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Como os percevejos sobreviveram à extinção dos dinossauros?

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Percevejos são pequenos parasitas que muitas vezes vivem em móveis ou roupas de cama. Suas mordidas podem desencadear coceiras, mas geralmente não causam outros problemas de saúde. Eles são mais ativos à noite e provavelmente são os moradores originais de sua casa. Mesmo não parecendo, as pequenas criaturas são mais resistentes do que se possa imaginar. Um estudo recente teve como ponto de partida a investigação sobre a maneira “completamente bizarra” em que os percevejos se reproduzem. Nesse ínterim, acabaram descobrindo que estes insetos são milenares, tendo aparecido na Terra muito antes do que nós. Amostras de DNA de 30 espécies, inclusive, revelaram que eles já existiam há pelo menos 115 milhões de anos. Isso sim é o que eu chamo de resiliência. No entanto, uma pergunta emerge: como os percevejos sobreviveram à extinção dos dinossauros? Já temos algumas pistas sobre este processo evolutivo?

Com o estudo publicado na revista Current Biology, já temos um ponto de partida. Afinal, por meio das análises, nós já temos a consciência de que os parasitas são anteriores aos seus primeiros hospedeiros conhecidos – morcegos – em mais de 50 milhões de anos.

Inseminação traumática

O professor Mike Siva-Jothy, do departamento de Ciências Animais e Vegetais da Universidade de Sheffield, fez parte da equipe de pesquisa. Ele explicou que sua investigação inicial foi sobre o que é conhecido como “inseminação traumática”. Os percevejos machos têm um pênis parecido com o formato de uma adaga, com o qual apunhalam a fêmea para inseminá-la diretamente na corrente sanguínea. Dessa maneira, o ponto de partida da pesquisa foi o de entender o processo singular na reprodução dos insetos. “É a versão reprodutiva da cauda do pavão – é tão radical”, disse o professor Siva-Jothy. “Esses animais são tão estranhos – eles não fazem nada como qualquer outro animal faz”.

Por causa disso, da estranheza dos percevejos, que as pesquisas se estenderam para outros horizontes. Siva-Jothy e seus parceiros de pesquisa passaram 15 anos coletando espécimes em cavernas remotas e penhascos. Depois que os pesquisadores coletaram diversas possíveis derivações do mesmo inseto, perceberam que seria possível rastrear as suas origens genéticas.

Mutações genéticas

A maioria das espécies procuradas estava escondida em cavernas remotas, onde se alimentam de seus hospedeiros de morcegos. Com as amostras, os pesquisadores foram capazes de construir a linha genética dos percevejos. As mutações que ocorrem espontaneamente no código genético das criaturas agem como um relógio molecular, permitindo aos cientistas rastrear a evolução dos insetos através de milhões de genes.

Steffen Roth, do Museu da Universidade de Bergen, na Noruega, liderou o estudo. “A primeira grande surpresa que descobrimos foi que os percevejos são muito mais velhos do que os morcegos, que todos supunham ser o primeiro hospedeiro. No entanto, nós ainda não temos conhecimento sobre qual era o anfitrião deles na época em que o T. rex andava pela Terra”, explicou.

O professor Siva-Jothy acrescentou que o “calcanhar de Aquiles” biológico dos percevejos poderia estar escondido em seu código genético. E, entendendo o que o afeta, poderíamos encontrar justamente as proteções que fizeram-no capaz de sobreviver quando todos os dinossauros não conseguiram.

Versatilidade ao seu favor

Além do tempo de origem, a nova análise revelou a complexidade de diferentes linhagens de percevejos. Algumas linhagens evoluíram para se alimentar de um único hospedeiro, enquanto outras linhagens permanecem generalistas. Talvez, dentro desta linha de raciocínio, a versatilidade da espécie tenha o servido como “escudo” contra os desastres que assolaram diversos outros animais.

“Essas descobertas nos ajudarão a entender melhor como os percevejos evoluíram as características que os tornam pragas eficazes”, disse Siva-Jothy.

Contudo, ainda há um mistério. Os cientistas determinaram que uma nova espécie de hospedeiros descobre como começar a se alimentar de humanos a cada meio milhão de anos. As espécies encontradas com maior frequência em residências, como o percevejo comum e o tropical, antecedem o surgimento dos humanos por vários milhões de anos. Isso que dizer que eles já se alimentavam de sangue antes mesmo de se adaptarem às atuais condições de vida na Terra?

Bom, só estudos futuros vão nos informar com mais precisão. Estamos no começo de um processo que desencadeará descobertas relevantíssimas para a ciência. Nós já sabemos que os percevejos sobreviveram à extinção dos dinossauros e que eles são hospedeiros mais velhos do que os próprios morcegos. O que descobriremos a seguir?

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