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É possível morrer de tédio?

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Para muitas pessoas, não há nada pior do que ficar em casa sem nada para fazer. Sem nenhum lugar para ir, pessoas para visitar ou simplesmente estarem sozinhas. Quando isso acontece, algumas dessas ficam com um sentimento de vazio, algo incomodando por dentro. Na verdade, essa sensação também pode surgir pela falta de interesse naquilo que se está fazendo ou o ambiente ao nosso redor. Tal sentimento é o que comumente chamamos de tédio.

Mas não se assuste, ser tédio é normal. Muito provavelmente você sentira isso algumas vezes ao longo de sua vida. ‘Morrer de tédio’ é uma expressão muito comum quando queremos enfatizar o quão entendiados estamos em relação a alguma coisa. Mas, você já se perguntou se alguém poderia, de fato, morrer de tédio?

A resposta inicial seria: mais ou menos. Ninguém morre diretamente de tédio. Por outro lado, tal sentimento aumenta a probabilidade de que diversas outras coisas o coloque mais perto da cova. Uma pesquisa realizada no final da década de 1980, onde participaram mais de 7.500 servidores públicos londrinos com idades entre 33 e 55 anos, questionou o quanto as pessoas estavam entediadas com seus trabalhos no último mês. A eles também foi questionado sobre o quão saudáveis e fisicamente ativos eles acreditavam que eram.

Cerca de 7% das pessoas relataram terem se sentido ‘bastante’ entendiadas no mês anterior. Cerca de 2% delas se disseram ‘muito’ entediadas. Aqueles que relataram que estavam mais entendiados também afirmaram realizar menos atividades físicas e classificaram pior o quão saudáveis eles imaginavam que estavam.

Morto de tédio

Já em 2009, algumas décadas após a publicação dos resultados da pesquisa, um grupo de pesquisadores de saúde publica consultou dados da pesquisa e o registro central do Serviço Nacional de Saúde britânico para descobrir quais daquelas pessoas haviam morrido. E, quantos deles ainda restavam vivos.

Assim, eles descobriram que aqueles mais entediados tinham maior probabilidade de ter morrido. Além de ter mais de duas vezes maios chances de ter uma doença cardiovascular fatal. Uma outra observação em relação a pesquisa é que o a probabilidade de morte ligada ao tédio parecia ser cumulativo.

Ao longo dos anos foram coletados dados e novas pesquisas realizadas. As pessoas que se disseram entendiadas por várias vezes tinham maior probabilidade de morrerem. Isso em comparação a aqueles que se disseram entediadas apenas uma vez.

A conexão tédio-morte segundo o que pensaram os pesquisadores poderia ter se formado porque pessoas entendiadas tinham mais probabilidade de se sentirem desmotivadas, insatisfeitas e infelizes. O que poderia desencadear comportamentos não saudáveis como beber e fumar em excesso. Bem como comer demais ou consumir drogas. esses hábitos aumentariam os riscos de derrame e doenças cardíacas. Estar entendiado “é quase certamente uma ponte para outros fatores de risco”, escreveram os pesquisadores.

Pesquisas

Outras pesquisas lincaram o tédio a tomada de decisões prejudiciais a saúde. Pesquisadores de Baltimore, nos EUA, descobriram que, entre usuários de drogas em centro urbanos, aqueles que se disseram mais entediados tinham maior probabilidade de relatarem sintomas de depressão. Além de se envolverem em práticas de risco como sexo desprotegido e compartilhamento de seringas e agulhas.

No Reino Unido, um psicólogo e um engenheiro entrevistaram motoristas. Eles descobriram que aqueles mais propensos a ficarem entediados na estrada tinham maior probabilidade de se envolverem em hábitos que os colocavam em alto risco de acidentes e batidas. Isso muitas vezes na tentativa de tornar a condução menos “chata”.

A psiquiatra Katya Rubia explicou no livro Boredom: A Lively History, ainda sem título em português, que as crianças com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) se “automedicam” para curar o tédio. De acordo com o psicólogo Peter Suedfeld, em entrevista ao Mental Floss, “as pessoas às vezes fazem coisas imprudentes e estupidas quando sofrem de tédio crônico”.

Segundo Suedfeld, uma pessoa trabalhando em uma estação de pesquisa na Antártida, por exemplo, poderia sair para um passeio sem casaco em um local onde a temperatura pode chegar a atingir -40ºC.

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