O que acontece quando alguém nasce em um avião?

Já se imaginou em pleno vôo e de repente a tripulação tem que lidar com um tipo diferente de sinistro? Nada de turbulência, pane ou pouso forçado, mas um parto. Já pensou  qual é a localidade indicada como cidade de nascimento de quem nasce em um avião em pleno vôo?

Shona Debbie Owen, de 26 anos, é um desses filhos do ar e contou à CNN como é ter na certidão de nascimento a indicação: “nascida em um avião”. Sua mãe a trouxe à luz em 1990, durante um vôo que ia de Gana para o Reino Unido. Ela teve sorte, já que o experiente obstetra holandês Wym Bakker estava a bordo. Seu caso abriu margem para a preocupação das empresas aéreas com a possibilidade de partos em pleno vôo.

Shona nasceu quando o avião estava prestes a entrar na faixa de aproximação do aeroporto de Gatwick, em Londres. Tanto a certidão de nascimento quanto o passaporte da moça trazem os dizeres: “Nascida em um avião a 10 milhas de altura”. Sua história virou tema do seu mestrado em Goldsmiths e, durante os trabalhos, ela conheceu Debs Lowther.

Debs de à luz ao seu filho Jonathan apenas quatro meses antes do nascimento de Shona e em circunstâncias muito similares. Ela estava em um vôo do Malawi para o Reino Unido. Esse tipo de informação é difícil de conseguir, já que não existem estatísticas de nascimentos durante vôos e as empresas costumam restringir viagens a mulheres a partir de determinada semana de gestação. Mas Shona conseguiu reunir muitos casos.

Em maio do ano passado, Ada Guan e Wes Ramo voavam de Calgary para Tóquio quando Ada entrou em trabalho de parto sobre o Oceano Pacífico. A surpresa maior foi a própria gravidez. Ada não sabia que estava grávida. Tinha atrasos toleráveis de menstruação e produziu pouco líquido amninótico, o que fez com que sua barriga não crescesse tanto. Vários médicos que estavam à bordo se ofereceram para ajudar Ada.

Qual é a cidadania de quem nasce no ar?

Uma das questões que surgem em casos de bebês nascidos no ar é a nacionalidade. Isso é definido pelas leis de cidadania de cada país. No Reino Unido, onde nasceu Shona, a cidadania não é conferida automaticamente. Nos Estados Unidos, crianças nascidas no ar ou nos mares são consideradas cidadãos americanos desde o primeiro momento.

Uma lenda diz que quem nasce em pleno vôo ganha viagens de avião gratuitas pro resto da vida, mas isso é balela. Pouquíssimas companhias já se depararam com a situação de um parto em um vôo. Shona, por sua vez, ganhou de presente duas passagens de primeira classe em seu aniversário de 18 anos. Ela também foi usada em uma campanha publicitária de uma companhia aérea.

A maioria das companhias aéreas permitem que gestantes com até 36 semanas de gravidez viagem, mas a partir da 28ª semana, elas devem apresentar um laudo assinado pelo obstetra confirmando a previsão de data para o parto.