Um dispositivo instalado no norte do Chile, designado para explorar exoplanetas, revelou com sucesso a velocidade do vento em Júpiter.
Esse instrumento faz parte do Observatório Europeu do Sul (ESO) e demonstrou nossa capacidade de analisar atmosferas distantes diretamente da Terra.
O ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanets and Stable Spectroscopic Observations) é um espectrógrafo montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO, projetado para detectar exoplanetas ou planetas fora do nosso Sistema Solar. A finalidade é investigar corpos celestes e detectar alterações na luz estelar que possam sugerir a presença de um exoplaneta.
Como descobriram o vento de Júpiter
A pesquisa sobre o vento de Júpiter empregou a técnica conhecida como velocimetria Doppler, aplicada à luz solar refletida pelas nuvens do maior planeta do nosso Sistema Solar.
Essa análise ocorreu ao longo de cinco horas em julho de 2019, quando a equipe do telescópio VLT direcionou o instrumento para a região equatorial de Júpiter, onde as nuvens alcançam altitudes mais elevadas, são mais escuras e mais quentes.
Ao medir a alteração no comprimento de onda da luz refletida pelo planeta em comparação com o telescópio na Terra, os pesquisadores conseguiram calcular a velocidade das nuvens e dos ventos lá, conforme explicado pelo Phys.org.
Resultados
O ESPRESSO alcançou êxito ao mensurar os padrões de vento em Júpiter, revelando uma gama fascinante de informações. Os ventos nesse gigante gasoso variam impressionantemente, oscilando entre 60 e 428 km/h.
Além disso, a pesquisa revelou detalhes intrigantes sobre a composição atmosférica de Júpiter, especialmente na região das nuvens.
Descobriu-se que essas nuvens são compostas por amoníaco, hidrossulfureto de amônio e água. Essas substâncias desempenham um papel crucial na formação das distintas faixas vermelhas e brancas que observamos do nosso ponto de vista distante.
Outro aspecto do estudo é a identificação das nuvens superiores, situadas em uma zona de pressão de 0,6 a 0,9 bar, predominantemente formadas por gelo de amônia.
Assim, as nuvens exercem uma influência significativa na dinâmica atmosférica de Júpiter, contribuindo para a compreensão mais profunda dos fenômenos atmosféricos desse imponente planeta.
Impacto
As descobertas não apenas lançam luz sobre os mistérios atmosféricos de Júpiter, mas também ressaltam a capacidade tecnológica atual de observar e analisar planetas situados a anos-luz de distância diretamente de nosso próprio quintal. É um testemunho impressionante da instrumentação astronômica contemporânea.
O impacto dessas pesquisas vai além de nosso Sistema Solar, conforme apontado pelo Space.com.
A mesma técnica utilizada pelo ESPRESSO pode ser aplicada para explorar e compreender vários fenômenos no vasto universo. Por exemplo, estudar a dinâmica atmosférica em planetas como Saturno torna-se uma possibilidade atrativa.
Afinal, abre novas perspectivas para a exploração cósmica e o entendimento mais profundo dos mecanismos que regem os corpos celestes que pontuam o firmamento.
Além disso, vale falar sobre outras importância. Ao decifrar os padrões de vento e a composição atmosférica de Júpiter, os cientistas ganham insights valiosos sobre os processos planetários fundamentais.
Essa compreensão não apenas enriquece nosso conhecimento sobre a formação e evolução de planetas gasosos gigantes, mas também contribui para modelos mais precisos e abrangentes de sistemas planetários em geral.
Enquanto isso, estudar a atmosfera de planetas distantes, como Júpiter, nos oferece uma visão mais profunda do universo em si.
Muito além de planetas locais, também aprimora nossa capacidade de identificar ambientes propícios à vida em exoplanetas. Ou seja, locais fora do universo que vivemos.
Com a crescente busca por vida extraterrestre, compreender as complexidades atmosféricas de diferentes mundos é essencial para avaliar a habitabilidade potencial além da Terra.
Por isso, esse é um primeiro passo importante no cenário astronômico, e vale se atentar para os desdobramentos de pesquisa.
Fonte: Olhar Digital
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