Longyearbyen é um pequeno povoado isolado no arquipélago norueguês de Svalbard, situado no extremo norte do planeta.
Devido à sua proximidade com o Polo Norte, os habitantes passam meses sem ver a luz do dia.
No entanto, apesar dessa condição aparentemente desoladora, a cidade é repleta de uma beleza natural surpreendente que faz seus moradores se sentirem privilegiados.
Mesmo vivendo em um lugar tão peculiar, eles são seres humanos comuns, pelo menos em parte.
Embora não sejam imortais, os cerca de 2.000 habitantes de Longyearbyen são proibidos de morrer na cidade, devido às condições climáticas extremamente frias que impedem a decomposição dos corpos.
Esta situação levou as autoridades a decretar uma lei em 1950 que proíbe os moradores de falecerem no município.
Pandemia em Longyearbyen
Décadas após uma pandemia de gripe devastar Longyearbyen em 1918, cientistas exumaram os corpos das vítimas e descobriram que algumas amostras do vírus ainda estavam ativas e poderiam infectar os moradores, mesmo depois de 80 anos.
Como o governo não pode impedir as mortes, quando um habitante está próximo da morte, geralmente recebe transporte para o continente para que o enterro ocorra lá.
A cremação é a única opção para quem deseja permanecer na ilha após a morte.
Além dos funerais serem raros em Longyearbyen, o número de nascimentos também é bastante reduzido.
A cidade conta com um pequeno hospital que teoricamente funciona como maternidade, mas as mães preferem voar para o continente em busca de mais conforto e comodidade para dar à luz.
Leis parecidas
Não é exclusividade da Noruega ter leis que proíbem os habitantes de morrerem.
Em 2012, o prefeito de Falciano del Massico, na Itália, tomou uma decisão semelhante, embora a cidade não tivesse um cemitério. No entanto, a proibição foi violada algumas vezes.
As cidades de Lanjarón, na Espanha, e Sarpourenx, na França, também promulgaram leis semelhantes, mas sem sucesso.
No Brasil, a moda também chegou. Em 2005, o então prefeito de Biritiba-Mirim, em São Paulo, tentou proibir os moradores de morrerem porque o cemitério da cidade estava lotado.
Segundo a medida, a família do falecido seria multada em caso de desobediência. No entanto, o projeto do Executivo municipal foi vetado pela Câmara local.
Quais as alternativas?
No caso de Longyearbyen, a lei proíbe somente o enterro de corpos no local, devido ao clima extremamente frio que impede a decomposição natural dos corpos.
Assim, as alternativas para quem morre na cidade são a cremação ou o translado do corpo para ter enterro em outro lugar que permita o enterro.
A cremação é uma opção para aqueles que desejam permanecer na ilha após a morte, pois as cinzas podem seguir para algum lugar especial.
Porém, para aqueles que desejam ter enterro em outro lugar, é necessário o translado do corpo. Nesse caso, ele deve ocorrer rapidamente para evitar o risco de contaminação.
Nesse caso, a família do falecido deve obter a autorização necessária das autoridades locais e seguir as regras estabelecidas para o transporte de corpos.
É importante destacar que o custo do transporte do corpo para outro lugar é bastante alto, o que pode ser um fator limitante para algumas pessoas.
Por outro lado, vale mencionar que Longyearbyen é uma cidadela atípica, com localização em ilha e diversos elementos distintos de vida. Assim, os moradores dificilmente permanecem no local conforme crescem.
Sem oportunidades de formação acadêmica, por exemplo, é comum que eles saíam do local conforme se tornam adultos. Em seguida, podem retornar após a velhice, ou pela família.
Entretanto, é mais fácil administrar essa lei diferente por conta das possibilidades de entrada e saída. Contudo, ainda é algo estranho para a maioria das pessoas.
Fonte: UOL
Imagens: Wikimedia, Daily Sabah, MSC Cruzeiros