Por Passamos por muitas complicações físicas. Seja um machucado ou doença, estamos quase sempre lutando contra algo que nos faz mal. Alguns casos nos pegam de surpresa e ficamos sem entender como chegou à aquela situação. Abby Beckley estava com dor no seu olho e resolveu tentar ver, em um espelho, a causa disso. Ao olhar, ela descobriu que havia uma larva de quase meio centímetro de cumprimento viva, se mexendo dentro do seu globo ocular. A mulher dos Estados Unidos, de 28 anos ficou assustada e virou notícia em diversos portais de curiosidades e informações ao redor do mundo.
“Eu olhei e estava em movimento”, relembra Abby. “Ao retirar, o verme morreu em cerca de cinco segundos”. Isso já é ruim uma vez, mas com a mulher aconteceu 14 vezes. Backley teve que suportar essa agonia por três semanas em agosto de 2016. Seu caso foi publicado recentemente pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Seu caso não foi o primeiro, o que choca toda a população da América do Norte.
“Esta é apenas a 11ª vez que uma pessoa é infectada por vermes nos olhos na América do Norte”, relatou Richard Bradbury, principal autor do texto e líder do Laboratório de Diagnóstico do CDC. O caso foi causado pela Thelazia gulosa, uma espécie de verme parasita. “Mas o que realmente impressiona é que se trata de espécie que nunca infectou pessoas antes: uma larva de gado que de alguma forma chegou ao ser humano.”
A moça cresceu cercada de gado e cavalos em um rancho e sentiu os primeiros sintomas quando ainda trabalhava em um barco comercial de pesca, em Graig, no Alasca. “Meu olho esquerdo ficou irritado, vermelho e a pálpebra caiu”, contou ela. “Eu estava com enxaquecas também e me perguntando o que estava acontecendo”. Ela passou cinco dias sofrendo com as fortes dores até voltar para o porto. Saindo da embarcação, foi direto a procura de um espelho, olhou bem para seus olhos e encontrou o verme. “Eu abaixei o fundo do meu olho e notei que minha pele parecia estranha ali. Então eu apertei meus dedos como quem arranca algo, e um verme apareceu!”
Algumas larvas foram enviadas ara identificação no CDC. Becley começou a fazer exames e lavagens dos olhos em universidades locais. “Os médicos tentavam descobrir o que fazer porque não havia nenhum protocolo para isso.” Ela ainda diz que, a pior parte, era a agonia de ficar se perguntando o que os vermes podiam fazer ao restante do corpo. Ela só manteve a calma após o médico afirmar que eles só ficariam na superfície do olho, não tenho risco de ir para o cérebro. Os médicos optaram por não tratá-la com medicamentos antiparasitários, pois temiam os danos de um verme morto em seu olho. Ao invés disso, ela foi aconselhada a continuar olhando seu próprio olho e retirar o verme sempre que encontrar um. Vinte dias após retirar o primeiro, ela retirou o último. Sua visão continua boa, sem qualquer dano.
Os parasitas
Os parasitas Thelazia gulosa são bastante comuns em cães, gatos, porcos, ovelhas, cabras, gados e carnívoros selvagens, como lobos e raposas. Essas larvas são transmitidas através das “moscas faciais” que podem se alimentar das secreções oculares desses animais. Somente as fêmeas transmitem o verme. “As lágrimas são cheias de proteínas de vários tipos. As moscas recebem muita nutrição dessas lágrias”, esclareceu o Dr. William Schaffner, que é professor de medicina da Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade Vanderbilt. “Para um cientista, é um nicho ecológico fascinante.” Completou.
Essas larvas crescem e se reproduzem entre a pálpebra e o olho. Os seus filhotes deixam o corpo do animal por meio das secreções do olho inflamado, que são alimentos para as moscas. “As larvas do estágio inicial precisam passar pelo sistema digestivo da mosca para se desenvolver em um estágio mais avançado e infectar outro hospedeiro”, explicou Bradbury. “É um ciclo de vida bem complicado”.
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