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Entenda porque o Pantanal está vivendo a maior tragédia em décadas

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De acordo com especialistas, o Pantanal está vivendo a maior tragédia em décadas. Isso porque, o bioma passa pela fase mais crítica de sua história recente. Sendo considerada a área úmida continental do planeta, o período de secas que a região enfrenta está preocupando ambientalistas.

Apenas na primeira metade de 2020, de janeiro a julho, a região do Pantanal atingiu o menor nível de água em quase cinco décadas. Dessa forma, entre os fatores que contribuíram para isso, estão o aumento do desmatamento, o fato das chuvas se tornarem mais escassas e o aumento de incêndios na região.

A região atingiu o menor nível de água em cinco décadas

Muito disso se deve pela diminuição da fiscalização por parte poder público. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os primeiros sete meses deste ano foram os que registraram o maior número de queimadas em comparação com o mesmo período em anos anteriores. Para se ter uma ideia, não vemos dados tão assustadores desde o final dos anos 90, que foi quando o Inpe se tornou referência para monitorar focos de calor em território brasileiro.

No mês de julho deste ano, o Pantanal teve o maior número de incêndios florestais dos últimos 22 anos. Segundo o Inpe, nesse período, foram registrados 1.684 focos de queimadas. Para uma rápida comparação, em julho de 2019 foram apenas 494, o que já é um número alto, mas nada comparado ao deste ano. Até julho, o maior número de queimadas registradas em julho havia sido de 1259, no ano de 2005. Dito isso, pesquisadores apontam que a situação não deve melhorar, pelo menos não dentro dos próximos meses. Mas, alertam que medidas precisam ser tomadas.

Cidades dos estados de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso sentiram as consequências dos números de julho. Desse modo, essas regiões chegaram a ficar cobertas por fumaças vindas dos incêndios no Pantanal. E claro, por conta da atual pandemia, a situação somente piora, uma vez que problemas respiratórios se tornam mais graves.

Tudo o que está acontecendo é consequência da ação humana

De acordo com Vinícius Silgueiro, engenheiro florestal e coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), o Pantanal vive a maior tragédia ambiental das últimas décadas. “Esse cenário de redução de chuvas no primeiro semestre do ano, o menor nível do rio (em período recente) e, principalmente, os incêndios de grandes proporções indicam isso”, afirma Silgueiro. Para Marcos Rosa, geógrafo e coordenador técnico do MapBiomas, iniciativa que monitora a situação dos biomas brasileiros, não podemos simplesmente nos acostumar com esse tipo de situação. Mais do que nunca, os efeitos da ação humana estão sendo sentidos na pele. Portanto, é precisar tomar uma atitude. “E o receio é que isso seja um ‘novo normal’, como consequência das mudanças acumuladas causadas pelo homem, que alteram o ciclo de chuvas, seca e das inundações naturais do Pantanal”, afirma Rosa.

Segundo dados da Marinha do Brasil, o nível das águas do rio Paraguai, principal formador do Pantanal, chegou a 2,10 metros em junho. Em outros tempos, esse mês costumava marcar o pico do rio. Entretanto, ao contrário do esperado, essa foi a menor marca dos últimos 47 anos. “Agosto e setembro são os períodos mais secos. As chuvas costumam começar em outubro. Mas neste ano pode demorar ainda mais”, afirma Carlos Roberto Padovani, biólogo e pesquisador da Embrapa. “Se essa tendência de queda da inundação permanecer, pode levar até à falta de água na região. O Pantanal pode deixar de ser o que é hoje. Ele pode se tornar um outro cenário, que não sabemos qual pode ser”, afirma Felipe Dias, do Instituto SOS Pantanal.

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