Natureza

Fóssil de trilobita de 465 milhões de anos descoberto com conteúdo intestinal intacto

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Na região oeste da Boêmia, na República Tcheca, cientistas realizaram uma descoberta incrível: um trilobita fossilizado com seu conteúdo intestinal surpreendentemente bem preservado.

Essa descoberta extraordinária traz informações sem precedentes sobre a dieta e a digestão desses antigos artrópodes marinhos, que habitaram nosso planeta cerca de 465 milhões de anos atrás.

Os trilobitas, criaturas marinhas extintas que lembram porquinhos-do-mar, têm intrigado os cientistas há muito tempo devido à sua relevância nos ecossistemas marinhos por mais de 270 milhões de anos.

O exemplar de trilobita examinado nesta pesquisa recente é conhecido como Bohemolichas incola e mede menos de 5 cm de comprimento. Sua carapaça superior é dura e articulada, enquanto a parte inferior, que teria abrigado várias pernas, não foi preservada.

Conforme relatado no estudo publicado na revista Nature, os pesquisadores identificaram conchas fragmentadas de diversos organismos marinhos no intestino do trilobita, incluindo ostracodes, estilóforos, hiolitos e bivalves.

“Esta é a primeira vez que encontramos um intestino de trilobita onde podemos realmente determinar sua dieta. Até agora, não tínhamos evidências diretas das dietas desses animais muito comuns, diversificados e ecologicamente importantes”, disse Per Ahlberg, um dos autores do estudo da Universidade de Uppsala, na Suécia.

Via Fandom

Descobertas

As descobertas sugerem que o Bohemolichas incola era um necrófago oportunista, alimentando-se tanto de animais mortos quanto vivos.

Parece que esse trilobita era um consumidor rápido e voraz, ingerindo qualquer coisa que coubesse em sua boca. Os pesquisadores acreditam que esse comportamento pode estar relacionado com o processo de muda do animal.

“Aparentemente, ele se alimentava de maneira rápida e indiscriminada, consumindo qualquer coisa que encontrasse e que fosse suficientemente pequena para caber em sua boca. Suspeitamos que esse comportamento voraz possa ter relação com a preparação do animal para a muda”, explicou Ahlberg.

É interessante observar que os cientistas também notaram que o pH intestinal do trilobita era elevado, similar ao de caranguejos modernos e caranguejos-ferradura. Isso sugere que um pH intestinal mais alto pode ser uma característica ancestral entre os artrópodes.

O espécime de trilobita estudado nesta pesquisa era de 1908, mas não tinha descrição formal até agora.

Surpreendentemente, o fóssil também revelou evidências de outros animais que se enterraram em sua carapaça, visando os tecidos moles e evitando o intestino. Isso sugere que as condições no sistema digestivo do trilobita podem ter sido prejudiciais para esses necrófagos.

Entendendo o passado

A análise desse fóssil de trilobita com conteúdo intestinal parece simples, mas traz percepções valiosas para a ciência.

A análise do conteúdo intestinal pode ajudar os cientistas a compreender o papel ecológico desempenhado por essas criaturas nos ecossistemas marinhos do passado. Isso pode incluir insights sobre como os trilobitas interagiram com outras espécies, como sua presa, predadores e competidores.

Além disso, por ser um consumidor voraz que ingeria tanto animais mortos quanto vivos, levanta questões sobre a relação entre o comportamento de alimentação desses animais e seu ciclo de vida.

Via Só Científica

Essas descobertas podem ajudar a entender melhor essa vivência, alimentação e as estratégias de sobrevivência dos trilobitas.

Ainda, sabe-se que o pH intestinal do trilobita era semelhante ao de caranguejos modernos e caranguejos-ferradura sugere uma característica ancestral nos artrópodes.

Isso pode ajudar a reconstruir a evolução dos sistemas digestivos em artrópodes e entender como essas características evoluíram ao longo do tempo.

De modo geral, a análise do conteúdo intestinal do trilobita pode oferecer informações sobre o ambiente marinho em que esses animais viveram, inclusive com dados que ainda não temos sobre o ecossistema antigo.

Vale reforçar que a preservação desse fóssil estava impressionante, e levanta possibilidades de avaliar como aconteceram os processos de fossilização e preservação em condições específicas. No futuro, será útil para entender por que alguns fósseis têm uma boa preservação e outros não.

 

Fonte: Só Científica

Imagens: Só Científica, Fandom

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