Ser preso deve ser uma das piores coisas da vida. Nós, que estamos do lado de fora, só imaginamos como deve ser a realidade dessas pessoas e tiramos de base o que vemos nos jornais, e talvez, em alguma série mas, com certeza, a realidade deve ser muito pior do que a retratada ou mostrada.
As prisões são lugares que não costumam ser tão agradáveis. Algumas oferecem péssimas condições de vida, crueldade ao extremo e várias outras coisas que as tornam tenebrosas. No Brasil, a condição dos presos não é a das melhores. Estamos acostumados a ver nos noticiários a superlotação que praticamente todas as prisões do país tem e as péssimas condições de vida dos detentos.
Como se essas condições já não fossem ruins o suficiente, os presos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Roraima, estão enfrentando mais uma adversidade. Uma bactéria que não se sabe de onde ela surgiu está “comendo” os detentos vivos.
O caso foi denunciado na segunda-feira ao Conselho Nacional de Justiça pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima. A denúncia também foi ao Ministério Público Federal e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Bactéria
O germe poderosíssimo está comendo a pele dos presos, deixando-a em carne viva, e deixando as partes do corpo em decomposição. O que especula-se é que essa doença possa ser originária da grande concentração de sarna, sífilis e bicho geográfico. Essas doenças deixam feridas grandes, principalmente nas mãos e pernas.
Até agora, essa “doença” ainda não tem cura e já levou 24 detentos para o Hospital Geral de Roraima. A maior parte deles foi mandado para o hospital, em estado grave. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Hélio Abozaglo, disse que os detentos estão sendo medicados. Mas por causa da precariedade do hospital, a situação dos detentos é desesperadora.
“Infelizmente a situação do sistema penitenciário de Roraima é grave, muito grave. Para você ter uma ideia, dos 24 detentos acometidos com essa doença que está comendo eles vivos, 10 estão internados. O restante está espelhado pelo corredor do Hospital. A situação é muito grave”, disse.
Caso
De acordo com Abozaglo, alguns dos detentos já não conseguem andar por conta da paralisia. E é percebível que a bactéria está agindo bastante rápido e dilacerando a pele e carne das vítimas.
“Ao que parece há uma epidemia que está devorando os detentos. Nós vamos denunciar essa situação dentro e fora do Brasil. Queremos que chegue ao conhecimento de organismos internacionais de direitos humanos”, ressaltou.
O presidente da OAB de Roraima, Ednaldo Vidal, existe a chance de a doença também contaminar os agentes penitenciários e funcionários da cadeia. “O presídio não é muito diferente de um campo de concentração, é um local com zero higiene. Por isso vamos pedir a interdição imediata. A situação é de descontrole total, um caldeirão de desumanidade”, explicou.
Em janeiro de 2017, o presídio foi o palco do massacre de mais de 30 pessoas. A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo tem uma capacidade para 500 presos, mas atualmente está superlotado com quase 1.300 detentos.
“Vamos acompanhar e fazer o possível para que as autoridades olhem com mais atenção (para os presos). Se o Hospital Geral de Roraima não tem condições de detectar que tipo de enfermidade está atacando essas pessoas, que o material seja enviado para fora para fazer os exames e possa se tomar as providências corretas”, recomendou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
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