Como bem sabemos, na guerra e no amor vale tudo, e “tudo” é uma palavra realmente ampla. Por isso, veremos aqui os 10 grupos mais estranhos de soldados incomuns a irem para o front, em especial quando não foram e mesmo assim salvaram milhares de vida. Por isso, sempre que pensar que soldado é um cara com um desejo suicida e um rifle na mão, pense de novo: existem todo tipo de estrategista quando a criatividade é usada para a guerra.
O Exército Fantasma
Como dissemos na introdução, não é preciso lutar para ser um soldado, e foi isso que o Ghost Army (Exército Fantasma) fez na Segunda Guerra Mundial, sem jamais disparar um único tiro. Com 1,100 “soldados”, que na verdade eram designers, ilustradores, atores, operadores de rádios e engenheiros de som, fotógrafos, pintores e outros tipos de artistas e especialistas inusitados, foram criadas táticas dignas de desenho animado, usadas para salvar o que se estima entre 15 e 30 mil vidas.
Entre as artimanhas estavam sons de explosões ou colisões misteriosas feitos com amplificadores de som, atores fingindo ser generais bêbados e passando informação falsa para espiões em pubs e até mesmo transmissões de rádios falsas – mas perfeitamente encenadas.
No total, 20 missões foram feitas pela equipe, mas talvez a mais impressionante tenha sido quando o “soldado” Arthur Shilstone levantou um tanque (inflável, por acaso) na frente de dois soldados franceses, que ficaram maravilhados. Para explicar, Shilstone foi realista: “americanos são muito fortes”. HUE HUE HUE, quer dizer, que ironia.
A Force
A “Força A” foi a inspiração para o Exército Fantasma, e foi um grupo criado pela inteligência britânica e comandada pelo super espião Dudley Clarke, que criou a unidade inicialmente de mentira – ele era o único membro – mas mais tarde acabou recrutando mais pessoas e tornando-se algo real.
Suas principais missões eram no Oriente e no norte africano, mas acabou ficando mais conhecido internacionalmente por uma vez em que foi preso vestido de mulher, em Madrid, e afirmou que “era um repórter do The Times fazendo um estudo sobre a reação de homens a mulheres”. Sei.
Os 13 Imundos
Serviram de inspiração para o filme Dirty Dozen (Doze Condenados, no título brasileiro), que é inspirado na história real de um grupo de desajustados (e não foras-da-lei ou criminosos, como no filme), e não respeitavam nenhum tipo de hierarquia ou disciplina de guerra. Na verdade, tinham barracas imundas (daí o nome, Filthy Thirteen), abandonavam seus postos para dar festas e roubavam jipes e trens, além do whiskey do coronel. Oficialmente, seu nome era 506º Regimento de Infantaria de Paraquedismo, ou 101ª Divisão Aeronáutica.
Durante a Segunda Guerra, explodiram uma ponte e invadiram o território inimigo antes de ataques, com missões que, ao melhor estilo Dirty Harry, eram as piores e dadas aos “piores” soldados. Por isso mesmo, eles eram dispensáveis e indispensáveis ao mesmo tempo – ao melhor estilo Expendables. É, como deu pra ver, você já conhecia a história deles, só não sabia que era real.
A 61ª
Quando pensamos em exércitos do século XVIII, uma das primeiras coisas que vem à mente são cavalarias, essenciais desde a Idade Média, mas nem tanto hoje em dia. No processo de transição entre animais e máquinas, entretanto, um elo perdido sobrevive até os dias de hoje: a 61ª Unidade da Cavalaria da Índia, que foi criada para a guerra contra o Paquistão, e hoje é usada em casos extremos pela Polícia. Voluntários se oferecem para a equipe com frequência, mas em torno de 1/3 deles é rejeitado por não conseguir cavalgar bem o suficiente. No tempo livre, a 61ª é usada para jogar Polo – bom, melhor do que bater em manifestantes.
Scout Lovats
Os “escoteiros de Lovat” eram um regimento composto por cavaleiros escoceses comandados por um lorde britânico, comandados por um major dos EUA e que foram enviados para uma guerra na África do Sul (a dos Bôeres). Foram unidos em 1900 por Joseph Fraser, o 14º Lorde Lovat, e usados também na Primeira Guerra Mundial. Já o comandante americano citado, Frederick Russell Burnham, foi quem mais tarde fundou os Escoteiros. Só que aí entra um detalhe cultural: o nome original, scouts, na verdade significa algo como “batedores” ou “caçadores de rapina”, como águias, só que em português a tradução virou “escoteiro”, que basicamente não significa nada. Brasil e suas traduções Herbert Richards.
Além da miscigenação cultural, o ponto forte do batalhão era outro: snipers. O grupo é responsável pela invenção das roupas Guillie (foto título) e usavam armas normais, e não rifles especializados, mas mesmo assim atiravam a distância de centenas de metros. Seu único instrumento de visão era uma lente de amplificação 20x, mas mesmo assim, eram tão precisos na observação de exércitos inimigos – a quilômetros – que criaram um ditado: “se um Lovat vê algo de um jeito, é daquele jeito que a coisa é”.
Na volta para casa, o Lorde britânico difundiu a ideia no exército inglês, responsável por introduzir o conceito de sniper em tropas modernas que existe até hoje, assim como o uso da roupa Guillie – e você poder usar uma AWP no Counter-Strike, coisa de n00b camper.
Jessie Scouts
Esse grupo irregular, com mais ou menos 60 soldados, lutou durante a Guerra Civil dos EUA, no território Confederado e em missões de rebelião, coletando informações independente do que estivesse acontecendo ao redor. Normalmente usavam uniformes de Confederados para se mesclarem, o que lhes dava o risco duplo de tanto serem pegos como espiões quanto alvejados pelos companheiros.
Os Ritchie Boys
Essa unidade militar especial dos EUA era composta majoritariamente por adolescentes judeus da Alemanha e Áustria, com milhares de membros voluntários – muitos deles, na verdade, eram apenas crianças quando desembarcaram nos EUA.
Seu treinamento, no Camp Ritchie, que deu nome à unidade, desconsiderou sua idade e fez dos garotos corajosos instrumentos de guerra: eles eram especializados em inteligência, e não combate, e invadiam as linhas inimigas, faziam interrogatórios e guerrilha psicológica. Seu maior atributo, provavelmente, era a compreensão da cultura alemã, algo essencial para derrotar a Alemanha na Segunda Guerra e que possibilitou que fossem espiões perfeitos, chegando a capturar e interrogar membros do alto escalão do exército nazista.
Os Saqueadores de Merrill
Os Merrill’s Marauders – ou 3407ª Unidade Composta Provisional – eram também chamados de Galahad, um cavaleiro da Távola Redonda. Seu líder, o Brigadeiro Frank Merrill, havia preparado o grupo para missões que ninguém mais queria e geralmente envolviam invasões atravessando selvas e linhas inimigas, com 6 equipes de 400 homens (voluntários) cada.
Seu treinamento foi na Índia e suas primeiras missões no Japão. Com o ataque à Myitkyina, quase todos ficaram doentes, foram infestados por bactérias, infecções, febre e disenteria. Mesmo assim, receberam reforços das tropas chinesas e conquistaram a cidade.
O Batalhão Mormón
O único baseado em religião na história dos EUA, esse grupo de mexicanos e americanos foram reunidos em 1846 para colonizar a Califórnia, e tinha membros com faixas etárias de 14 a 67 anos, além de mulheres e recém-nascidos. Ao todo, eram 600 pessoas que fizeram um viagem de 3,250 km de Council Bluffs, em Iowa, até San Diego, na Califórnia. Apesar de parecer moleza, o caminho não foi fácil, e contou com visitas a cidades saqueadas e destruídas, minas de ouro antes da época da corrida do ouro, cadáveres canibalizados e muito mais.
Scallywags
Quando o exército nazista dominava a Segunda Guerra e o território europeu, todos acreditavam que era apenas uma questão de tempo até a Inglaterra também cair, e com isso, planos sofisticados (ou nem tanto) foram elaborados – pra ser mais exato, uma guerrilha utilizando o sistema de esgoto e outros esconderijos urbanos.
O termo scallywagging que dá nome ao grupo se refere à missões de espionagem durante a noite. Eram ultra-secretos e os integrantes não sabiam praticamente nada acerca um do outro, para evitarem ser interrogados, e entre os soldados havia dentistas, padres e outros guerrilheiros inesperados, no mínimo.
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