Curiosidades

Os mariscos tiveram um papel vital na jornada humana para fora da África

0

Arqueologia e ciência sempre andam juntas para descobrir nossas reais origens, como o mundo era antigamente, como era sua vegetação, como, porque e quando as espécies tiveram seu fim, entre outras coisas. E parece que sempre que se julga saber “com certeza” alguma coisa, uma nova descoberta surge e muda tudo. E mostram curiosidades que nem ao menos foram pensadas.

Durante toda a nossa história no mundo, o ser humano fez suas migrações de um lugar para o outro. A primeira perna de uma migração gigante conhecida como “dispersão do sul” foi quando os humanos saíram da África e foram viajando para a Arábia. Essa foi a onda mais recente na grande migração dos nossos ancestrais para fora da África.

Novas descobertas desse período estão traçando caminhos inesperados que desafiam os pensamentos tidos com relação a essa saga. Isso faz com que os pesquisadores repensem todo esse capítulo da pré-história.

Trajetória

Mas informações suficientes mostram que a dispersão do sul foi uma coisa que aconteceu e que os ambientes, tanto da África quanto da Arábia, não facilitaram as coisas para os humanos que estavam nesse percurso.

O período data de entre 65 e 55 mil anos atrás. Nessa época, a região era marcada pela sua aridez severa. E isso faria com que a vegetação fosse escassa e como resultado teriam grandes mamíferos terrestres para que os caçadores caçassem.

Justamente isso traz uma questão sobre o que esses viajantes comeram nessa dispersão do sul quando atravessaram o mar vermelho. De acordo com o que alguns pensam, a fonte de alimento era o mar. O oceano os dava o alimento vital em um momento em que a terra não podia.

Mas a veracidade dessa hipótese tem sido debatida pelos pesquisadores, já que não existem muitas evidências firmes disso. Principalmente porque os lugares costeiros dessa época estão atualmente submersos por conta do aumento do nível do mar.

“Pouco se sabe sobre quão substanciais foram os recursos alimentares marinhos passados ​​e, por sua vez, quão viável era a subsistência costeira”, escreveu uma equipe de pesquisa, liderada pelo arqueólogo costeiro Niklas Hausmann, da Universidade de York.

“É vital entender sua utilidade e seus limites para uma interpretação diferenciada da subsistência humana passada. E, por sua vez, a mobilidade de longo prazo dos padrões de migração humana”, continuaram.

Estudo

Em um novo estudo, Hausmann e sua equipe analisaram restos de conchas de mais de 15 mil espécimes de Conomurex fasciatusque é uma espécie de caracol marinho que vive no mar vermelho.

Esses restos foram tirados de um aglomerado de aterros sanitários nas ilhas Farasan, na Arábia Saudita. Eles datam de cerca de seta a cinco mil anos atrás. O que os faz bem mais recentes do que os restos de moluscos consumidos há 70 a 50 mil anos. Mas há aproximadamente oito mil anos, a região do mar vermelho tinha uma aridez parecida com a que foi observada durante a dispersão do sul. Isso faz com que os depósitos sejam um análogo justo para a região da época.

O que os pesquisadores estavam procurando eram variações significativas no tamanho da concha entre os milhares de restos de moluscos. Porque isso mostraria que a colheita humana desses animais estava afetando a população. E principalmente, a sua abundância e uso como recurso para uma alimentação sustentável.

Se essas evidência pudessem ser vistas nos gastrópodes de sete a cinco mil anosa trás, isso poderia desacreditar que as pessoas, durante a dispersão do sul, podiam confiar por muito mais tempo nesse alimento proveniente do mar vermelho.

Mariscos

Mas a equipe não encontrou esses sinais. O que reforça a ideia de que a população abundante de marisco conseguia alimentar os humanos de 70 mil anos atrás da mesma maneira que nos tempos atuais.

E mesmo com uma colheita bastante intensa o ano todo, durante grandes períodos, as populações de moluscos pareciam não ser afetadas pelos humanos que as consumiam.

“Nossos dados mostram que em um momento em que muitos outros recursos em terra eram escassos, as pessoas podiam confiar em seus moluscos disponíveis localmente”, explicou Hausmann.

“Estudos anteriores mostraram que as pessoas do sul do mar vermelho comem mariscos durante todo o ano e por períodos de milhares de anos. Agora também sabemos que esse recurso não foi esgotado por eles. Mas os mariscos continuaram a manter uma população saudável”, continuou.

Por mais que isso não possa ser uma prova concreta de que os humanos de se dispersaram da África comiam a mesma quantidade par  sobreviver em situações difíceis. Essa poderia ser a melhor evidência sugerindo que era exatamente isso que eles faziam.

“Podemos assumir que essas práticas poderiam ter sido empregadas sem dificuldade por humanos anatomicamente modernos. E que os moluscos provavelmente foram consumidos quando disponíveis”, explicaram os pesquisadores.

Novo filme da Disney será ambientado na América do Sul

Artigo anterior

Físicos inverteram o tempo usando um computador quântico

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido