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Conheça o trabalho que essa atriz brasileira faz nas periferias da França

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Muitos ainda mantêm na mente a imagem egoísta do brasileiro, mesmo que esse seja um estereótipo ultrapassado, né? A gaúcha Neusa Thomasi é um exemplo perfeito de humanidade. Thomasi poderia ser, facilmente, uma grande atriz no Brasil ou até mesmo fora, visto que há 30 anos participou de uma turnê em Paris, quando ainda integrava o grupo Macunaíma, do dramaturgo Antunes Filho. Atuando em uma peça da companhia, apaixonou-se pela França e resolveu se mudar para o país. Logo trocou os palcos tradicionais do teatro por espetáculos com crianças e jovens que habitam as ruas periféricas de Paris.

Neusa contribui bastante para o desenvolvimento de políticas culturais no lugar, onde a maior parte dos moradores são imigrantes e isso causa o enorme número de desemprego. Afirma ainda que se interessa muito pela vida na periferia devido a sua “sensibilidade” e os problemas que enfrentam.

“A arte é uma ferramenta para o desenvolvimento de um povo. Ela deve ser um instrumento para acordar as pessoas e melhorar suas vidas. A função do artista é mudar a sociedade”, disse ela e uma entrevista dada a BBC Brasil. Antes de dedicar sua vida a essa causa, a gaúcha diz que tinha planos para atuar como atriz na Europa. Para que isso pudesse acontecer, ela já fez alguns workshops e estágios com grandes dramaturgos, das principais companhias teatrais do continente, como o polonês Jerzy Grotowski, na Itália e o inglês Peter Brook.

Thomasi também estudou na Academia Russa de Artes do Teatro, em Moscou, tendo as formações complementares em dança, canto, acrobacia e sapateado. Criou, na França, a Compagnie des Contraires (Companhia dos Contrários) em 1991. Foi após a participação da companhia no festival de teatro Avignon, um dos maiores da Europa, que ela desistiu de sua carreira. “Depois dessa experiência disse que nunca mais iria a Avignon. É tudo muito artificial. Nos grandes centros a arte é muito elitista. A arte tem de ter uma verdade”, afirma.

“Senti que o meu caminho era trabalhar com arte popular e desenvolver um trabalho nas ruas.” Contou ela. Sua trupe havia percorrido a pé os mais de 700 quilômetros existentes entre Paris e a cidade do sul da França, tudo isso por falta de recursos.

O começo

Tudo isso começou ainda no Rio Grande do Sul, quando era professora de educação artística e tinha como alunos ex-presidiários e domesticas que buscavam concluir o ensino médio. Foi aí que desenvolveu o que é chamado de “encenação de emergência”, ou seja, elaborar as atividades culturais ali e agora, levando em conta a necessidade do grupo. Ela descobriu por acaso, em 1995, os problemas de Chanteloup-les-Vignes, cerca de 40 quilômetros de Paris, muito conhecida por causa da violência urbana e onde a maior parte dos franceses opta por nunca visitar. Foi aí que se deparou com o “deserto cultural” da cidade, visto que até hoje não existem cinemas e nem casas de espetáculos. Logo decidiu se instalar e tornou a sede da Compagnie des Contraires.

O grupo desenvolve ainda projetos em várias outras periferias francesas. Sofreu muito no inicio de tudo, recebendo até mesmo ameaças de traficantes e ter seu veículo cultural queimado pelos mesmos. Thomasi conseguiu comprar outro. “Quando você trabalha nas ruas, vê tudo o que acontece. Isso não agrada aos traficantes. Além disso, os jovens que participam das minhas atividades tem menos chances de entrar no mundo das drogas.

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