História

A mulher que comprou um tanque para se vingar de nazistas

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Temos certeza que esse título chamou atenção! Mulher, tanque de guerra, vingança… Do que exatamente estaríamos falando aqui? O que tinha tudo para ser mais uma notícia triste sobre mulheres que perdem seus maridos para conflitos de países em guerras, se tornou um relato sobre vingança, coragem e heroísmo. Isso tudo tendo uma mulher como personagem principal de todo o desenrolar dessa notícia.

Estamos falando da jovem Mariya Oktyabrskaya de 38 anos. Em 1943, ela recebeu a notícia de que seu marido, IIya, havia morrido durante um embate de guerra. Mas a questão é que IIlya morrera há dois anos, em agosto de 1941. Logo no início da invasão nazista, em Kiev, Ucrânia.

Podemos supor o estado em que Mariya ficou ao receber essa notícia. Com o adendo de que o ocorrido fora há tanto tempo. E apesar do choque que esse tipo de situação sempre carrega, os números de pessoas mortas em combate eram em torno de 10 e 12 milhões na região.

Portanto, quando um ente de alguma família passava algum tempo sem mandar notícias, era comum que seus familiares começassem a supor o pior em relação à guerra.

Vale dizer que a quantidade das vítimas de guerra da região alcançava os maiores números em estimativas, se comparados com outros lugares. As perdas militares da Ucrânia eram maiores do que o dobro da Alemanha Nazista.

O luto

A então viúva decidiu viver seu luto de forma peculiar. Mariya reuniu todas as suas economias e enviou uma carta para Stalin. Na correspondência, a jovem mulher dizia: “Meu marido foi morto em ação defendendo a pátria. Eu quero me vingar dos cães fascistas pela morte de meu marido e pela morte do povo soviético torturado pelos bárbaros fascistas. Para esse efeito, depositei todas as minhas poupanças pessoais — 50.000 rublos — para o Banco Nacional, a fim de construir um tanque. Gostaria de nomear o tanque ‘Namorada Guerreira’ e ser enviada para a linha de frente como motorista do referido tanque”.

Visando boa publicidade e repercussão positiva nos noticiários, o Comitê de Defesa do Estado decidiu conceder o desejo descrito na carta.

Mariya foi alistada e treinada por 5 meses como piloto de tanques. Na torreta do T-34, ela gravou as palavras: Боевая подруга (Boyevaya Podruga). Algo semelhante a “Namorada Guerreira” em tradução livre.

A vingança

Em 21 de outubro de 1943, a jovem “namorada guerreira” enfrentou sua primeira batalha em Smolensk. Na ocasião, Mariya destruiu posições de artilharia e metralhadoras alemãs. Quando o seu veículo foi atingido, ignorando ordens, ela foi para fora em meio ao fogo inimigo. E ainda assim conseguiu consertá-lo. Isso rendeu-lhe uma boa promoção ao cargo de sargento.

Já em 17 de novembro, na reconquista soviética de Novoye Selo, o mesmo aconteceu. Seu tanque perdeu a lagarta para um tiro de artilharia. Mariya, mais uma vez, saiu e conseguiu consertá-lo para se juntar novamente à coluna do Exército Vermelho. Logo, a fama de bravura e coragem da viúva se espalhou.

Na época, Mariya se tornou conhecida em toda a região de guerra. Falavam constantemente sobre a piloto que simplesmente não podia ser parada, que tinha coragem suficiente para consertar o próprio tanque no meio do combate e voltar à batalha. Sua carreira foi meteórica, mas curta.

Em 17 de janeiro de 1944, Mariya e sua equipe haviam cruzado as linhas alemãs e atacavam trincheiras de metralhadoras, conseguindo destruir uma grande peça de artilharia autopropulsionada. Mas como já era de costume e rotina, em determinado momento, um projétil antitanque atingiu o Namorada Guerreira e destruiu uma de suas lagartas.

Já familiarizada com a situação, a piloto saiu para tentar fazer o conserto. E fez! Mariya conseguiu consertar o tanque mais uma vez. No entanto, sua sorte havia acabado. Antes que conseguisse estar de volta ao interior de seu veículo, o fragmento da explosão de um tiro de artilharia atingiu-a na cabeça.

Mariya entrou em coma e dois meses depois de sua última batalha, morreu sem recuperar a consciência. No dia 2 de agosto de 1944, ela receberia postumamente o título conhecido como ‘Herói da União Soviética’. Tal congratulação era a maior honraria oferecida pelo governo soviético. E Mariya foi a primeira mulher piloto de tanque a ter esse reconhecimento.

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