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Filhotes nasceram de camundongos de mesmo sexo, entenda

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A ciência está sempre evoluindo e pesquisas novas sempre surgem a cada dia. Em uma nova pesquisa de acasalamento, a ciência conseguiu criar novas vidas sem precisar de um macho e uma fêmea. Os cientistas chineses usaram edição genética e células tronco que ajudaram camundongos do mesmo sexo a gerarem filhotes.

Um estudo desse tipo já tinha sido realizado com as mães de camundongos. Mas esse novo estudo é o primeiro a ser realizado com camundongos machos. No entanto, essa tecnologia está longe de ficar pronta e de ser usada em humanos. Nas pesquisas, os filhotes que nasceram de duas fêmeas conseguiram ser saudáveis e tiveram seus próprios filhotes. Já os de dois pais, morreram logo depois de nascerem.

O estudo foi publicado na revista científica Cell Stem Cell, e é um avanço promissor para uma compreensão melhor das barreiras que impedem o acoplamento genético entre os indivíduos do mesmo sexo. O estudo também levantou questões éticas entre os especialistas e também preocupações com a saúde da prole.

“Quando a segmentação genética é realizada, podem ocorrer alguns efeitos colaterais indesejáveis. Outras sequências que não se pretendia alterar, podem acabar sendo alteradas”, diz Azim Surani, biólogo do desenvolvimento da Universidade de Cambridge, que não participou do estudo.

O foco do estudo não é para ser aplicado nos seres humanos, mas isso não impede que aconteça em breve. “Não podemos afirmar que essa técnica nunca será utilizada em humanos futuramente”, diz o autor principal, Wei Li, da Academia Chinesa de Ciências.

“Teremos que pensar muito, como sociedade, sobre qual será nosso limite para fazer esse tipo de pesquisa”, declara Sonia Suter, professora de Direito na Universidade George Washington, especializada em bioética e políticas de saúde.

Estudo

O estudo faz parte de uma série de trabalhos que tentam contornar um problema que é chamado imprinting, que é marcação genética. Nos humanos, os genes são agrupados em 23 pares que são herdados da mãe e do pai. Mas vários animais não se desenvolvem da mesma maneira e podem ter filhotes sem a contribuição genética de um macho.

Só que mamíferos com placenta não têm essa possibilidade. “Há uma barreira, e essa barreira faz o imprinting”, explica Surani. Isso porque ele acontece durante o desenvolvimento do espermatozoide e do óvulo quando os marcadores se anexam aos cromossomos, influenciando a função do gene.

Segundo Surani, não se sabe ao certo porque esse processo acontece com os mamíferos com placenta. Talvez seja porque os marcadores ajudam a equilibrar o desenvolvimento do embrião.

Camundongo

Os cientistas usaram o que eles chamam de células tronco embrionárias haploides. Elas têm um único conjunto de cromossomos e são cultivadas a partir de células de espermatozoide ou óvulos. Isso reduz o número de marcadores genéticos problemáticos.

Depois disso, eles usaram um “tesoura molecular” para cortar os segmentos que poderiam causar problemas no imprinting. No caso das fêmeas, foi preciso deletar três regiões e nos machos, foi preciso cortar sete.

“Para gerar um indivíduo, você precisa ter um óvulo, e os machos não possuem óvulos”, observa Richard Behringer, biólogo do desenvolvimento da Universidade do Texas, que não participou do estudo. Então o que a equipe fez foi injetar espermatozoide e as células-tronco embrionárias haploides em um óvulo imaturo sem núcleo. Essa é a parte da célula que tem a maior parte do material genético.

Eles descobriram primeiro que se colocassem esse óvulo modificado em um útero, o mesmo não se desenvolveria. Então eles precisaram promover o seu desenvolvimento fora do útero antes de inserir os filhotes em desenvolvimento na barriga de aluguel.

Os pais geraram os filhotes sem a contribuição genética feminina. E isso é uma coisa extremamente rara na natureza. “Antes de iniciarmos o nosso estudo, não sabíamos se a reprodução bipaterna poderia ser realizada ou não”, observa o autor principal, Zhikun Li.

“Se eles prosseguirem com isso e brincarem com esses genes de imprinting… iremos aprender muito sobre isso”, diz Monika Ward, da Universidade do Havaí, sobre a nova pesquisa.

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