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História tocante de enfermeira que adotou garoto com paralisia abandonado pelos pais

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Adotar é um ato que exige muito amor, e quando se trata de uma criança com problemas de saúde, exige mais ainda dedicação e cuidados. Isso faz com que muitas pessoas não adotem crianças com algum tipo de limitação ou doença grave. No Brasil, apenas 10% das pessoas na fila de adoção escolhem crianças com alguma deficiência. A enfermeira Solange Maria Pires, de 56 anos, felizmente é uma delas. Ela não pensou duas vezes antes de adotar Ronei Gustavo Pires, um garotinho que sofre de paralisia cerebral e uma série de outras complicações de saúde.

O garoto, que foi abandonado pela família biológica quando tinha menos de um ano de idade, teve a sua vida mudada quando Solange foi cuidar dele. Depois de passar por vários problemas de saúde e várias internações, a família alegou não ter condições psicológicas e financeiras de cuidar do garoto. A enfermeira, que já tinha outros dois filhos adultos, adotou o garoto que precisa de cuidados 24 horas por dia. Hoje, com 12 anos, Ronei superou as expectativas dos médicos que disseram que ele não passaria dos 8 anos. Isso tudo é graças à sua mãe, que se dedica integralmente aos cuidados do menino em razão de seu quadro grave. O jovem sobrevive com a ajuda de aparelhos. A história de Ronei e Solange é um exemplo de amor e solidariedade.

O garoto           

Ronei nasceu com agenesia do corpo caloso, que é uma má-formação congênita. Neste caso, a pessoa não possui a estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais. Além disso, ele também tem neuropatia crônica, decorrente da falha na formação do cérebro. A neuropatia atinge o sistema nervoso e afeta o desenvolvimento de funções como a postura e os movimentos.

Desde que nasceu, o menino apresenta um grave quadro de convulsões. Quando tinha apenas oito meses de vida, ele teve um caso de broncoaspiração, que é quando alimentos ou líquidos são aspirados pelas vias aéreas. Esse episódio piorou ainda mais o estado de saúde de Ronei. Logo depois de completar um ano, ele foi diagnosticado com paralisia cerebral e começou a viver em estado vegetativo.

Todas essas complicações de saúde fizeram com que os pais biológicos de Ronei o abandonassem antes mesmo do menino completar um ano de vida. Depois do abandono, o garoto foi encaminhado para um lar de crianças e adolescentes à espera de adoção, na cidade de Cuiabá, no Mato Grosso.

Os problemas de saúde do garoto só pioraram. Já no lar para crianças, ele teve uma infecção e foi encaminhado novamente ao hospital, onde ficou internado durantes meses. Até que a justiça do estado determinasse que ele recebesse o auxílio de internação domiciliar para crianças, o chamado home care.

Na época, Solange trabalhava como enfermeira em uma empresa que prestava serviços de home care. Ela conheceu Ronei quando a sua equipe foi designada para cuidar do menino.

A adoção

Solange Maria Pires é divorciada e morava sozinha quando decidiu adotar Ronei. Seus outros dois filhos, hoje com 33 e 37 anos, já eram casados e não moravam mais com a mãe. A decisão de adotar o menino, que vive em estado vegetativo, foi desencorajada pelos conhecidos. “Algumas pessoas me desaconselharam, me disseram para viver uma fase mais tranquila, pois meus filhos já estavam criados. Mas eu não tive dúvidas de que deveria cuidar do Ronei. Ele é meu filho, assim como os outros dois que eu pari”, disse ela à BBC Brasil.

“Eu sinto o mesmo amor pelos meus três filhos. Mas sei que me dedico mais ao Ronei do que me dediquei aos outros dois, porque eles sempre foram saudáveis, se desenvolveram normalmente e foram saindo das minhas asas. Já o Ronei, sei que vai estar sempre aqui e sempre vai precisar dos meus cuidados”, declara a mãe emocionada.

Solange relembra de quando deu entrada no processo de adoção legal de Ronei e conta das dificuldades que enfrentou. “A juíza me perguntou duas vezes, porque queria que eu tivesse certeza da responsabilidade que teria pela frente. Novamente, disse que era aquilo que eu queria. Não iria abrir mão do meu filho”.

Cuidados com o filho

Hoje, a vida de Ronei é resumida à cama do quarto. O garoto precisa de cuidados profissionais 24 horas por dia. Ele recebe os cuidados de um técnico de enfermagem, incluído no serviço de home care, além da assistência perene da mãe. Atualmente, Solange trabalha em um hospital na parte da manhã, mas faz questão de saber tudo o que acontece na sua ausência. “O tempo todo pergunto como ele está ou peço para mandarem fotos. É uma preocupação constante”, diz.

Mesmo com todo o cuidado, o estado de saúde do Ronei tem piorado com o passar dos anos. “Ele está regredindo e atrofiando. As mãos e os pés dele tinham mais força antes, mas agora está mais fraco. Infelizmente, não há muito o que ser feito no caso dele”, lamenta Solange.

Infelizmente, no caso do garoto, não há muita esperança ou alternativas a serem feitas. A mãe no momento só deseja que o filho tenha qualidade de vida, e ela não mede esforços para isso. Apesar de todo o sacrifício e dificuldades que enfrentou, em nenhum momento, Solange se arrepende da escolha.

“Parei muita coisa por ele. Mas é normal uma mãe fazer isso por um filho. Uma médica me disse que ele viveria somente até os oito anos, mas ele está aqui comigo até hoje. Acho que o que o mantém vivo é o amor que ele recebe”, disse a mãe.

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