VocĂª jĂ¡ passou por momentos em que acredita que teria sido melhor ficar calado? Pois bem, essa coisa de se comunicar nem sempre Ă© fĂ¡cil. Por vezes, acabamos sendo mal interpretados, o que nos leva a uma sĂ©rie de conflitos que poderiam ter sido evitados em algum momento. Por outro lado, Ă© impossĂvel ficar sem falar por muito tempo, nĂ£o acha?
Bem, para John Francis nĂ£o foi muito difĂcil assim. Ele parou de falar no ano de 1973, justo no dia em que completaria seus 27 anos de idade. Decidiu fazer isso porque julgava que sempre era o tipo de pessoa que falava demais. Logo apĂ³s um grave acidente de derramamento de Ă³leo na BaĂa de SĂ£o Francisco, no ano de 1971, ele decidiu parar de se locomover com a ajuda de veĂculos, em forma de um protesto pessoal… Tudo começou ali.
ApĂ³s o acontecimento, ele passou a espalhar mensagens de conscientizaĂ§Ă£o por todos os lados. Morava em uma pequena aldeia na costa oeste da AmĂ©rica, e por ali, todos o conheciam como um jovem revolucionĂ¡rio. Sua intenĂ§Ă£o era realmente fazer com que as pessoas se alertassem para os perigos do mundo, incitando-os a lutar por uma vida melhor. Entretanto, ele conta que tinha a auto-estima muito baixa. NĂ£o sentia que estava fazendo algo realmente Ăºtil. EntĂ£o, decidiu deixar de falar por um dia, no que ele chamou de “presente” que daria para sua comunidade, em seu prĂ³prio aniversĂ¡rio.
John para de falar
Inicialmente, as pessoas viram sua atitude como algo legal. Encararam como um protesto e o incentivaram a permanecer daquela forma. Sua namorada achou a situaĂ§Ă£o divertida, atĂ© o momento em que ele decidiu passar outro dia sem pronunciar uma palavra sequer. Para John, nĂ£o havia motivos para falar. ApĂ³s algumas semanas em tal situaĂ§Ă£o, as pessoas começaram a ficar preocupadas. A namorada pedia insistentemente para que ele parasse, mas de nada adiantava.
Resolveu entĂ£o comunicar seus pais a respeito de sua decisĂ£o. JĂ¡ que eles moravam na FiladĂ©lfia, lhes mandou uma carta avisando que jĂ¡ nĂ£o falava hĂ¡ trĂªs semanas, entĂ£o, mais do que depressa, seu pai pegou um aviĂ£o para ir de encontro ao filho. Ele conta que o encontro foi emocionante, mas ainda assim nĂ£o disse nada. Desesperado, o pai lhe levou para um local isolado para que pudesse falar, mas nĂ£o resolveu. John afirma: “Eu nĂ£o gostava de falar. Isso me deu paz. As pessoas perguntam se eu conversava comigo mesmo, mas por que faria isso? Eu acabaria me queixando, quando nĂ£o tinha mais nada a culpar“.
Foi somente seis meses depois que ele acabou pronunciando algumas palavras, mas foi algo totalmente involuntĂ¡rio. Ele riu, pois nĂ£o reconhecia mais a prĂ³pria voz… EntĂ£o se calou novamente. Decidiu que iria para a CalifĂ³rnia estudar, e foi nessa fase que acabou perdendo a namorada e alguns de seus melhores amigos. Foram dez longos anos sem dizer nada. Assim que o dĂ©cimo ano foi completado, ele decidiu falar por apenas um dia e ligou para conversar com sua mĂ£e. Queria que ela soubesse que isso era apenas uma escolha dele e nada mais grave.
Assim que ele disse suas primeiras palavras no telefone, novamente riu, nĂ£o acreditando no que estava fazendo. Sua mĂ£e nĂ£o acreditou que era ele e foi preciso um bom tempo atĂ© que ela se convencesse. Depois daquele dia, foram outros sete anos sem falar nada, atĂ© que ele resolveu que jĂ¡ tinha motivos suficiente para quebrar seus votos de silĂªncio.
Ele volta a falar
Esses 17 anos foram suficientes para que John fizesse bacharelado, mestrado e doutorado em estudos ambientais. Aprendeu o bĂ¡sico da linguagem de gestos e fez uma longa viagem pelos Estados Unidos. ApĂ³s todos esses acontecimentos, fez uma espĂ©cie de coletiva de imprensa, onde retornaria a falar de forma triunfante. Suas primeiras palavras foram: “Obrigado por estarem aqui!“… Mas novamente, começou a rir em meio a todos. Ele conta que naquele momento olhou para seu pai, que estava rindo tambĂ©m com uma expressĂ£o de “sim, ele realmente Ă© louco“.
Seu discurso se deu em torno do meio ambiente. JĂ¡ que seus estudos foram baseados no tema, nada melhor do que voltar a falar a respeito. O acidente que havia acontecido hĂ¡ anos atrĂ¡s o motivou a estudar sobre a natureza. Percebeu que as pessoas estavam realmente interessadas e que aquilo lhe traria resultados positivos. Foi contratado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, para atuar em um novo desastre que ocorreu em Exxon Valdez.
Conseguiu superar o temor pelos veĂculos e, apĂ³s 22 anos, voltou a andar de carro. No entanto, ele conta que ainda pratica ficar em silĂªncio todas as manhĂ£s, para encontrar sua paz interior. Conta: “Isso me lembra de ouvir corretamente, para nĂ£o julgar o que eu apenas acho que estou ouvindo. Assim, tento entender o que as pessoas estĂ£o realmente dizendo“. Por fim, ele conta que foi uma experiĂªncia Ăºnica em sua vida e que voltar a escutar a prĂ³pria voz lhe causou estranhamento, mas tambĂ©m foi gratificante.
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