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Como se fazia gelo e sorvete antes do freezer?

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Até dois séculos atrás, o gelo era apenas um efeito colateral do inverno pela impossibilidade “criá-lo” por outros meios. Porém, no início de 1800, um homem viu a resposta se emancipar nas lagoas congeladas. Frédéric Tudor não apenas apresentou ao mundo copos com água congelada para amenizar dias quentes de verão, como também criou uma necessidade que as pessoas nunca perceberam que tinham. Afinal, você já se perguntou sobre como se fazia gelo e sorvete antes do freezer? Em 1805, dois irmãos ricos de Boston estavam em um piquenique em família, aproveitando os raros luxos de bebidas geladas e sorvetes. Eles brincaram sobre como suas bebidas geladas seriam motivo de inveja para os colonos na Índia Ocidental. Mal sabiam que essa nova proposta comercial poderia revolucionar o que entendemos a respeito da ordem natural de temperaturas.

Nada nos primeiros anos de Tudor indicava que ele inventaria uma nova indústria. Ele tinha capacidade para se manter em Harvard, mas abandonou a escola aos 13 anos. Depois de vagar por alguns anos, mudou-se para a propriedade rural de sua família para caçar, pescar e se aventurar pela agricultura.

Seu irmão William brincou que eles deveriam colher gelo do lago da propriedade para vendê-lo nas Índias Ocidentais. Contudo, Frederic não encarou aquilo como uma simples ideia fantasiosa.

Frederic convenceu William a se juntar a ele em um esquema para enviar gelo da Nova Inglaterra para o Caribe. Tudor argumentou que, uma vez que as pessoas tentassem, elas nunca mais quereriam viver sem isso. Durante os seis meses seguintes, os irmãos juntaram seu dinheiro e planejaram enviar seu produto para a ilha francesa de Martinica, onde esperavam criar um monopólio do gelo.

A empreitada do gelo

Ninguém acreditava que a ideia funcionaria. De fato, nenhum navio em Boston concordaria em transportar a carga incomum, de modo que Frederic gastou quase US $ 5.000 comprando um navio próprio. Embora o gelo tenha chegado à Martinica em perfeitas condições, ninguém queria comprá-lo. Tudor explicou desesperadamente como os blocos frios de gelo poderiam ser usados ​​no calor caribenho sufocante, mas os ilhéus não estavam convencidos.

Depois de um começo pouco auspicioso, William saiu da parceria. No inverno seguinte, Frederic estava completamente sozinho com a ideia. Conseguiu dinheiro suficiente para enviar outra remessa de gelo para as Índias e novamente tentou a sorte.

Contudo, quando um embargo comercial barrou as transações por dois anos, Frederic ficou sem saber o que fazer. Enquanto isso, a fortuna da família Tudor havia diminuído em um negócio imobiliário obscuro no sul de Boston.

A jornada promissora

Apesar dos infortúnios financeiros, Frederic persistiu. Seu negócio de gelo finalmente obteve lucro em 1810. Mas uma série de circunstâncias – incluindo guerra, clima e parentes precisando de socorro – o impediu de permanecer no negocio por muito tempo. Entre 1809 e 1813, ele desembarcou na prisão dos devedores por três vezes. Consequentemente, passou o resto do tempo se escondendo do xerife. A questão principal ainda persistia: como convencer as pessoas sobre a importância de se comprar gelo?

Em 1821, os negócios da Tudor estavam incrivelmente se fortalecendo. Ele havia criado uma demanda real por seu produto em Savannah, Charleston, Nova Orleans e até em Havana. Entretanto, ainda precisava refinar sua operação. Em 1847, depois de novas técnicas e uma equipe especializada por trás, quase 52.000 toneladas de gelo viajaram de navio ou trem para 28 cidades dos Estados Unidos.

Quase metade do gelo vinha de Boston. A maior parte era de Tudor. Ele também manteve os direitos de coleta de gelo para os principais lagos em todo o Massachusetts. O negócio de gelo finalmente mostrava-se promissor.

Mas afinal, como se fazia gelo e sorvete antes do freezer?

Durante milênios, antes da empreitada de Tudor, as pessoas ricas o suficiente faziam com que os criados coletassem neve e gelo formados durante o inverno. A armazenagem era realizada em poços subterrâneos revestidos de palha, mais conhecidos como “casas de gelo”. Contudo, os antigos persas se depararam com um pouco de física que lhes permitia criar gelo da água mesmo durante o verão. Inclusive, sem aparatos futurísticos como o freezer.

À noite, a Terra fica quente através do famoso “efeito estufa“. Dessa maneira, os gases da atmosfera ajudam a fixar o calor do Sol. Em noites claras com baixa umidade, no entanto, esse efeito é mais fraco. Os objetos podem irradiar seu calor diretamente para o espaço – um processo chamado “resfriamento radiativo”.

Os persas descobriram que isso permitia que camadas finas de água – em trincheiras construídas para o propósito – caíssem em uma temperatura baixa o suficiente para congelar. E esse processo poderia acontecer mesmo depois de dias quentes no deserto. Foi aí que encontraram a possibilidade, sendo futuramente intensificada com o negócio de Tudor e a publicização dos benefícios do gelo.

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