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A campanha brasileira durante a Segunda Guerra Mundial

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O rigoroso inverno se aproximava dos Apeninos. A cordilheira, que estende-se por 1.000 km e corta a Itália de norte a sul, era o principal meio para que o Alto Comando aliado fosse capaz de atingir a grande meta: conquistar a cidade de Bolonha para manter o inimigo sob intensa pressão na península italiana, ao sul do território nazista.

Em 1944, o cenário parecia ser bastante positivo. Os soviéticos, por exemplo, que avançavam de forma rápida, já estavam em combate, próximos à fronteira alemã. Já os americanos e ingleses, finalmente, haviam desembarcado no oeste da costa francesa, abrindo uma terceira e decisiva frente de combate contra o Reich.

A abertura da frente francesa, no entanto, havia desfalcado o 5º Exército norte americano no front italiano, que era comandado pelo general Mark Clark. A presença de uma divisão inteira, como, por exemplo, da Força Expedicionária Brasileira (FEB), era mais que bem-vinda, já que desbravar as montanhas italianas exigiria sacrifício. Em novembro, a FEB, que supostamente estava completa, iria ser empregada no esforço para romper a “Linha Gótica” alemã em direção à Bolonha.

Preparados ou não, a FEB deveria superar, ao lado dos americanos, um conjunto de elevações que tinham como pontos principais o Monte Belvedere e o Monte Castelo. Esse último era a missão brasileira. Mas o abismo entre o treinamento recebido pelos integrantes da FEB e a realidade da guerra se fazia presente e marcava fortemente o que aconteceria.

O momento da verdade

Cada soldado carregava, em média, 25 quilos e os integrantes da FEB ainda eram obrigados a procurar abrigo no caminho. Além disso, os brasileiros e os americanos deveriam livrar-se das minas, dos bombardeios e das temíveis e eficientes metralhadoras alemãs. Conhecidas por Lurdinhas, as metralhadoras eram capazes de cortar um inimigo ao meio com apenas uma rajada.

Aqueles que tinham má sorte e conseguiam se aproximar das fortificações, casamatas e porões que estavam sob os cuidados dos alemães, eram recebidos por uma bem montada linha de metralhadoras. Tal linha, mais conhecida como ‘corredor da morte’, era criada para impedir qualquer ataque frontal. Para controlar qualquer movimento do inimigo, os alemães ficavam de vigilia no alto do morro, tornando impossível o fator surpresa.

Sem êxito

A ideia de tomar o Monte Castelo no primeiro ataque não teve êxito. O apoio de tanques, manobrados por brasileiros, americanos e artilharia, mostrou-se insuficiente. Os homens da infantaria perceberam que seriam mortos facilmente pela chuva de chumbo que os alemães eram capazes de despejar com seus morteiros, canhões e metralhadoras. Resultado: vitória alemã.

A investida mais devastadora para a FEB ocorreu cinco dias depois. Mesmo sendo empregados batalhões dos três regimentos, a expulsão dos norte americanos do Monte Belvedere, seguida por um ataque alemão, fez que com a FEB fosse apanhada na subida. Um mês depois, em dezembro, o inverno europeu se fazia presente na montanha. A cobertura da aérea, totalmente necessária para apoiar uma investida morro acima, era também totalmente inviável. E o nevoeiro, que impedia a decolagem dos caças-bombardeiros, dificultava o apoio da artilharia. O comando, mesmo assim, tentou atacar mais uma vez. Entretanto, após a perda de mais 145 homens, a ordem de retirada foi emitida.

O outro inimigo

Naquele período, as ações militares limitavam-se aos duelos entre as artilharias e as patrulhas. Nelas, grupos, que variavam de cinco a trinta homens, deveriam estabelecer contato com o inimigo para monitorar suas posições e deslocamentos. Mas o frio, o grande adversário dos soldados naquela época, podia chegar a 20 graus centígrados negativos. A esse terrível de panorama somava-se um terror comum, o chamado “pé de trincheira”. O termo começou a ser utilizado porque soldados se viram obrigados a ter que amputar os membros inferiores. Isso em função da gangrena, que era causada pela umidade acumulada nos sapatos e feridas.

O êxito

O general Mascarenhas de Morais, comandante das forças brasileiras na Europa, resolveu então desacatar as orientações do comando norte americano para tomar uma nova atitude. Naquele momento, o general empregou todas as unidades que tinha a sua disposição para atacar o inimigo. Tomar o castelo era uma questão de honra. O que os pracinhas não haviam conseguido em três meses, concluíram em pouco mais de 12 horas. O fantasma fora, finalmente, exorcizado e a vitória levou a divisão brasileira a uma série de conquistas em meio às últimas elevações antes do rio Pó. Uma dessas batalhas, a de Montese, ficou conhecida como a batalha mais violenta travada pelos brasileiros na Itália.

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