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A lenda de Fênix, o poderoso pássaro da mitologia grega

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No silêncio da noite, pouco antes do nascer do Sol, uma criatura magnífica constrói seu ninho. Ela se perfaz com cores quentes enquanto coloca cuidadosa e meticulosamente cada especiaria, cravo e ramo. O cansaço da criatura é evidente, mas isso não ofusca a sua beleza. À medida em que o Sol começa a levantar, o pássaro se estica e expõe todos os seus espectros característicos. Suas penas são um belo matiz dourado com vermelho. Ela gira a cabeça para trás enquanto canta uma melodia assombrosa que faz com que os raios solares parem no tempo. Uma faísca cai dos céus e acende um grande fogo que consome tanto o pássaro como o ninho. Entretanto, uma coisa é certa: em três dias, o pássaro mitológico ressurgirá das cinzas para nascer mais uma vez. É assim que a lenda de Fênix, o poderoso pássaro da mitologia grega, começa.

A história da Fênix é icônica por tudo o que representa nos dias de hoje. É provavelmente um dos mitos mais conhecidos nos dias modernos pelos inúmeros elementos que dizem respeito à vida, morte, criação e destruição. São paradoxos que nos impelem em todos os momentos de nossa vida, com o tempo sendo o grande protagonista da grande narrativa humana.

Origens e desdobramentos

A antiga lenda compõe a imagem de um pássaro mágico, radiante e cintilante, que vive por várias centenas de anos antes de morrer. Seu renascimento acontece por meio das cinzas de sua própria explosão mórbida para, assim, começar uma nova e longa. Tina Garnet estudou sobre a representação da ave ao longo da mitologia egípcia, árabe e grega. “Quando sente o fim se aproximando, constrói um ninho com as melhores madeiras aromáticas. Assim, incendeia-o para ser consumido em chamas. Da pilha de cinzas, surge uma nova e poderosa Fênix. Em seguida, embalsama as cinzas de seu antecessor em um ovo de mirra e voa para a cidade do Sol, Heliópolis. Lá, o pássaro deposita o ovo no altar do Deus Sol”, ela ressalta.

De acordo com a tradição, apenas uma Fênix poderia viver em nosso mundo. Seu verdadeiro lar era situado no que se denominava “Paraíso”, uma terra de beleza inimaginável para além do horizonte distante. Nada morre no Paraíso e, aqui, estava o ponto crucial do dilema mitológico. Depois de seus mil anos, a Fênix ficava oprimida pelo fardo de sua idade: estava na hora de morrer. Para concretizar o ritual mortificante, o pássaro tinha que abrir caminho para o mundo mortal, voando para o oeste através das selvas da Birmânia.

O objetivo era alcançar os perfumados pomares de especiarias da Arábia. Chegando na região, coletava um punhado de ervas aromáticas antes de estabelecer o curso para a costa da Fenícia/Síria. A Fênix, então, construía o seu ninho mórbido nos galhos mais altos de uma palmeira.

Após o renascimento

Quando a nova Fênix adentra no próximo ciclo de vida, a primeira coisa que faz é criar um ovo de cremação para colocar os restos de seu antecessor. O pássaro sobrevoa nas circunvizinhanças para coletar a melhor mirra possível. Uma vez de volta ao seu ninho, começa a escavar o ovo com a intenção de fomentar uma pequena abertura lateral para inserir as cinzas. Depois de reunir todas as cinzas e colocá-las dentro do ovo, a Fênix fecha a abertura e carrega os restos mortais de volta para Heliópolis. Ela deixa-os no topo de um altar, localizado no templo de Ra. Subsequentemente, dá início à sua nova vida ao retornar para a terra do Paraíso.

Os gregos alegavam que a Fênix era conhecida por morar perto de um poço na Arábia. De acordo com seus registros, a Fênix se banhava na região em todas as manhãs. Além disso, cantava uma canção tão linda que o próprio Apolo (o deus do Sol) interrompia a trajetória de suas carruagens celestiais para ouvir a melodia.

Essa é a lenda de Fênix, o poderoso pássaro da mitologia grega. Entretanto, existem versões diversas sobre a idade em que a criatura renasce. Algumas narrativas afirmam que a ave vive até 1.461 anos, enquanto outras mantém-se com os 1.000 anos. Independentemente das informações entrecruzadas, parece que nenhum registro afirma que a Fênix morra antes dos 500 anos de idade. Ademais,  o limite geral para o ciclo de vida é tipicamente inferior aos 1.500 anos. Isso pode ser explicado pelo simbolismo da história em questão (a vida e morte em sua generalidade) e pelo que o pássaro representa.

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