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O que aconteceria se 22 garotos ficassem dias sem supervisão em uma floresta?

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No verão de 1954, o renomado psicólogo Muzafer Sherif levou 22 meninos ao sopé das Montanhas San Bois/sudeste de Oklahoma. Ele pretendia conduzir um experimento social sem precedentes. Envolvia colocar garotos de 12 anos de idade esparsamente supervisionados uns contra os outros no deserto de Oklahoma. Este foi o experimento de Robbers Cave. Seu resultado surpreendente inspiraria o angustiante livro Lord of the Flies (Senhor das Moscas) um ano depois. Quase seis décadas depois, os especialistas classificam o experimento de antiético, já que parece ter deixado danos mentais duradouros em seus pacientes. Afinal, o que aconteceria se 22 garotos ficassem dias sem supervisão em uma floresta?

Sherif nasceu no Império Otomano e ganhou uma vaga para estudar psicologia em Harvard. Ele rapidamente percebeu que a pesquisa de laboratório em ratos era muito confinante. Queria um assunto mais complexo: humanos. A fascinação com a psicologia social atingiu seu ague após a Segunda Guerra Mundial. Por isso, Sherif conseguiu uma bolsa da Fundação Rockefeller.

Seu experimento inicial exigia que meninos de 11 anos fossem levados para um “acampamento” de verão em Middle Grove, no norte do estado de Nova York. Lá, Sherif iria dividir os meninos em equipes, colocá-los uns contra os outros para prêmios e, em seguida, tentar reuni-los usando uma série de eventos frustrantes perigosos.

Por exemplo? Um incêndio florestal. Nenhum dos “participantes” e nem os familiares sabiam do experimento. No entanto, os garotos de Middle Grove não haviam cooperado com sua teoria. Eles ficaram amigos, mesmo quando Sherif mandava seus funcionários roubarem suas roupas, destruir suas tendas e esmagar seus brinquedos. O experimento terminou em um conflito entre o psicólogo e seus assistentes de pesquisa.

Robbers Cave

O que aconteceria se 22 garotos ficassem dias sem supervisão em uma floresta? Sherif resolveu tentar novamente com o experimento Robbers Cave. Ele ainda tinha dinheiro do subsídio para o primeiro estudo, mas sentia que sua reputação estava em risco. Desta vez, manteria os garotos separados desde o início, de modo que não pudessem formar as amizades desagradáveis ​​que haviam frustrado o estudo em Middle Grove.

Os grupos eram os Rattlers e os Eagles. Ambas as equipes não se conheciam nos dois primeiros dias. Eles se uniram ao seu próprio grupo por meio de atividades do acampamento, como caminhadas e natação. Nada além disso.

Uma vez que os grupos pareciam estar solidamente formados, Sherif e sua equipe instituíram a “fase de competição”. Os grupos foram apresentados um ao outro e uma série de atividades rivais fora agendada. Haveria um cabo de guerra, beisebol e assim por diante.

Prêmios também seriam concedidos. Não haveria nenhum tipo de reconhecimento para o time perdedor. Os Rattlers declararam que seriam os vencedores e monopolizariam o campo de beisebol para praticar. Eles colocaram a bandeira no campo e disseram aos Eagles que era melhor não tocá-la.

Interferência

O que aconteceria se 22 garotos ficassem dias sem supervisão em uma floresta? Os funcionários começaram a interferir de forma mais agressiva no experimento Robbers Cave. Eles deliberadamente causaram conflito. Certa vez, conseguiram que um grupo chegasse atrasado para o almoço. Tudo isso para que o outro grupo comesse toda a comida.

As confusões entre os garotos começaram com insultos e xingamentos. Porém, sob a orientação de Sherif e sua equipe, logo se tornou uma questão… física. Os Eagles conseguiram fósforos e queimaram a bandeira do rival. Os Rattlers revidaram. Invadiram a cabana dos Eagles, destruíram-na e roubaram seus pertences.

O conflito se transformou em violência, de modo que os grupos tiveram que ser separados por dois dias. Pronto, Sherif já tinha o necessário: as crianças se odiavam. Estava na hora de reivindicar sua teoria e trazê-la de volta. Sua primeira atitude foi a de desligar o mecanismo de água potável.

Os Rattlers e Eagles partiram para encontrar o tanque de água que estava em uma montanha. A única água que eles tinham era a que havia em suas cantinas. Acabaram encontrando a válvula no tanque, mas ela estava coberta de pedras.

Por isso, se juntaram e removeram as pedras o mais rápido possível. Isso agradou imensamente o xerife, pois estava de acordo com a teoria: os grupos lutavam por recursos limitados, mas se uniam quando enfrentavam uma ameaça comum.

Valor do experimento

Seis décadas de desenvolvimento no campo levaram psicólogos modernos a criticar o estudo. Sherif conduziu sua experiência sob a crença de que a intenção era mostrar sua teoria, e não provar ou refutar isso. Dessa forma, ele poderia facilmente conseguir o resultado que desejava.

Além disso, os rapazes eram de classe média e brancos. Todos compartilhavam um passado protestante e biparental. O estudo, dessa maneira, não refletia a vida real e era considerado limitado.

Havia também a questão ética em torno do experimento: nem as crianças e nem seus pais sabiam o que realmente estava acontecendo no acampamento. Os meninos eram, em muitos casos, abandonados ou presenciavam situações perigosas.

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