podem passar despercebidas por nosso corpo, devido a uma molécula chamada CD47, que funciona como uma célula saudável, enviando uma mensagem enganosa para nosso corpo. Assim, os macrófagos são confrontados por células cancerígenas não disfarçadas com CD47.

Os macrófagos então entram em ação e as fazem desaparecer. Um tópico atual de pesquisa dos cientistas atualmente é descobrir como impedir que células cancerígenas produzam CD47.

Para alguns pesquisadores, esta é a prova de que os macrófagos são extremamente flexíveis. Eles poderiam ser comparados às pessoas que podem produzir grandes coisas para a sociedade (fortalecendo nosso sistema imunológico) e também um grande mal (ajudando o câncer a se tornar uma metástase).

Cientistas buscam maneiras para ensinar as células a não nos matar através de estimulações diversos tipos de terapias, que foram chamadas de “reeducação de macrófagos”. Para Ehrenreich, a natureza dual dos macrófagos significa algo diferente. Para ela, os macrófagos são agente livres, “fazendo o que sentem vontade de fazer”, sem necessariamente se importar com a saúde de nosso organismo, em geral.

E, assim como temos nossos próprios conflitos internos, no que tange a nossa psiquê, nosso corpo físico também possui seus conflitos. Células confrontam outras células. Não necessariamente a doença é um sinal de que algo está errado, mas que poderiam ser o sinal de constantes conflitos microscópicos dentro de nós.

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