Você deve estar por dentro do desastre que ocorreu em Minas Gerais no início do mês. A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais informou que as atividades da mineradora Samarco estão suspensas desde o dia 6. Segundo a secretaria, o único trabalho que a mineradora está autorizada a fazer é reparar os danos causados pelo tsunami de lama tóxica que eles não se interessaram em evitar.
Esse episódio triste e a princípio mal noticiado pela imprensa televisiva, é o pior crime ecológico já cometido no Brasil e toda população do nosso país aguarda pelas sanções que devem ser aplicadas aos responsáveis. Até lá, as pessoas se solidarizam com as vítimas e tentam ajudar às pessoas e à natureza como podem.
Na semana passada, a lama tóxica já havia chegado no Espírito Santo, e é do município de Colatina que vem a iniciativa que relataremos aqui. A equipe do Jornal Zero Hora acompanhou os pescadores que, do outro lado do Rio Doce, montaram um pequeno açude com recursos próprios para tentar salvar peixes antes que a lama chegue na região.
Batizada de A Arca de Noé, a força tarefa tenta preservar o sustento de milhares de famílias que agora estão ameaçadas a medida que a lama avança. Eles relatam o sofrimento que é ver morrer o cenário natural que eles cresceram vendo. A força tarefa já salvou mais de 6 mil peixes de 20 espécies diferentes. A expectativa de quem vive da pesca são as piores.
Além da tristeza de presenciarem um rio morrer pelas vias da ganancia humana, os pescadores não sabem como ficaram as comunidades que dependiam da pesca: “Tá difícil para o pescador viver aqui. Os peixes estão morrendo. O governo, a prefeitura, têm de nos ajudar agora. Vai ficar cada vez mais difícil para nós. Nós fizemos esse poço para botar os peixes para viver. Estamos salvando a vida deles. Vamos continuar trabalhando aqui, salvando os peixinhos, dia e noite, até que a lama chegue” disse o pescador João Areia ao Jornal ZH.
O único aspecto positivo dessa situação é realmente a união das pessoas pelo sentimento de perda. O padrinho da iniciativa, Edson Negrelli, disse que é incrível o envolvimento de todos, mesmo os que não são pescadores. “Sempre foi muita fartura. Imaginar que isso tudo acabou agora é muito difícil” – Afirmou.
A lama chegaria dia 9 em Colatina, mas como o tsunami perdeu força, a população teve mais tempo pra se preparar armazenando água potável etc. Quanto ao desfecho das investigações e indiciamento dos responsáveis, o mundo todo continua no aguardo.
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