História

“Casa” intacta de 16,8 mil anos é achada com artefatos em caverna na Espanha

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Uma das residências do período paleolítico mais bem preservadas do mundo foi encontrada na caverna de La Garma, na Espanha.

A descoberta, que veio a público em 30 de novembro no Museu Arqueológico Nacional em Madri, resultou de um projeto de pesquisa liderado por Pablo Arias, professor de Pré-História da Universidade de Cantábria, e Roberto Ontañón, diretor do Museu de Pré-História e Arqueologia de Cantábria, em colaboração com outros pesquisadores, como Rodrigo Portero e Carlos García-Noriega.

Ao longo de dois anos de investigações, eles revelaram uma “cabana” paleolítica única, com aproximadamente 5 metros quadrados de área.

Essa estrutura oval possui alinhamentos de pedras, estalagmites e blocos que fixavam ao solo uma combinação de paus e peles, com apoio contra uma saliência próxima na parede da caverna.

Uso histórico

Via Globo

A “cabana” de La Garma abrigava caçadores e coletores do período magdalenense, que deixaram uma pequena fogueira no centro.

Ao redor dela, foram descobertos diversos vestígios de atividades cotidianas, como a produção de instrumentos de pedra, chifre e osso, processamento de peças de caça e trabalho com peles.

Durante as escavações, os pesquisadores identificaram 4.614 objetos, predominantemente ossos de cervos, cavalos e bisões.

Além disso, encontraram 600 peças de sílex, lanças, agulhas e um tipo de arpão, assim como conchas de moluscos marinhos.

Juntamente com os restos de animais e instrumentos relacionados à subsistência, foram descobertos pingentes usados pelos antigos habitantes, como enfeites, bem como ossos decorados.

Também se destaca uma falange de uro (um antigo bovino) perfurada, apresentando uma representação desse animal e de um rosto humano, uma peça única no Paleolítico europeu.

Escavação

Para preservar o sítio arqueológico, os especialistas empregaram diversas técnicas não invasivas.

Isso incluiu a utilização de uma gigapanorâmica dos pisos, a elaboração de uma cartografia 3D de alta resolução do campo magnético, análises moleculares e genéticas de solos e objetos paleolíticos.

Além disso, também inclui o exame de restos de fauna por meio de espectrometria de massa de colágeno ósseo (ZooMS) e a realização de um estudo hiperespectral de imagens.

Como parte do processo, os pesquisadores têm planos de reproduzir a “casa”. Essa recriação será, em breve, parte da exposição do Centro de Arte Rupestre, que faz parte do Governo de Cantábria em Puente Viesgo.

Conforme a Universidade de Cantábria, La Garma entrou para a Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.

Desde sua descoberta em 1995, o local é palco de um projeto de pesquisa ambicioso.

Além das evidências paleolíticas, La Garma apresenta descobertas da Idade do Bronze, do período visigodo e da Idade do Ferro.

Vale destacar também um conjunto de arte rupestre paleolítica, considerado uma das sequências estratigráficas mais completas da Europa, abrangendo os últimos 400 mil anos de história.

Importância de La Garma

Via Globo

A descoberta de La Garma oferece insights sobre a vida cotidiana de comunidades paleolíticas. Além disso, também desempenha um papel crucial na compreensão da arquitetura na antiguidade e suas diversas funcionalidades.

A “cabana” paleolítica, cuidadosamente preservada ao longo dos milênios, proporciona uma visão única das habilidades arquitetônicas e adaptativas dessas sociedades antigas.

Ao analisar a disposição dos elementos estruturais, como alinhamentos de pedras, estalagmites e blocos, os pesquisadores podem inferir não apenas aspectos habitacionais, mas também aspectos sociais e culturais.

A presença de uma pequena fogueira no centro sugere a função de aquecimento. Ainda, traz um papel central nas atividades cotidianas e rituais da comunidade.

A diversidade de artefatos encontrados, incluindo instrumentos de pedra, chifre e osso, bem como objetos decorativos, oferece pistas sobre as múltiplas facetas da vida nessas antigas comunidades.

Essa descoberta variada permitiu que a equipe praticasse técnicas não invasivas de escavação e análises avançadas, contribuindo significativamente para o desenvolvimento também da paleontologia.

No futuro, será mais simples entender e encontrar conceitos importantes sobre as sociedades antigas.

Por isso, a reprodução planejada da “casa” em exposição no Centro de Arte Rupestre é tão importante. Ela também irá envolver o público para se conectar com mais um capítulo da história antiga.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Globo, Globo

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