Na Colômbia, pesquisadores capturaram em suas câmeras um pássaro extraordinariamente raro, dotado de ambas as identidades de gênero, ou seja, metade macho e metade fêmea. Essa ave exibe uma condição fascinante chamada ginandromorfismo.
O zoólogo Hamish Spencer, da Universidade de Otago, Nova Zelândia, compartilhou sua experiência ao testemunhar esse fenômeno notável ao lado do ornitólogo amador John Murillo.
Spencer destacou a raridade desse evento na vida de observadores de pássaros, ressaltando que o ginandromorfismo bilateral é extremamente escasso em aves, desconhecido até na Nova Zelândia.
Ele enfatizou a importância desses espécimes na compreensão da determinação sexual e do comportamento reprodutivo das aves.
A anomalia surge de um erro durante a divisão celular feminina, resultando na produção de um óvulo seguido por dupla fecundação por dois espermatozoides.
Este fenômeno é mais frequentemente observado em espécies com forte dimorfismo sexual, como insetos, especialmente borboletas, crustáceos, aranhas, lagartos e roedores.
O exemplar colombiano, metade macho, com sua plumagem azul, e metade fêmea, com a outra metade verde, representando ambos os sexos, é apenas o segundo ginandromorfo descrito na literatura científica, sendo o primeiro documentado há mais de um século, conforme destaca o jornal DailyMail.
Sobre o ginandromorfismo
A condição do ginandromorfismo é biológica e extremamente rara, influenciando não apenas na exibição do corpo, mas também no organismo e no sistema do animal.
Essa ocorrência resulta de anomalias durante o desenvolvimento embrionário, geralmente associadas a erros na divisão celular durante a formação dos órgãos sexuais.
Ele possui algumas características específicas que permitem identificar essa condição e estudá-la melhor.
Por exemplo, os animais obrigatoriamente terão a bilateralidade. Essa é a divisão sexual claramente visível em ambos os lados do corpo do organismo. Ela pode envolver fatores como coloração, plumagem, genitália e outros traços sexuais secundários.
Além disso, o ginandromorfismo surge desde o embrião, de modo que o animal nascerá com isso, e não se transformará na vida adulta. Ou seja, ele permanecerá metade macho, metade fêmea, até o final.
Trata-se de uma ocorrência extremamente rara na natureza, sendo mais frequentemente observada em insetos, mas também documentada em aves, como aconteceu na Colômbia.
Por conta disso, os pesquisadores sabem pouco sobre a influência da condição em outras espécies, especialmente voadoras.
Influência na reprodução
Quanto à influência na expectativa de vida e à reprodução, essas questões podem variar amplamente, dependendo da espécie e das condições específicas do organismo.
Em muitos casos, o ginandromorfismo pode afetar a capacidade reprodutiva, uma vez que a presença de células sexuais distintas pode resultar em problemas na formação de gametas ou na fertilização.
Além disso, a aceitação por parte dos companheiros de acasalamento e a adaptação às demandas específicas do ambiente também podem influenciar a sobrevivência do ginandromorfo.
Não há uma regra única para todas as espécies, e a biologia e o comportamento específicos do organismo em questão desempenham papéis cruciais nessas dinâmicas.
Para os pássaros, que dependem da exibição de suas plumagens e da conquista do melhor parceiro, pode ser difícil encontrar uma opção. Além disso, os pesquisadores não sabem como ocorre a influência sobre a escolha do gênero.
Afinal, animais metade macho e metade fêmea podem ter uma predominância biológica de cada um, optando pelo parceiro oposto para se reproduzir.
Além disso, não existem informações divulgadas sobre taxas de sobrevivência e expectativa de vida. Nesse caso, o caminho a percorrer ainda é longo, para entender como animais com ginandromorfismo se comportam e qual o verdadeiro impacto dessa seleção biológica rara nos grupos naturais.
Imagens: Globo, Museu Nacional
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