Fatos Nerd

O que a vitória de Parasita representa para o Oscar?

0

Ao passo que os Estados Unidos moldam a indústria do entretenimento de acordo com sua própria cultura, nos pegamos cercados por músicas, séries e filmes desenvolvidos sob uma perspectiva e regras específicas. Sendo assim, acaba sendo uma novidade quando produções estrangeiras conseguem um alcance mundial. Apesar de ser uma pena isso não ser algo recorrente, podemos ver o mercado se reformulando. Só para ilustrar, com a ascensão da popularidade de mangás, animes, doramas e K-pop temos acompanhado uma notável expansão da cultura asiática. Ademais, há um crescente aumento do debate acerca das séries de língua não-inglesa que têm se destacado na Netflix. Pois bem, agora, reascendendo essa discussão, encontramos um denominador comum nos trending topics de todas as conversas: Parasita.

Embora seja impossível alguém não saber disso, como um veículo propagador de informações temos a obrigação de ser didáticos. Sendo assim, vamos recapitular o que aconteceu no último domingo. Após uma longa temporada de premiações, o Oscar chegou encerrando esse período. Assim como era de se esperar, a cerimônia foi majoritariamente constituída por vitórias previsíveis. Contudo, um momento específico chamou a atenção do público e serviu como pontapé para aquela que viria a ser  maior reviravolta da noite, o prêmio de Melhor Roteiro Original. Concorrendo com o irreverente e icônico longa de Quentin Tarantino e o épico 1917, Parasita levou sua primeira estatueta da noite. Isso mesmo, a primeira, afinal, após essa vitória, vieram mais três, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Diretor e Melhor Filme. Sim, você leu certo, Melhor Filme, assim se fez história, com um longa coreano levando, em território estadunidense, o maior prêmio do cinema.

No entanto, a vitória de Parasita transcende o pragmatismo da mera entrega de uma estatueta dourada de 35cm. Estamos falando do primeiro passo em direção à uma nova era.

Uma nova era para o cinema

Dirigido por Bong Joon-ho, Parasita se trata de um suspense repleto de humor ácido e críticas sociais. Embora sua vitória no Oscar tenha sido inesperada, foi extremamente merecida, pois desde o ano passado o longa coreano vem acumulando prêmios. Iniciada pela conquista da Palma de Ouro em Cannes, a jornada do longa foi um sucesso crítico, público e financeiro. Sendo assim, e plausível que a Academia tenha votado à favor do projeto de Bong Joo-ho em quatro categorias, mas não deixa de ser surpreendente. Como resultado disso, agora, temos um Melhor Filme do Ano, que realmente foi o melhor filme do ano.

Contrariando produções que levaram esse prêmio pra casa, Parasita não se restringirá a uma época. Até porque, o filme carrega consigo a representatividade como trunfo. A desigualdade social há muito tempo, vem sendo alvo de debate entre as diversas idades e culturas. Então, como bem pontuado pelo The Ringer, o longa resistirá ao teste do tempo, afinal, “quando foi a última vez que você pensou em Argo ou Shakespeare Apaixonado?”.

Agora as portas para investimentos no cinema estrangeiro estão mais abertas do que nunca e o Oscar está pronto para aceitar filmes que fujam de sua zona de conforto. Com a Academia, pronta para expandir seus horizontes, parece que veremos as palavras de Bong Joo-ho se tornarem realidade. Como destacado pelo cineasta: “quando vocês ultrapassarem apenas alguns centímetros da barreira das legendas, vocês descobrirão diversos filmes incríveis”. Quem sabe daqui um tempo a categoria Melhor Filme Estrangeiro não se faça mais necessária. Afinal, quando falamos de democratização do cinema, não incluímos apenas o consumo, como também a realização.

Será que o Oscar do ano que vem prosseguirá inovando? O que achou da vitória de Parasita? Compartilhe sua opinião com a gente.

Neopets estão de volta em nova série animada

Artigo anterior

Afinal, é mais saudável para os homens fazer xixi em pé ou sentados?

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido