Por 
Como companheira de muitas mulheres, vários mitos da celulite acabam assustando as pessoas.
Diante desse desafio dermatológico, a indústria de cosméticos investe em produtos destinados a combater ou eliminar essa peculiaridade, que teima em sair, sobretudo, no bumbum e nas coxas.
No entanto, surge a questão: esses produtos realmente funcionam? E, diante de tantas opções no mercado, em quais deveríamos confiar?
Segundo os especialistas, as fórmulas podem, de fato, contribuir para atenuar o problema, originado pelo aumento das células de gordura, conhecidas como adipócitos.
Esse aumento é desencadeado por práticas inadequadas, como uma dieta desequilibrada e a falta de atividade física.
A celulite se manifesta quando a expansão dos adipócitos prejudica a circulação sanguínea, dificultando o fornecimento de oxigênio e nutrientes a certas áreas do corpo, resultando no acúmulo de toxinas e propiciando inflamações.
A influência de hormônios, especialmente o estrogênio, agrava ainda mais a situação, promovendo a retenção de líquidos entre os adipócitos e contribuindo para as indesejadas irregularidades na pele.
Além disso, as fibras que conectam a pele aos músculos tornam-se rígidas, puxando o tecido para baixo e formando os característicos “buraquinhos” da celulite.
Nesse contexto, os ingredientes mais recomendados incluem retinol, cafeína, extratos de plantas como centella asiática e arnica, bem como antioxidantes, como as vitaminas C e E.
A escolha entre produtos comerciais disponíveis em farmácias ou lojas de cosméticos e produtos manipulados depende da decisão do paciente em conjunto com seu médico.
A vantagem dos produtos manipulados está na possibilidade de personalizar a concentração dos ativos, atendendo às necessidades específicas que podem não ser atendidas pelos produtos comerciais, como destaca a dermatologista Bárbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Via Freepik
Não espere milagres
No entanto, embora essas fórmulas possam contribuir para a melhoria da celulite, seus resultados tendem a ser discretos e temporários.
A dermatologista destaca que as evidências científicas respaldando a eficácia desses produtos são limitadas, muitas vezes baseadas em amostras reduzidas de pacientes.
Para obter resultados efetivos, a aplicação diária é crucial, preferencialmente após o banho, quando os poros estão dilatados, facilitando a absorção dos princípios ativos.
Usar os produtos após atividades físicas também é recomendável, aproveitando a circulação sanguínea acelerada nesses momentos.
Entretanto, é fundamental compreender que, para uma pele verdadeiramente mais suave, é essencial combinar os cosméticos com mudanças no estilo de vida.
Praticar exercícios, abandonar hábitos prejudiciais como fumar e adotar uma alimentação saudável, com baixo teor de sal, álcool, açúcar, e alimentos processados, além de ser rica em fibras e água, são medidas importantes.
A investigação do equilíbrio hormonal também é sugerida, pois desempenha um papel significativo na lipodistrofia ginoide, termo científico para celulite.
A paciência é crucial, já que a melhora pode demandar tempo, e a consistência é vital, como destaca a dermatologista Leticia Oba Galvão. Além disso, cuidados adicionais com a pele são fundamentais.
Manter a pele bem hidratada, ingerir bastante água e aplicar loções e cremes ajudam a aprimorar a textura e reduzir a aparência da celulite.
Massagens, como a drenagem linfática, são recomendadas para melhorar a circulação e reduzir a retenção de líquidos.
Tratamentos estéticos realizados por especialistas, como radiofrequência, lipocavitação e subcisão, também são opções bem-vindas para amenizar o quadro.
Mitos da celulite: o que é verdade e o que não é
A Agência Einstein consultou dermatologistas para esclarecer alguns mitos da celulite. Vamos conferir:
1. Refrigerante causa celulite
Mito. Até agora, não há estudos conclusivos que comprovem que os refrigerantes são a causa direta da celulite.
Contudo, aqueles ricos em açúcar, sódio e calorias podem favorecer o seu desenvolvimento.
2. Celulite é irreversível
Verdade em parte. A reversão ou cura completa representa um desafio para a dermatologia, pois não existe uma solução definitiva até o momento.
A adoção de hábitos mais saudáveis e tratamentos como drenagem linfática, subcisão e radiofrequência pode melhorar significativamente, mas não eliminará a celulite completamente.
A dermatologista do Einstein destaca que, apesar da variedade de tratamentos disponíveis, a eficácia dessas abordagens é imprevisível, pois cada indivíduo pode responder de maneira diferente.
Ela ressalta a importância de manter expectativas realistas e consultar um profissional de saúde para avaliar as opções disponíveis para cada caso.
3. A celulite é formada por gordura localizada
Verdade. A celulite está associada ao acúmulo de gordura sob a pele, resultando em ondulações e irregularidades na superfície do tecido. No entanto, isso não é a única causa do problema.
Fatores genéticos, hormonais, circulatórios, alterações no tecido conjuntivo, inflamações e um estilo de vida pouco saudável também contribuem.
Via Freepik
4. Exercício físico reduz a celulite
Verdade. A prática regular de exercícios, especialmente aqueles que visam tonificar os músculos, é uma recomendação valiosa.
O exercício não apenas melhora a composição corporal, mas também contribui para reduzir a visibilidade da celulite.
Além disso, eles auxiliam na melhora da circulação e na eficiência da drenagem linfática realizada naturalmente pelo organismo, ao contrário do que dizem os mitos da celulite.
5. Celulite é exclusiva das mulheres
Mito. Embora apareça predominantemente nas mulheres, a celulite não é exclusiva do sexo feminino.
Os homens também podem apresentá-la, embora com uma prevalência consideravelmente menor, estimada em cerca de 10%. Essa disparidade é atribuída à estrutura do tecido conjuntivo.
Nas mulheres, as fibras do tecido conectivo que sustentam a pele são mais verticais, enquanto nos homens são mais cruzadas ou formam uma rede.
Essa diferença estrutural torna as mulheres mais suscetíveis ao desenvolvimento da celulite, pois a orientação vertical facilita a “pressão” da gordura através do tecido, resultando em irregularidades na pele.
6. Ligação entre celulite e excesso de peso
Verdade em parte. O excesso de peso aumenta as chances de desenvolver a lipodistrofia ginoide, já que o acúmulo de gordura pode acentuar a aparência da celulite. No entanto, o peso excessivo não é o único fator envolvido.
É crucial reconhecer que a celulite pode afetar pessoas em diferentes faixas de peso, destacando a importância de abordagens holísticas para melhorar o problema.
7. Alimentação influencia na celulite
Verdade. Alguns estudos indicam que uma dieta rica em proteínas pode contribuir para a redução da celulite, e a perda de peso, independentemente da dieta específica, pode melhorar sua aparência.
No entanto, ao contrário dos mitos da celulite, manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada e rica em frutas, legumes e proteínas magras, é essencial para reduzir a celulite, considerando sua natureza multifatorial.
8. Genética influencia na celulite
Verdade. A hereditariedade desempenha um papel significativo na celulite. Fatores genéticos, como etnia, biótipo e distribuição corporal, são relevantes.
Mulheres com curvas mais acentuadas, como latinas, têm maior risco de desenvolver celulite em comparação com aquelas de etnia eslava, que possuem corpos mais retos e alongados.
Fonte: Revista Galileu
Comentários