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Brasileiro que viveu em abrigo superou tudo e está prestes a estudar nos EUA

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Yuri de Melo Costa, de 19 anos, viveu no abrigo “Aldeias Infantis S.O.S.”, em Juiz de Fora/Minas Gerais. Entre seus 6 e 13 anos, o estudante brasileiro não tinha uma residência e nem parentes para o acolher. Como a mãe era dependente química, o garoto primeiro foi morar com a avó. Entretanto, ela acabou tendo um derrame cerebral que nunca a recuperou completamente – ao menos não até os dias de hoje. “Hoje não anda, não fala e não nos reconhece”, Yuri contou ao SóNotíciaBoa. Desde muito cedo, teve que se separar de tudo o que mais amava por causa das circunstâncias. Com a guarda passada para o estado, Yuri fora deslocado para uma instituição chamada Aldeias Infantis SOS Brasil. Lá, segundo o próprio, teve a oportunidade de acesso à escola, à cultura e… possibilidades. O jovem brasileiro que viveu em abrigo superou tudo e está prestes a estudar nos EUA.

Sim, isso mesmo que você leu. Ele ganhou uma bolsa e está a um passo de realizar um de seus maiores sonhos. “Percebi muito cedo que conhecimento é a única coisa que não podem nos tirar! Então, foquei as minhas energias em aprender tudo o que fosse possível e estabeleci metas para alcançar meus objetivos. A primeira delas foi a aprovação no processo de acesso para o Instituto Federal, uma escola pública em minha cidade que está no ranking das melhores do país”, Yuri escreveu na página que abriu em março, no Vakinha, para arrecadar dinheiro.

Estratégias para enfrentar a turbulência

As suas motivações eram importantes, mas não o suficiente para que ele pudesse aguentar a nova e pesada rotina. No entanto, o ambiente em que estava inserido fez com que as coisas não fossem mais complicadas do que realmente eram. “Quando passei a morar na Aldeia, comecei a ter muita influência de uma mãe social, que me incentivava a estudar. Também era incentivado pela diretora do Emei (escola municipal no São Benedito), que sempre me ajudava”.

A diretora da escola, inclusive, percebeu que Yuri tinha propensão para um futuro brilhante e fez uma promessa. Quando o jovem estivesse no nono ano, ela pagaria um curso para que ele realizasse a prova no Instituto Federal Sudeste MG – Campus Juiz de Fora (antigo CTU), integrado com eletrotécnica. E assim foi feito.

Seu ingresso na instituição lhe daria uma base sólida para outro objetivo que parecia inalcançável: a Universidade. Mesmo com os ventos não soprando ao seu favor, ainda assim persistiu para futuramente ajudar os seus familiares. Além disso, também queria impactar a vida de pessoas com histórias parecidas com a dele.

“Fui aprovado e quando entrei me deparei com uma escola diferente da qual eu estava acostumado, por ser período integral. Me apresentou grandes desafios, pois tem uma carga horária e um número de matérias muito elevado em relação às escolas brasileiras”, relatou. O jovem é o 4° filho de uma família de 11 irmãos, dos quais foi o primeiro a completar o ensino médio.

Projeto sobre evasão escolar

Dois anos antes de sair da instituição, em 2012, a mãe de Yuri morreu. Foi nesse momento, em meio ao caos, que recebera o convite com o potencial de mudar a sua vida. “Fui convidado por alguns alunos do Colégio Militar para fazer parte do projeto CID (criatividade, inovação e dinâmica)”, explicou.

Lá, ele participou de uma pesquisa sobre a evasão escolar, em que organizou palestras a respeito de saúde mental e consciência negra. Como bolsista do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da instituição e presidente do grêmio, ele começou a fazer conexões entre os alunos e a escola dentro dos conselhos de campus.

O trabalho com os estudantes resultaram em um futuro promissor. Em dezembro, Yuri foi aprovado pelo programa Watson Institute’s Fall 2019 Semester Incubator, uma incubadora semestral para desenvolvimento de projetos sociais. O brasileiro que viveu em abrigo superou tudo e está prestes a estudar nos EUA.

Seu projeto chamou a atenção por conta da relevância não só nacional, mas na América Latina afora. “No entanto, mesmo após receber uma bolsa generosa, não tenho condições para arcar com o restante do programa”, escreveu o garoto no seu perfil criado dentro da plataforma Vakinha.

Ele precisa de 17 mil reais e já arrecadou mais da metade. “No final do programa de quatro meses, com a ajuda do mentor, vou apresentar esse projeto para a comunidade acadêmica do Watson e de Boulder, no Colorado. É como a apresentação de um TCC no Brasil. Depois de certificado, volto para o Brasil”, esclareceu.

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