As pessoas costumam pensar que um dia, quando elas tiverem passado dessa para uma melhor, serão enterradas próximo de seus familiares. Alguns preferem ser cremados e que suas cinzas sejam despejadas em algum lugar especial, como o mar.
Mas a vida pode ser bastante surpreendente e as coisas podem, e quase sempre é isso que acontece, não sair como foram planejadas. Coisas surpreendentes podem vir a acontecer. Mesmo que você já esteja morto e não possa mais testemunhar.
E foi exatamente isso o que aconteceu com Eugene Shoemaker. Ele treinou astronautas e “fundou” uma nova ciência. Gene, como é mais conhecido, é considerado o pai da astrogeologia.
O grande sonho
Nascido em 28 de abril de 1928, em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos, Gene foi uma das maiores mentes do século XX. O trabalho realizado com as crateras de impacto afetou, desde as missões Apollo da NASA, até debates sobre a extinção dos dinossauros.
Em 1992, devido as suas contribuições para a humanidade, o estadunidense foi premiado com a Medalha Nacional de Ciências pelo então presidente George H. W. Bush.
O cientista possuía uma grande admiração por nosso satélite natural, a Lua. Ele a estudou por muitos anos de longe e sonhava em poder um dia vestir o traje especial dos astronautas e caminhar sobre sua superfície. Entretanto Gene nunca teve a oportunidade.
Ele sofria da doença de Addison, algo que destruiu seus sonhos de se tornar um astronauta. Porém, em 1998, depois de sua morte, suas cinzas foram depositadas próximo ao pólo sul lunar. O que tornou Gene a primeira e, até o presente momento, a única pessoa a ser enterrada na Lua.
Um final comovente para um homem que fez tantas contribuições para a ciência como ele. Gene era geólogo por formação. As crateras eram uma de suas especialidades e ele possuía verdadeira paixão em estudá-las.
Gene ajudou a confirmar que a famosa Cratera de Barringer, de cerca de 173 metros de profundidade, localizada perto de Winslow, no estado norte americano do Arizona, foi formada devido ao impacto de um asteroide.
O geólogo defendia a hipótese de que um impacto similar ao que foi responsável pela morte dos últimos dinossauros não-aviários há 66 milhões de anos. Com seus estudos sobre as crateras da Lua, ele revolucionou nossa compreensão de sua geologia.
Enterro lunar
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (SGEU), em 1961, criou o Programa de Pesquisa em Astrogeologia. Gene, por vezes chamado de pai da astrogeologia, foi escolhido para liderá-lo. Ele também foi recrutado pela NASA para realizar outras tarefas.
Ele auxiliou no treinamento de futuros astronautas da Apollo em viagens de campo para a Cratera de Barringer, entre outros locais, onde eles puderam coletar amostras de rochas. Seu trabalho ainda auxiliou na descoberta do Cometa Shoemaker-Levy 9.
Nessa descoberta, Gene contou com a ajuda de sua esposa e colega de trabalho, Carolyn. Em 18 de julho de 1997, o casal se envolveu em um acidente de carro. Carolyn acabou sobrevivendo, mas aquele era o fim da linha para Gene.
No dia seguinte a sua morte, Carolyn, que era planetóloga da Universidade do Arizona, organizou para que algumas poucas gramas das cinzas de Gene fossem colocadas a bordo da espaçonave Lunar Prospector da Nasa.
As cinzas foram depositadas em uma urna de policarbonato. Em volta da urna foi colada uma foto da Cratera de Barringer e uma citação do clássico de Shakespeare, Romeu e Julieta.
Em 6 de janeiro de 1998, a espaçonave foi lançada do Cabo Canaveral, na Flórida, em direção à Lua. Algum tempo depois, a embarcação caiu deliberadamente próxima ao polo sul lunar. Junto estavam as cinzas do cientista. O objetivo da espaçonave era buscar água no satélite natural.
“Isso traz um certo fechamento, de certa forma, aos nossos sentimentos”, disse Carolyn Shoemaker, em um comunicado de imprensa em 1998, sobre o enterro de seu marido. “Nós sempre saberemos quando olharmos para a lua, que Gene está lá”.
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