O desastre de Three Mile Island, o maior acidente nuclear dos EUA

Em março de 1979, a usina norte americana de Three Mile Island foi palco de um dos piores acidentes nucleares ocorridos até então. Naquele mês, gases radioativos começaram a evaporar de um dos dois reatores da usina, localizada nas proximidades de Harrisburg, a capital do estado americano da Pensilvânia.

Após o acidente, cientistas mediram o nível de radioatividade em volta da usina. A intensidade era oito vezes maior do que a taxa considera letal. Uma área, de cerca de 16 quilômetros, foi completamente contaminada. Apesar de ter sido declarado estado de emergência, na época, nenhum dos 15 mil habitantes, que moravam numa área até dois quilômetros da área contaminada, foi evacuado. O governador do estado da Pensilvânia, Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes apenas dois dias depois do ocorrido. Os primeiros a evacuarem foram as gestantes e as crianças.

Antes do colapso dos reatores de Fukushima, em 2011, e da catástrofe de Chernobyl, em 1986, a usina, devido ao colapso, redefiniu os rumos da exploração da energia nuclear nos Estados Unidos. O programa atômico local foi praticamente congelado por três décadas e suas consequências ecoaram por todo o planeta. O tema foi assunto constante da imprensa americana, mas mesmo assim, nem todas as informações foram reveladas. Conheça algumas agora.

1 – Falha humana

O incidente começou quando o sistema de bombas da usina nuclear, que fornecia água para resfriar o reator, ficou entupido. Por estar obstruído, provocou-se um aumento na pressão. Uma das válvulas de alívio abriu-se automaticamente e fez com que um terço da água de resfriamento fosse drenada. O problema maior, no entanto, foi  que os operadores não perceberam nada disso. Além do mais, os mesmos ainda negligenciaram o fato de que as válvulas deveriam ser prioridades de rotina. Como não reagiram com tempo, boom!

2 – O alerta

Foi somente às 7 horas da manhã, três horas após o acidente, que as autoridades locais e estaduais foram notificadas. E foi somente 30 minutos depois, que as autoridades resolveram declarar estado de emergência. No entanto, as autoridades seguiram sem tomar nenhuma atitude. Em vez de dizer aos moradores o que estava acontecendo, ou talvez pedir uma evacuação das cidades vizinhas, as autoridades subestimaram o acontecimento. O evacuamento foi ocorrer somente dois dias depois.

3 – Os funcionários

Nos bastidores, a conversa, em relação ao acidente, foi outra. Diferente da que o público recebeu da mídia. De acordo com funcionários da usina, uma noite antes do acidente, foi realizada uma inspeção adicional no reator. A equipe descobriu que o reator já estava danificado há um tempo. Ainda pior, a equipe foi informada que o reator poderia explodir a qualquer momento. No entanto, os responsáveis pela usina resolveram deixar a situação de lado porque acreditavam que nada demais poderia acontecer.

4 – Plano de evacuação

De fato, nenhum dos cinco condados próximos nunca havia passado por nenhuma simulação de emergência.

5 – Retorno da usina

O colapso nuclear em Three Mile Island aconteceu em março, mas foi somente em abril que os responsáveis pela usina resolveram dizer a verdade. No dia 4 de abril, em declaração oficial, o grupo afirmou saber sobre o reator danificado, mas confessou que nada havia sido feito.

6 – Coincidência

Protestos começaram nos Estados Unidos e se repetiram no mundo todo. Em setembro de 1979, Jane Fonda levou 200 mil pessoas às ruas de Nova York. Tudo isso para pedir o cancelamento da construção de usinas nucleares. A atriz tornou-se a cara e a voz da militância antinuclear.

7 – Retomada

No Brasil, as obras de Angra II ficaram paralisadas até 1998. Após Three Mile Island, todos os reatores em operação, e os em construção, tiveram que adotar algumas modificações. Introduziram-se sistemas de segurança adicionais, justamente para que um acidente desse tipo não ocorresse. Foram acrescentadas válvulas e modificados procedimentos e treinamentos para evitar erros humanos.