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Como era a vida após a morte no Egito?

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Como viver após a morte no Egito antigo? À primeira vista, a pergunta parece um pouco irônica, não é verdade? Afinal, que obstáculos existem quando a vida cessa? Bom, para os egípcios, muitos. Após a morte, esses seres acreditavam que tinham que evitar demônios, saber os nomes certos para lidar com os ‘porteiros’ dos submundos e lutar contra cobras, serpentes e escorpiões.

Todos os ensinamentos sobre como sobreviver após a morte são explorados no Livro dos Mortos. A obra, que até então acreditávamos existir apenas em fábulas, está em uma exposição na Universidade de Chicago. Ali, os visitantes podem conhecer mais sobre como tais crenças religiosas moldaram a vida e a cultura no Egito, durante um período de mais de mil anos, entre 1500 a.C e 100 d.C.

“Os antigos egípcios eram fascinados pela morte. A vida eterna sempre foi um assunto que norteou a mente dessa civilização”, explica o curador da exposição, Foy Scalf. “Eles acreditavam que, ao se preparar de forma adequada, qualquer pessoa poderia se tornar uma divindade imortal após a morte”.

Preparação para o submundo

Atualmente, Universidade de Chicago é o lar do museu que abriga a maior coleção de arte egípcia. A exposição, nesse ínterim, exibe duas cópias diferentes do Livro dos Mortos. As cópias foram traduzidas em dois papiros de 2.200 anos, cada um bem ilustrado com textos e imagens coloridas.

O material aborda questões acerca dos processos de mumificação de uma cidade egípcia antiga de Akhmim. Os papiros apresentam também dezenas de objetos que eram utilizados em tais procedimentos. De acordo com o curador, o Livro dos Mortos é uma coleção de feitiços, mapas e encantamentos. Como explica Scalf, Todo o conteúdo do livro era destinado absolutamente para guiar e proteger os mortos.

Por ser tão importante para tal civilização, o Livro dos Mortos era transcrito em papiros, que tornam uma espécie de guia ilustrada, a qual, supostamente, era utilizada pelos mortos para sobreviver no submundo. Além dos papiros, feitiços e outros ensinamentos também eram escritos nas paredes da tumba.

“O material era enterrado junto com as múmias” explica o curador. “Para os egípcios, essas cópias eram importantes, afinal, o material original poderia ser danificado ou destruído. Assim, as cópias eram vistas como uma simples medida de segurança”.

Se todos os ensinamentos inseridos na tumba funcionassem, a alma, após ser julgada por Osíris, poderia, então, transforma-se numa alma de um deus. Após tal julgamento, as almas viajavam na companhia de Re, o deus do sol. Ao fim da viagem, a alma tornava-se um espírito Akh.

Tal transformação era extremamente importante para os entes que seguiam vivos. Afinal, parentes próximos daqueles que morriam escreviam cartas pedindo para que os mesmos intercedesse em suas vidas. Nas cartas, haviam diversos pedidos. Os mais comuns eram para que crianças nascessem saudáveis ​​ou que ferimentos e doenças fossem curados.

Cópias personalizadas

Das duas cópias do Livro dos Mortos, uma foi escrita em hieróglifos para Irtyuru, datada entre cerca de 305 e 50 a.C. Já a outra foi para Nesshutefnut, que viveu no mesmo período que Irtyuru. Esta foi escrita em hierático, um script cursivo.

Cada uma é personalizada. “Não havia cânone rígido. Por isso, cada livro inclui uma seleção de um conjunto de encantamentos vitais e dinâmicos”, disse Scalf. “Ao longo dos anos, os papiros foram adquirindo novas interpretações e novas edições. Dessa maneira, a religião egípcia tornou-se cada vez mais abrangente. Ou seja, acomodava novas idéias, novos deuses e até práticas”.

Ao longo dos anos, transformou-se o Livro dos Mortos em Livros da Respiração. Mesmo com a mudança do nome, o propósito permaneceu o mesmo. “O conteúdo cobre a existência da alma, o que nos espera após a morte, como seremos julgados, qual a natureza de Deus e o relacionamento contínuo com amigos e familiares na Terra”.

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