Ciência e Tecnologia

Nova era de missões espaciais leva capital privado à Lua; entenda o que pode mudar

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Após semanas de uma corrida espacial intensa, é a vez das empresas privadas irem para a Lua. Nas próximas semanas, um foguete será lançado da Terra para enviar a espaçonave Nova-C em direção ao polo sul do satélite.

Se tudo correr bem, a Nova-C, construída pela Intuitive Machines sob o programa de Serviços Comerciais de Carga Lunar da NASA, pousará na Lua em cerca de sete dias.

Ela carregará instrumentos científicos, narrativas armazenadas em discos, câmeras e pequenas esculturas de Jeff Koons, que permanecerão na Lua permanentemente.

Este lançamento vem logo após uma tentativa fracassada de outra empresa de pousar na Lua. A missão da Peregrine, da Astrobotic Technology, foi interrompida devido a um vazamento de combustível.

Embora não tenha sido a primeira missão privada a pousar na Lua, a Nova-C tem a chance de ser bem-sucedida, assim como muitas outras no futuro.

Este passo pode ser emocionante para as ambições cósmicas da humanidade, mas também sugere um futuro preocupante, onde empreendimentos não regulamentados podem mudar irreversivelmente a Lua.

Financiamento

Via Nasa

Desde que o programa Apollo terminou em 1972, os humanos não voltaram à Lua, e os robôs a visitam ocasionalmente em missões financiadas pelo governo, que muitas vezes falham.

Mas uma mudança está chegando em fevereiro. Pela primeira vez, a Lua será explorada por atividades financiadas por empresas privadas, incluindo pequenas startups com objetivos além da ciência e exploração, que lançarão sondas e cápsulas.

No entanto, essas missões ainda recebam apoio financeiro da NASA e de outras agências espaciais, que buscam um retorno duradouro à Lua através do programa Artemis, visando levar a primeira mulher astronauta à Lua até 2026.

O programa de Serviços Comerciais de Carga Lunar, parte do Artemis, encoraja empresas privadas a construir sondas e rovers que a NASA pode contratar, ao invés de desenvolver os equipamentos diretamente.

Isso significa que, embora transportem experimentos científicos financiados pelo governo, as novas sondas financiadas pelo setor privado podem incluir outras cargas não científicas compradas por clientes comerciais.

Obstáculos

A escolha das cargas pode causar controvérsias. Por exemplo, a espaçonave Nova-C usará revestimentos termorrefletores da marca de roupas esportivas Columbia, conforme mostrado em um conceito artístico em seu site.

Enquanto isso, a sonda Peregrine, que falhou, carregava pequenas quantidades de restos humanos cremados.

Em 2019, uma sonda israelense levou milhares de tardígrados desidratados, organismos microscópicos capazes de sobreviver no vácuo do espaço. O destino desses organismos após a colisão da sonda não está claro, levantando preocupações sobre a introdução de materiais biológicos na Lua.

Planos futuros incluem enviar mais restos humanos cremados à Lua, junto com cápsulas do tempo, mensagens e outros materiais que podem gerar objeções.

Essa nova era de missões lunares com empresas privadas provavelmente mudará nossa relação com a Lua. Antes disso, devemos considerar cuidadosamente o que o único satélite natural da Terra representa.

Tudo o que fizermos terá consequências duradouras. Temos uma grande responsabilidade em relação ao futuro da Lua e de todos que vivem perto dela.

Via Nasa

Importância e responsabilidade

A Lua, mesmo sendo um mundo inerte, teve um grande impacto em nós. Ela ajuda a estabilizar o clima da Terra, influenciando seu eixo. Também teve um papel importante na evolução da vida, atraindo animais terrestres com suas marés.

Desde tempos antigos, os humanos usam a Lua para medir o tempo, estabelecer calendários e até mesmo para desenvolver civilizações, religiões, filosofias e ciência.

Ela foi crucial para nossa evolução biológica e cultural e continua sendo importante em diversos aspectos da vida, desde guerras até nossos ideais mais elevados.

No futuro, talvez seja possível ver evidências de construção ou até mesmo de habitação humana na Lua com um telescópio poderoso.

Gastos

A indústria espacial está crescendo rapidamente, com a consultoria PwC prevendo que valerá mais de US$ 1 trilhão até 2030, à medida que países e empresas usam satélites para diferentes fins, como manufatura, geração de energia e coleta de dados.

A NASA estima que os gastos em exploração lunar geraram mais de US$ 20 bilhões em produção econômica nos EUA em 2022.

A empresa deu muito dinheiro para várias empresas privadas, grandes e pequenas, como Lockheed Martin, SpaceX, Blue Origin, Astrobotic, Intuitive Machines e Zeno Power.

Um relatório da PwC diz que agora é um momento importante, em que ideias que antes só estavam em livros de ficção científica estão se tornando bons investimentos.

Algumas dessas empresas vão ajudar agências espaciais, universidades e empresas de pesquisa a pousar na Lua. Outras vão ajudar com energia, navegação e planejamento para outras missões lunares, para tentar fazer a Lua uma economia própria.

Quando a Celestis Memorial Spaceflight disse que ia mandar cinzas humanas para a Lua no Peregrine, o presidente do povo Navajo pediu para adiar o lançamento.

O protesto mostra que usar a Lua precisa ser feito com cuidado, porque ela pertence a todos. Os próximos pousos lunares, em 2024 e 2025, vão usar robôs para encontrar água, sistemas de navegação, instrumentos científicos e recipientes para pegar amostras do solo lunar.

Essas missões privadas vão se juntar a outras feitas pelos governos dos Estados Unidos, China, Rússia e Índia. A Índia conseguiu pousar um novo robô na Lua em agosto, sendo o quarto país a fazer isso.

E na sexta-feira, o Japão se tornou o quinto país a pousar com sucesso uma nave na Lua, depois de várias tentativas fracassadas.

Via Nasa

Dificuldade a ser superada

O espaço continua sendo um desafio, como mostram os recentes fracassos nos pousos lunares da Rússia e da empresa israelense SpaceIL, que levou tardígrados em 2019.

Embora a Lua pareça próxima no céu, está a cerca de um quarto de milhão de milhas de distância. Lançar foguetes da Terra é uma coisa; chegar à Lua é outra.

Desde 2020, a NASA tem tentado promover uma abordagem mais cooperativa com empresas privadas por meio dos Acordos Artemis, que confirmam o Tratado do Espaço Sideral de 1967.

Esses acordos incentivam a colaboração entre países, estabelecem padrões para equipamentos, promovem a troca de dados científicos e protegem os locais de pouso da Apollo. No entanto, eles também permitem a exploração e uso de “recursos” lunares, como poeira lunar, água e materiais raros.

Embora haja valor em explorar a Lua como cientistas e exploradores, tendemos a transformar essa exploração em extração. Nossas intenções para a Lua parecem seguir esse caminho.

 

Fonte: Globo

Imagens: Nasa, Nasa, Nasa

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