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Conheça o gatinho que o Brasil queria enviar para o espaço

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Em 1957, a cadelinha Laika foi o primeiro animal a orbitar a Terra. Na época, Laika viajou a bordo da nave soviética Sputnik 2. Depois de Laika, outros animais também conheceram o espaço. Mas de todos, há uma passagem bem menos conhecida, a do gatinho brasileiro, chamado Flamengo.

Em 1958, foi quando o bichano estampou manchetes dos principais jornais do mundo. Flamengo tornou-se notícia, quando um militar do Exército do Brasil anunciou que o gato seria enviado em um foguete, para fora do nosso planeta.

Exército

Um dos pioneiros em pesquisas, sobre foguetes no Brasil, foi o Coronel Manoel dos Santos Lage, professor da Escola Técnica do Exército (ETE). O militar começou a atuar na área, no final da década de 1940. Na época, ainda era um aluno da instituição.

Para aperfeiçoar seus conhecimentos, foi enviado aos Estados Unidos. Na Universidade de Michigan, o militar estudou diversos temas, como, por exemplo, balística de engenhos autopropulsados, termodinâmica e engenharia de fluidos. Quando terminou os estudos, voltou ao Brasil. Aqui, Lage voltou a atuar em uma dezena de projetos de foguetes.

De todos os projetos, o mais ambicioso que liderou foi o Foguete Sonda I BD 360, que ficou conhecido como “Gato Félix”. O foguete em questão seria capaz de levar uma carga útil de 30 quilos, a uma altitude de 120 km.

O projeto, desenvolvido em parceria com outros oficiais, fez com que nosso país figurasse no seleto grupo de detentores de tecnologia espacial. Dentre os vários equipamentos, o Sonda I levaria também Flamengo, o primeiro ser vivo da América Latina ao espaço. O bichano seria abrigado em uma ogiva transparente.

O jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, foi um dos primeiros a anunciar o projeto. A reportagem informava que um gatinho viajaria em um compartimento isolado do dispositivo, com oxigênio suficiente para duas horas de vida.

“O animal será dotado de um aparelho transmissor, em forma de colete, e as variações de pressão serão captadas em terra por um receptor que permanecerá em contato com estações internas do foguete”, dizia o texto.

Repercussão

A história causou burburinho, tanto no cenário nacional, como internacional. Flamengo pertencia às filhas do Coronel Lage, Helly, de 15 anos, e Suelena, de 21 anos. A notícia, na época, deixou muita gente de boca aberta. A ideia de transportar um gato fez entidades protetoras de animais questionarem o projeto.

Além disso, a embaixada brasileira em Londres também começou a receber inúmeras cartas de ingleses indignados com a experiência. “Todas pedem ao embaixador brasileiro que use de sua influência junto ao seu governo para poupar ao pobre animal sofrimentos inúteis”, dizia a notícia do jornal Última Hora.

O gatinho também chamou atenção dos americanos. O jornal The Wilson Daily Times, da Carolina do Norte, foi um dos que estampou, em sua capa, uma foto do Flamengo dentro do foguete. “Lage espera que o gato volte à Terra com segurança, já que é o animal de estimação de suas duas filhas”, dizia o texto.

Flamengo, nesse ínterim, tornou-se uma celebridade. Em contrapartida, ao contrário do previsto, o gatinho não foi ao espaço em janeiro de 1959. Devido a problemas técnicos, a missão foi constantemente adiada. O lançamento acabou sendo remarcado para maio daquele ano. Porém, em seguida, a missão foi encerrada, e sem muito alarde. O que aconteceu?

“Não se sabe ao certo o que ocorreu no final do projeto do Foguete Sonda I, mas talvez o imediatismo da imprensa e as manifestações de alguns oficiais tenham colocado fim ao sonho do Coronel Manoel dos Santos Lage”, diz Dawson Izola, no livro “História dos Foguetes no Brasil”. Em 1960, a equipe de Lage foi desmantelada.

Nos anos seguintes, o projeto acabou tornando-se piada. Em suma, o gatinho desapareceu das páginas dos jornais brasileiros. O primeiro felino no espaço acabou sendo a gata Félicette, enviada por uma missão francesa, em 1963.

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