História

Novos estudos apontam que mulheres eram melhores caçadoras do que os homens

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Embora a História conte de um jeito um pouco diferente, parece que as mulheres pré-históricas eram caçadoras melhores do que os homens.

Qualquer representação visual pré-histórica que tenha cruzado o seu caminho provavelmente pintava um quadro em que os homens usavam peles enquanto empunhavam lanças.

Enquanto isso, as mulheres seguravam bebês nos braços ou cestas para coletar alimentos.

No entanto, essas imagens estereotipadas não resistem à análise crítica, de acordo com dois estudos recentes.

Divulgadas em 20 de novembro pela Universidade de Notre Dame, em Indiana, nos Estados Unidos, as pesquisas foram simultaneamente publicadas no periódico American Anthropologist em setembro.

Os artigos revelam que as mulheres pré-históricas não só participavam ativamente da caça, mas também eram anatomicamente e biologicamente mais adaptadas a essa prática do que os homens.

A condução dos estudos ficou a cargo de Cara Ocobock, diretora do Laboratório de Energética Humana da Universidade de Notre Dame, e de sua colega Sarah Lacy, antropóloga especializada em arqueologia biológica na Universidade de Delaware, nos EUA.

Via Editora Abril

Fundamentação

As pesquisadoras fundamentaram suas conclusões em evidências fisiológicas e arqueológicas.

No âmbito da pesquisa fisiológica, elas esclarecem que as mulheres pré-históricas conseguiam caçar com sucesso por períodos prolongados.

Isso por conta da presença de hormônios que se encontram em maiores quantidades nos corpos femininos: estrogênio e adiponectina.

Esses hormônios desempenhavam um papel crucial no aprimoramento do metabolismo das mulheres.

Além disso, ambas as substâncias tinham uma função fundamental na regulação da glicose e gordura, essencial para o desempenho atlético.

O estrogênio, em particular, oferecia proteção às células contra danos causados pelo calor e também auxiliava na regulação do metabolismo da gordura, incentivando o corpo a utilizar suas reservas de gordura armazenada como fonte de energia antes de recorrer às reservas de carboidratos.

Cara Ocobock explica que a gordura tem mais calorias do que carboidratos, de modo que sua queima é lenta e prolongada.

Enquanto isso, a adiponectina, por sua vez, potencializa o metabolismo da gordura, permitindo que o corpo prossiga por períodos prolongados, especialmente ao percorrer grandes distâncias.

Assim, essa substância desempenha o papel de preservar os músculos contra a quebra. Ela os mantém em melhor condição para o exercício sustentado, conforme destacado pela pesquisadora.

Estrutura corporal

Além dos hormônios, as cientistas ressaltam a própria estrutura corporal feminina como uma vantagem na caça.

Como a especialista explica, a largura do quadril das mulheres pré-históricas permitiam que girassem ele mais rapidamente. Isso aumentava o comprimento de seus passos.

Na prática, quanto mais longos os passos, mais ‘econômicos’ eles são metabolicamente, permitindo percorrer distâncias maiores e de forma mais rápida.

Dessa forma, ao analisar a fisiologia humana nessa perspectiva, podemos considerar as mulheres pré-históricas eram como as corredoras de maratona, enquanto os homens seriam os levantadores de peso.

Mulheres pré-históricas como caçadoras

Via Revista Galileu

Em um segundo estudo, ao examinarem os registros fósseis, as pesquisadoras observaram que tanto homens quanto mulheres apresentavam as mesmas lesões resultantes da caça pré-histórica, que demandava a aproximação dos animais para abatê-los.

Ocobock comparou essas lesões às sofridas pelos palhaços em rodeios modernos — traumas na cabeça e no peito causados por coices dos animais, ou lesões nos membros provenientes de mordidas ou fraturas.

Ela conta que identificaram esses padrões e taxas de desgaste de forma semelhante em mulheres e homens. Portanto, ambos estavam envolvidos na caça de emboscada de animais de grande porte.

A pesquisadora também menciona evidências de caçadoras do sexo feminino durante o período Holoceno no Peru, onde mulheres foram sepultadas com armas de caça.

De acordo com ela, a prática de ser enterrado com um artefato não ocorria a menos que o objeto fosse significativo para o indivíduo ou frequentemente utilizado em vida.

Em fala, ela diz que não existem motivos para supor que as mulheres pré-históricas abandonassem a prática da caça durante a gravidez, amamentação ou quando estavam cuidando de crianças.

Isso porque não encontraram indícios no passado remoto de uma divisão rígida de tarefas com base no sexo, como se imagina.

Como ressalta a pesquisadora, essa atividade de caça e alimentação precisava da participação de todos, e não apenas dos homens. Isso porque eles viviam em uma época onde a sobrevivência demandava colaboração.

Por isso, como reforça a especialista, era preciso que todos ajudassem, uma vez que não existiam membros suficientes nos grupos para dividir as tarefas em especialidades.

Esse entendimento ajuda a definir como as mulheres pré-históricas atuavam no passado, e qual sua importância no contexto da sobrevivência.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Abril, Revista Galileu

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