Curiosidades

Espermatozoide animal mais antigo do mundo é descoberto em âmbar de 100 milhões de anos

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O esperma é fundamental para a fertilização de quase todos os organismos vivos da Terra, incluindo os seres humanos. Na reprodução humana, o esperma precisa nadar uma distância que equivale à escalada do Monte Everst até conseguir encontrar o óvulo.

O espermatozoide humano já é bem conhecido e estudado. Agora, um pedaço de âmbar de 100 milhões de anos revelou a amostra mais antiga de esperma animal. E cada célula individual e extremamente longa.

E não só o tamanho desse espermatozoide impressiona, sendo várias vezes maior do que o humano. Mas sim sua procedência. Ele vem de um crustáceo parecido com o camarão menor que uma semente de papoula.

Esse bivalve antigo tem apenas 0,6 milímetros e pertence a uma classe que ainda é viva de microcrustáceos que é conhecida como ostracodes. Eles são famosos por abrigar espermatozoides até dez vezes maiores que eles.

Pode parecer impossível, mas quando  as células microscópicas são torcidas e emaranhadas em pequenas bolas elas conseguem viajar pelo trato reprodutivo feminino de forma fácil. E ainda se defendendo de outros emaranhados menores na competição.

Espermatozoide

Os pesquisadores usaram um micro-tomógrafo para revelar 39 parentes antigos do crustáceo. Todos eles estavam na mesma fatia de âmbar. O que foi mais surpreendente é que essa comunidade congelada ainda tem algumas das mesmas características reprodutivas que são vistas nos ostracodes hoje, inclusive os espermatozoides gigantes.

Além desas semelhanças, os corpos fossilizados também tinham bombas de esperma, óvulos e receptáculos femininos cheios de esperma.

“O fato de os receptáculos seminais da fêmea estarem em um estado expandido devido ao preenchimento com esperma indica que a cópula bem-sucedida ocorreu pouco antes de os animais ficarem presos no âmbar”, escreveram os autores.

Os autores admitiram que medir células individuais nessas massas emaranhadas é impossível. Mas eles dizem que os espermatozoides tem, pelo menos, 0,2 milímetros. Esse tamanho é pelo menos um terço do comprimento total do corpo da criatura antiga.

Essa amostra também é de longe a mais antiga de esperma animal. Por mais que outros fósseis de ostracodes de cem milhões de anos atrás tenham mostrado indícios de órgãos reprodutivos gigantes, os pesquisadores nunca tinham tido acesso em mãos a uma amostra real dessa época.

Em 2014, ostracodes de água doce de 16 milhões de anos foram  descobertos em uma caverna na Austrália. E foram encontrados contendo espermatozoides de 1,2 milímetros de comprimento. Mas a nova descoberta em Mianmar é 83 milhões de anos mais velha.

Nesse tempo todo, a reprodução do ostracode parece que permaneceu praticamente a mesma. Ela é “um exemplo supremo de estase evolutiva”, disseram os pesquisadores.

Observações

Na sua reprodução sexuada, tanto os ostracodes antigos como os modernos, provavelmente, usam seus quintos membros como um “gancho” para agarrar as fêmeas. Depois que eles seguram, eles conseguem inserir seu tecido erétil e bombear um “espermatozóide excepcionalmente longo, mas imóvel”. Eles são empurrados por dois canais longos de esperma no corpo feminino.

Os pesquisadores pensam que, uma vez que os espermatozoides atingem os receptáculos seminais eles começam a se mover e estabelecem uma “assembleia organizada” para que possam começar a fecundar os óvulos.

À primeira vista pode parecer contraprodutivo que algumas das menores criaturas da Terra produzam alguns dos maiores espermatozoides. Quando as fêmeas copulam com mais de um parceiro o esperma deve competir. E os cientistas acham que ter espermas maiores nesse caso pode ser mais vantajoso.

Essa descoberta é bastante notável. Não só porque o âmbar preservou tecidos moles de vários indivíduos por cem milhões de anos. Mas também por conta de todas as semelhanças.

“O clasper masculino, bombas de esperma, hemipenos e receptáculos seminais femininos com espermatozoides gigantes de ostracodes fósseis revelam que o repertório comportamental da reprodução, que está associado a adaptações morfológicas consideráveis, permaneceu inalterado por pelo menos 100 milhões de anos”, concluíram os autores.

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