História

Como funcionava a venda de esposas na Inglaterra até o século 20?

0

No Brasil, a escravidão foi abolida em 1888. Na Inglaterra, provavelmente a mais grave escravatura praticada, teve o início de seu fim em 1789, com Thomas Clarkson, tendo o Ato Contra o Comércio de escravos em todo o Império Britânico, em 1807. Quando se fala em escravidão, uma das coisas que logo vem à mente são o tráfico dessas pessoas.

Algo inconcebível nos dias de hoje – mesmo que ainda exista, pelo mundo todo, como o tráfico de crianças, mulheres… – Historicamente falando, em teoria, a Inglaterra do século 20 já estava “livre” do tráfico humano, mas parece que – como tudo – não é bem assim que as coisas funcionavam.

Precisamos lembrar que não temos o intuito de criticar, julgar, muito menos impor verdades absolutas. Nosso objetivo é único e exclusivo de informar e entreter. Por isso, o conteúdo dessa matéria se destina a aqueles que se interessarem e/ou identificarem.

A venda de esposas começou no século 17, uma solução para acabar de vez com um casamento, quando não se tinha meios econômicos para conseguir um divórcio. No entanto, acredita-se que esse costume teria realmente começado por volta do século 15 e que não teria qualquer base legal, mas também não era algo que fizesse o poder público se preocupar.

Segundo o escritor James Bryce em 1901, em zonas rurais, ainda existiam as vendas de esposas, mesmo que apenas as classes menos favorecidas praticassem e em raras ocasiões. Ao que se entendia quanto casamento nessas épocas, depois de casada, uma mulher não tinha mais direitos sobre si mesma, se tornavam propriedade (sim, propriedade) do marido.

01

Sua existência legal ficava “suspendida” e o marido assumia todo e qualquer direito, bem como responsabilidade, por ela. Para se terminar um casamento na Inglaterra, existiam 5 maneiras, sendo a última delas, não “legal”, a venda da esposa.

Vários autores afirmam que, como a mulher não podia se sustentar, preferia mudar de marido do que continuar com o que estava. Em muitos casos o comprador já era amante da esposa. Para o marido, era um meio de se livrar da mulher e de suas obrigações matrimoniais econômicas, já que, a partir da transação não precisaria mantê-la.

Por sua vez, o amante teria respaldo perante qualquer ação legal. Apesar de ter sido assim em alguns casos, não eram todos. O ritual era humilhante e consistia em fazer com que a esposa desfilasse com um cabresto no pescoço, cintura ou braços e era vendida a quem oferecesse mais.

A partir do século 19, muitas dessas vendas acabaram em tribunais e levantaram protestos. Porém, os juízes, em muitas ocasiões, consideraram não ter direito a intervir na venda, inclusive aconteceram casos em que o juiz obrigou o marido a leiloar sua esposa para que pudesse sustentar o resto de sua família.

wife-sell1457808704

Um real exemplo dessas histórias foi a publicada na “Revista do Cavalheiro” (volume nº4, abril de 1832, página 347), que conta a história do Duque de Chandos, Henry Bridges (1708-1771), hospedado em uma pousada quando viu um homem bater em sua esposa de maneira muito cruel.

Horrorizado com o que presenciara, comprou a mulher pela metade de “uma coroa”. A moça era jovem e bonita, não era de se esperar que eles se apaixonassem. O Duque a educou e treinou para ser uma grande dama e, quando sua esposa morreu, se casou com ela.

Em seu leito de morte, a moça reuniu toda sua família e contou sua história, de como tinha saído da pior das misérias para a prosperidade, para que todos viessem a acreditar na “Providência”.  Apesar da falta de ênfase sobre a venda de esposas, nessa história, podemos ter uma noção do quão comum era. Esse costume se estendeu a Austrália, Gales, Escócia e, até, Estados Unidos no início do século 20.

Então pessoal, o que acharam? Encontraram algum erro na matéria? Ficaram com alguma dúvida? Possuem sugestões? Não se esqueçam de comentar com a gente!

10 filmes de terror que tem como tema o exorcismo

Artigo anterior

14 tatuagens inspiradas em obras de arte que vão te surpreender

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido